Mortos, sim – surdos, nunca!

Na mesma semana em que um norte-americano matou, a tiro, 59 pessoas, até ver… o Congresso preparava-se para aprovar uma lei para simplificar a venda de silenciadores.

Para que os tiros não incomodem tanto os atiradores.

A votação da lei foi adiada, mas está na calha.

Foi proposta pelo republicano Jeff Duncan e leva por título “Hearing Protection Act”.

Por outras palavras, é uma lei para proteger a audição dos atiradores.

Diz a patriota National Rifle Association que a aprovação daquela lei que permite a venda mais facilitada dos silenciadores, é “fundamental para reduzir a surdez parcial ou total dos sócios”.

O tal Jeff Duncan, que assina a lei, acrescenta: “pratico tiro desde criança, quando caçava pombos com o meu pai. Perdi parte da audição devido aos disparos. Com silenciadores teria protegido a minha saúde e a de milhões de americanos”.

O tipo que matou 59 pessoas, Stephen Paddock, devia ter a mesma opinião.

Ficou tão doido com os milhares de tiros que teve que dar para matar e ferir aquela gente toda, que acabou por se suicidar.

Se tivesse um silenciador, talvez pudesse ter morto mais gente e evitar o suicídio, que é sempre uma chatice.

Imagino como ficou a alcatifa da suite…

As eleições autárquicas explicadas pela onomástica

São os nomes que são importantes, não os Partidos.

Por razões óbvias, os Partidos são, por nomenclatura, partidos.

Os nomes, por outro lado, são inteiros. Completos. Totais.

O PCP perdeu Almada?

Claro! Como se chama o candidato comunista?

Chama-se Judas.

Não é a primeira vez que um Judas trai a sua religião…

Diz-se, também, que o grande derrotado é o Passos Coelho.

Mas nem todos os coelhos se lixaram com estas eleições.

Em Ourique, por exemplo, ganhou um Coelho do PS.

Qual o seu apelido completo?

Coelho Guerreiro!

Não Passos Coelho (ou coelho a passo), nem Leal Coelho (ou leal ao Coelho), mas um Coelho Guerreiro – um coelho como deve ser!

Mas há contradições, nestas eleições.

Que dizer quando verificamos que o presidente de Cuba se chama Casaca Português?

E que, em Mogadouro, ganhou um Guimarães, em Alcácer do Sal, um Proença, em Palmela, um Amora, em Melgaço, um Pombal, um Paredes, em Alijó, um Abrantes, em Carregal do Sal, um Moura, em Lamego, e em Condeixa-a-Nova, um Moita?

Que alguns políticos são lobos com vestes de cordeiro, todos sabemos.

Mesmo assim, em Proença-a-Nova, ganhou um Melo Lobo e, na Vidigueira, um Serrano Raposo.

Mas ninguém bate a onomástica alentejana. O Alandroal vai ser governado por um Aranha Grilo, Arraiolos, por um Tirapicos Pinto e Montemor-o-Novo por uma  Anjos Chegado Menino!

Os Grilos parecem ter invadido o Alentejo, nestas autárquicas.

Além do Aranha Grilo, do Alandroal, temos um Clemente Grilo, em Portel (como será um grilo clemente? perdoa mesmo quando é esmagado?).

No Redondo, ganhou um Recto. Um Recto no Redondo é sempre correcto. Sobretudo quando o apelido completo é Rega Matos Recto.

O PS conquistou muitas câmaras ao PCP no Alentejo. Mas, por vezes, precisou de ajuda. Por exemplo, em Viana do Alentejo, ganhou com a ajuda de um Bengalinha Pinto.

Em Vila Viçosa, pelo contrário, o PCP não cedeu e ganhou, com o seu candidato, de apelido Condenado…

Coitado!…

A importância da 3ª idade afirmou-se, nestas eleições.

Os velhotes gostam de votar.

Que o digam os eleitores de Aljezur, que elegeram o candidato do PS, Velhinho Amarelinho.

Já falei dos Coelhos.

Nem todos falharam, no entanto.

Em Faro, por exemplo, houve um Coelho que triunfou, embora tenha sido preciso uma coligação PPD/PSD-CDS/PP-PPM-MPT.

E, mesmo assim, o candidato vencedor não é carne nem peixe – chama-se Bacalhau Coelho!

De Aranhas, Grilos e Coelhos, estamos falados.

Mas temos outros animais nas autárquicas.

Tomem nota: um Robalo, do PSD, no Sabugal, uma Camelo, do PS, em Seia, um Chicharro, também do PS, na Nazaré, um Pombo, do PSD, em Arronches, um Leão, do PS, em Paços de Ferreira, um Cordeiro, do PNT, em S. João da Pesqueira.

