Morrer no caminho

Mais um SAP que vai fechar durante a noite, em Vendas Novas .

A população protesta. Faz uma vigília à porta do Centro de Saúde.

Dizem que Montemor-o-Novo fica muito longe. “Vamos morrer no caminho!”, lamentam.

(Note-se que são cerca de 26 km de distância entre as duas localidades).

Preferiam morrer na sua terra, o que é natural… Sim, porque um venda-novense com um enfarto que vá ao SAP de Venda Nova tem muitas probabilidades de morrer ali mesmo…

Morrer no caminho… é este o destino dos portugueses…

5 thoughts on “Morrer no caminho

  1. Mas um SAP não é um serviço de urgência!
    Referiu o enfarte, esse terá que ir para o hospital.
    Mas, e aqueles pais que têm crianças (bébés) com 40º de febre, os velhotes que tenham crises associadas à idade. Têm que apanhar um taxi e fazer 50 km? Ou é assumido que toda a gente em Portugal tem meio de transporte próprio?
    A mim parece-me elementar que toda a gente tenha acesso aos cuidadaos primários, de noite ou de dia, a doença não escolhe horas.
    Eu pago há dezenas de anos uma baquelada para a Segurança Social, quando adoeço e preciso de ir ao médico de urgência, vou a um particular e pago do meu bolso. Mas há quem não possa pagar. Será que aquilo que descontamos todos não dá para olhar por essas pessoas.
    Falo de cuidados minimos, é só não abandonar as pessoas, nomeadamente na velhice, quando estão mais dependentes.

    1. Um bebé com 40 graus de febre, precisa de um ben-u-ron e de esperar para ver que mais sintomas vão aparecer; um velhote não tem “uma crise associada à idade às 0h 15 , já a tem há muito tempo. O Estado gasta milhões com uma coisa chamada Saúde 24, que aconselha as pessoas a tomar as atitudes correctas perante as situações de saúde. Nos grandes países (EUA, Canadá, etc), existem localidades a centenas de quilómetros do médico mais próximo. As nossas mães sempre nos trataram das constipações e das diarreias, sem termos que ir ao médico. Existem muito poucas situações que necessitem de um médico imediatamente. E as que existem, não são tratadas em SAP, capice?

      1. Caro Artur
        Sou forçado a estar de acordo consigo, há de facto uma espécie que denomino como “profissionais da doença”, há dias precisei de um simples atestado num centro de saude, e durante o tempo que lá estive à espera, ouvi longuissimas conversas onde o objectivo era, “a minha doença é pior que a tua”, penso também que é uma forma de as pessoas mais idosas terem com quem conversar, uma espécie de “terapia de convivência”.

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