Alucinações verdadeiras e falsas

A religião católica deu mais um passo no estudo das alucinações, estabelecendo um conjunto de regras que permite distinguir as verdadeiras das falsas.

Suponhamos, por exemplo, que eu tenho um surto místico e começo a ter visões.

Pode muito bem acontecer.

Como saberei eu se essas visões são verdadeiras ou falsas?

Simples – consulto o guia criado durante o papado de Paulo VI e agora, finalmente, tornado público por Ratzinger.

E esse guia diz, claramente, que, no caso de um de nós começar a ver a Virgem Maria ou outra qualquer divindade do universo católico (se virmos Maomé, não vale), devemos “manter o silêncio e não chamar a atenção de jornalistas ou outros fiéis”. Seremos, depois, submetidos a consultas de psiquiatria e psicologia, mas terão que ser escolhidos uns especialistas católicos e outros ateus, para haver isenção de opiniões.

Esses especialistas têm que confirmar que não sofremos de nenhuma patologia histérica (como, por exemplo, discutirmos o serviço público da RTP – certificar palavras de Passos Coelho, que disse que “não razão para histeria”, na discussão da eventual privatização da televisão pública).

Será avaliado o nosso nível de instrução e teremos que entregar a uma comissão diocesana os nossos computadores, para se verificar que não fizemos buscas sobre outras aparições, que queiramos copiar. Finalmente, será averiguado se não ganharemos alguma coisa, sob o ponto de vista económico, com o início de peregrinações ao local onde eventualmente tivemos as visões.

Se passarmos neste exigente teste, seremos ainda interrogados por exorcistas e especialistas em demónios (que profissão do caraças!).

Só depois, o bispo diocesano poderá tomar uma decisão, com a ajuda do Vaticano.

Garanto-vos: se algum dia vir a Nossa Senhora, não me vou meter num sarilho destes. Mando-a dar uma volta ao bilhar grande e sigo em frente, sem dizer nada a ninguém!

Safa!

2 thoughts on “Alucinações verdadeiras e falsas

  1. Verificar o nivel de instrução ? Estamos feitos depois da Santa da Ladeira, vamos ter o Apostolo Relvas com equivalências de folcloricas de Tomar

  2. Parabens,mais uma vez,Artur.
    Considero este texto muito útil(refiro-me é óbvio ao seu).
    Realmente é perigoso termos visões,quer falsas quer verdadeiras.

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