No que respeita í  vontade que cada autarca tem para decidir em prol da sua comunidade, as coisas variam entre um Rijo, em Arruda dos Vinhos, e um Folgado, em Alenquer, ambos do PS.

Por vezes, a ajuda divina é essencial. Talvez tenha assim que, em Cascais, ganhou o candidato do PSD/CDS, Lavrador de Jesus e em Sesimbra, o comunista Firmino de Jesus.

Jovens bem comportadas parecem ter conseguido convencer o eleitorado em Castelo de Vide, onde o PSD ganhou com um Nobre Pita, e em Elvas, onde o PS ganhou com um Mocinha.

Os candidatos gostam de beijar os eleitores durante as campanhas? Claro, que o diga ílvaro Beijinha, que ganhou em Santiago do Cacém.

A contradição é patente no presidente de Ourém, que se chama Grossinho Coutinho. Como é que um grosso pode ser grossinho?…

Claro que poucos presidentes poderão gabar-se de terem um nome tão pomposo como a nóvel presidente de Almada, Inês de Saint-Maurice Esteves de Medeiros Victorino de Almeida, mas também poucos se aproximam da simplicidade do novo presidente do Montijo, também do PS, e que se chama, simplesmente, Nuno Canta.

Ei Nuno! Canta, homem!

Coerência terá o presidente da Câmara do Barreiro, eleito pelo PS, e que se chama Costa Rosa (não Laranja, nem Vermelha – mas Rosa!)

Mas é difícil ser tão coerente como o vencedor da Chamusca, o socialista Cegonho Queimado.

Mais difícil ainda: ser mais cínico que o vencedor de Oeiras que é Isaltino e Morais!

Ou há moralidade ou comem todos!

(nenhum destes nomes é inventado – confirmar aqui…)

De Tancos para Pyongyang?

Os factos, toda a gente conhece: desapareceram dos paióis de Tancos algumas armas.

Até agora, ninguém sabe se foram desaparecendo ao longo dos tempos, se desapareceram todas no mesmo dia, se nunca chegaram a fazer parte do inventário, quem as desviou, se eram obsoletas – nada!

Parece que há inquéritos a andar, investigações em curso.

Mas eis que, de repente, o Expresso descobre um relatório que arrasa o actual Ministro da Defesa e apresenta vários cenários possíveis, entre eles, o roubo das armas por mercenários portugueses com destino í  Guiné-Bissau e Cabo Verde (Cabo Verde?!… para quê?!…), ou ainda, para jihadistas.

O Presidente da República, que é o Comandante Supremo das Forças Armadas, desconhece o relatório; o Governo também parece não o conhecer.

Será uma “fake news”?…

Ontem, o actual director do Expresso, Pedro Santos Guerreiro, foi í  Sic garantir que o relatório existe mesmo – e até levava consigo um caderno de folhas A4.

Claro que não disse quem era o autor do relatório porque isso não interessa nada.

Disse, isso sim, que “armamento nuclear” andava por aí, sem ninguém saber onde.

Nuclear?

Ele disse armamento nuclear?

Disse.

Então mas agora Portugal também já é uma potência nuclear e guarda as suas armas nucleares em Tancos, í  mão de semear?!

Note-se que Pedro Santos Guerreiro é um jornalista premiado; ganhou o Prémio de Excelência em Jornalismo Económico, quando era director do Jornal Económico, prémio esse, de 30 mil euros, patrocinado pelo Banco Espírito Santo (dois anos depois, o Banco foi para o galheiro).

De armas é que parece que não percebe peva!

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O Serviço Nacional de Saúde da Nâmbia

Donald Trump elogiou o Serviço Nacional de Saúde da Nâmbia (ver aqui).

Por duas vezes.

Enalteceu o facto de os países africanos em redor terem sido dizimados pelo ébola, enquanto a Nâmbia se mantinha incólume, graças ao seu sistema de saúde, muito parecido com o que Trump imaginou para os States.

Claro que o facto de a Nâmbia não existir, é apenas um pormenor.

Trump poderia garantir que o sistema de saúde da Nâmbia é tão bom como o sistema prisional da Indofrígia ou como o sistema judicial da Maurinésia.

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O elogio do medíocre

O Expresso de hoje dedica duas páginas inteiras a Miguel Relvas.

Quem?!

Miguel Relvas, o tipo que inventou o Passos Coelho, que nos mostrou como as equivalências podiam valer licenciaturas, o exemplo acabado do chico-espertismo da política.

