Roménia dos (ainda) mais pequenitos

Nunca foste à Roménia?

Nesse caso, deixo aqui uma boa oportunidade: apanhas o cacilheiro para Cacilhas, percorres a estrada que ladeia a Lisnave e, perto do Hospital Particular de Almada, viras à esquerda, na estrada de terra batida que leva até à ETAR, passando pelo parque das camionetas.

Quando avistares a ETAR – e antes de chegares ao pequeno “porto” de barcos de pesca, com o muro do Arsenal do Alfeite à tua frente – viras à direita e já está…

…estás na Roménia…

Várias famílias de romenos vivem aqui, neste baldio, em mini-barracas feitas com bocados de contraplacado e cartão e plásticos. Dentro de cada barraquinha, um colchão e cobertores.

Todas as manhãs, é vê-los percorrerem a Avenida do Movimento das Forças Armadas, que bordeja a Lisnave.

Vão para o trabalho.

Vão para Lisboa, onde estacionam em sítios estratégicos, para pedir umas moedas.

Vão em busca de colchões, roupas deitadas ao lixo, cobertores, desperdícios que, para eles, têm um valor incalculável.

Alguns levam (às costas) a canadiana que, depois, lhes permite fazer de conta que são coxos, a fim de pedirem uns trocos ao transeunte distraído.

A maior parte deles são jovens, mas há um ou outro velho, com aspecto de ter mais de 70 anos, verdadeiramente coxos.

E eu pergunto-me: o que faz que um tipo atravesse a Europa para vir dormir numa barraca mal enjorcada, junto ao Tejo, na Cova da Piedade, em Portugal?