Que fez Relvas para merecer duas páginas do mais antigo semanário português?

Mistério.

Mas alguma coisa deve andar a tramar para voltar í  ribalta.

A entrevista, conduzida por í‚ngela Silva, leva por título: “Passos vai ser candidato a PM”, e Relvas é apresentado como “ex-ministro e ex-dirigente do PSD”.

Aí está a sua importância: a de ser ex-!

A entrevista não podia começar melhor: a primeira pergunta da í‚ngela é – “Boa-tarde, dr. Miguel Relvas. Que tal a sensação de poder, finalmente, ser tratado por dr.?”

Finalmente! O Relvas é doutor, porra!

Claro que o gajo responde í  altura: “nunca precisei da licenciatura para obter qualquer objectivo na vida”. Acredito, dr. Relvas! Quem precisa seja do que for quando se tem os amigos certos nos sítios certos? No entanto, não há dúvida que sempre gostou do título. Caramba, nunca o ouvimos dizer, por exemplo, “não me chame doutor que a minha licenciatura é uma treta!…”

O finalmente doutor confessa que estudou muito, sobretudo Direito Administrativo, que é uma cadeira “chata”, í  qual teve 13.

Depois de tecer algumas considerações sobre Marcelo, Passos Coelho, Rui Rio, Teresa Leal ao Coelho e Marco António Costa, Relvas faz o elogio de Paulo Portas e avança nomes para substituir Passos Coelho. Por outras palavras, prepara o terreno…

E o que faz o doutor Relvas?

É consultor na Roland Berger, trabalhando com fundos internacionais na área financeira, em empresas em Angola, Moçambique e Brasil.

E precisou da licenciatura para conseguir este lugar?

Claro que não.

Mas fazer parte do governo deu jeito…

Também não. Diz o doutor: “quando saí do governo tinha uns milhares de euros. Hoje, tenho uma situação completamente distinta. Agradeço muito a oportunidade de ter saído”.

Ora aí está uma afirmação digna de figurar na galeria das frases mais cínicas da história da política: um gajo que agradece ter saído do governo porque, desse modo, passou a ganhar mais dinheiro!

Chamamos-lhe o quê?… Cabrão?…

Não! Cabrão é um bebé que chora muito (https://www.priberam.pt/dlpo/cabr%C3%A3o) e Relvas não chora.

Mas mama!

Ah! se ele mama!

E o recém-doutor continua a avaliar os actuais políticos, incluindo Cristas e Costa, Marques Mendes e Santana Lopes, como se fosse um senador, uma espécie de político da velha guarda, reformado, que tem uma carreira longa e recheada de sucessos, que lhe permite ter um olhar privilegiado sobre Portugal.

Finalmente, a í‚ngela pergunta-lhe: “falta um projecto de media assumidamente de centro-direita?”

Confesso que fiquei perplexo com esta pergunta. Então o Expresso? Então o Sol? Então o Observador? Então o Eco? Então a SIC?… Então praticamente todos os órgãos de informação, escrita e digital?

Responde o doutor: “Penso que sim. (…) até o Observador caiu no politicamente correcto”.

í“ Relvas, tu não me digas que eu estou enganado e que o Observador, afinal, é de esquerda!

Hilariante, se não fosse trágico…

Nossa Senhora: demita-se!

“De um dia para o outro, o ambiente toldou-se – como se Nossa Senhora de Fátima, depois de ajudar o Governo durante um ano e meio, lhe houvesse voltado as costas.

De facto, a tragédia que se abateu sobre Pedrógão Grande e o roubo de material de guerra em Tancos parecem obra do demónio”

  • José António Saraiva, no semanário Sol, hoje

É assim que a Direita vê as coisas.

O sucesso do Governo da Geringonça durante um ano e meio, foi obra da Nossa Senhora de Fátima.

A tragédia de Pedrógão e o roubo de Tancos, são obra do demónio.

Portanto, pedir a demissão da ministra da Administração Interna e do ministro da Defesa parece-me ocioso.

Que se demita a Nossa Senhora de Fátima, carago!

Nem no ano em que o bonzinho Papa Francisco veio a Portugal, ela nos dá uma ajudinha?!

Ingrata!

Os 50 anos dos Cem Anos de Solidão

No passado dia 5 deste mês, fez 50 anos que foi publicado o livro mais famoso de Gabriel Garcia Marquez, Cem Anos de Solidão.

Quatro dias antes, tinham passado 50 anos sobre o lançamento do Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band, dos Beatles.

Estes dois aniversários estão ligados na medida em que Garcia Marquez, durante os quatro meses que esteve fechado em casa a escrever o romance, tinha sempre música a tocar, nomeadamente, dos Beatles.

Ambas as obras me marcaram muito e ao ler o texto que a Revista do Expresso publicou no passado sábado (O livro que ele não derrotou), ao recordar as peripécias que envolveram a escrita dos Cem Anos, quase que fiquei com vontade de reler o livro.

Garcia Marquez desempregou-se para escrever os Cem Anos e durante quatro meses fechou-se numa pequena sala na sua casa e escreveu. Mercedes, a sua mulher, tratava do resto, nomeadamente dos dois filhos, mas o dinheiro começou a escassear e foram obrigados a penhorar e depois vender o Opel, que era o orgulho do escritor. Em seguida, penhoraram as poucas jóias, a televisão e até o frigorífico, além de terem ficado a dever ao talhante, que lhes continuou a vender carne e até í  tabacaria, onde Marquez comprava os três maços de cigarros que devorava todos os dias.

Há muitos pormenores como estes que se tornaram lendários, assim como o livro, e alguns deles talvez tenham sido inventados e tornados realidade depois de terem sido contados tantas vezes.

No entanto, acho que não vou reler os Cem Anos de Solidão porque tenho receio de ficar desiludido.

—Li-o em Maio de 1978, com 25 anos, numa edição da Europa-América e todo aquele “realismo mágico”, como lhe chamam, me fascinou. Durante anos, se me perguntassem qual o melhor livro que tinha lido até então, diria, sem hesitação, Cem Anos de Solidão.

Passaram 40 anos e, entretanto, li milhares de livros e já não sou capaz de dizer qual é, para mim, o melhor livro que já li. Aliás, quanto mais livros leio, quanto mais música oiço, menos capaz sou de fazer listas de best of

É por isso que acho que li os Cem Anos de Solidão na altura certa e quero ficar com aquela boa recordação do livro, que uma nova leitura talvez estragasse.

Já agora, quanto ao outro cinquentenário, o do Sgt Pepper’s, continuo a preferir, de longe, o White Album e até o Abbey Road, embora perceba que o Sgt. Pepper’s tenha sido um marco.

Sabiam que, entre muitas outras inovações, foi a primeira vez que as letras das canções apareceram impressas na capa do disco?…

Benfica tira Portugal do Processo por Défice Excessivo

António Costa e Mário Centeno estiveram ontem no Estádio da Luz a assistir í  vitória do Benfica por 5-0 ao Guimarães e, assim, conquistar o Tetra-campeonato.

Aproveitaram a oportunidade para agradecer ao Benfica a saída de Portugal do Processo por Défice Excessivo, feito só conseguido graças í  conquista do 4º campeonato consecutivo e do 36º, no cí´mputo geral.

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A importância desta conquista foi confirmada por diversas entidades internacionais: o próprio Papa foi-se embora mais cedo para poder assistir, via Benfica TV, ao jogo decisivo; também Emanuel Macron adiou para hoje a tomada de posse como Presidente dos franceses para poder assistir ao jogo.

Escusado será dizer que a vitória de Salvador Sobral aconteceu graças, não só í  simplicidade da canção, mas sobretudo ao facto de toda a gente, dos sérvios aos gregos, estarem com os olhos postos em Portugal, quanto mais não fosse, por solidariedade para com Feija, Mitroglou e Samaris.

Com a ida ao Estádio da Luz, António Costa deve ter perdido os votos de muitos sportinguistas e portistas, mas como foi a Fátima e aguentou a missa papal toda, em pé, e ficou com os filhos do pateta do Tavares na sexta-feira, deve safar-se nas próximas eleições.

Agora vos digo: quem for ateu, do Sporting e só gostar de música erudita, hoje deve sentir-se muito infeliz ao ver os telejornais.

Pensando melhor, se é do Sporting, deve ser religioso e acreditar em milagres e, muito provavelmente, nem sabe o que é música erudita.

Compensações…

Um bispo muito pouco católico

D. Carlos Azevedo – aí está um bispo que tem ideias próprias.

Antes de continuar, gostaria de perguntar por que raio os bispos têm direito a Dom.

Então, D. Carlos Azevedo diz, por exemplo, isto:

—

 

 

 

 

 

 

Ora se Maria não vem do céu por aí abaixo, como raio apareceu ela em cima de uma oliveira, ali para os lados de Fátima?

Mas o bispo diz mais:

—

 

 

 

 

 

Se Nossa Senhora não aprendeu português para falar com Lúcia, como raio soube ela que o 3º segredo de Fátima era sobre o fim da União Soviética?

Foi por gestos?

Com bispos destes, a igreja católica não precisa de ateus!