Em nome de deus

O duplo atentado ocorrido ontem, em Oslo, surpreendeu-me tanto como a destruição das Twin Towers, em Nova Iorque.

Estive na Noruega no mês passado e encontrei um país belo e tranquilo.

Oslo é uma pequena cidade, com pouco mais de meio milhão de habitantes, à beira de um fiorde.

Estive lá num domingo e num dia feriado. Vi famílias inteiras a apanhar sol nos jardins públicos e a molhar os pés nas fontes. Vi muitos emigrantes, nomeadamente muçulmanos, passeando nas ruas, aparentemente bem integrados.

Elevado nível de vida, Estado social bem organizado, tranquilidade – um bom país para se viver.

Disseram-me que a Noruega abre as suas portas a emigrantes que peçam asilo político e que os subsidia, até que se integrem e arranjem emprego.

A extrema-direita não gostará desta política, certamente. E parece que foi um tipo pertencente a um grupo de fundamentalistas cristãos que matou mais de 80 jovens, numa ilha perto de Oslo.

A palavra ateu é muitas vezes usada como insulto.

Talvez seja preciso rever o significado da palavra “cristão”…

9 thoughts on “Em nome de deus

  1. Penso que o problema aqui está mais em ‘fundamentalista’, seja ele cristão, muçulmano, budista, hindu, ateu ou o raio que o parta (ao fundamentalista claro!).

    1. Isso parece-me um engano. Os “bons” cristãos, não precisavam de ser cristãos, bastar-lhes-ia ser bons. Aos maus cristãos não basta ser maus, ser cristãos (ou muçulmanos, ou seja o que for), é aquele extrazinho que os leva a fazer estas barbaridades, porque acreditam em algo maior, algo superior, algo que querem servir ou representar com grandes actos.

      Depois é isto… é sempre isto, sempre foi isto e isto, infelizmente, vai continuar a acontecer.

      1. Repara como a comunicação social escamoteia ou menospreza o facto deste gajo se intitular cristão e até usar a cruz dos cruzados como símbolo.

  2. Há bons cristão e maus cristãos, assim como há bons muçulmanos e maus muçulmano e o mesmo se aplica às outras religiões. O ser ‘bom’ ou ‘mau’ não depende da religião que cada um professa. Pode-se argumentar que as religiões podem em determinadas alturas ou circunstâncias incentivar os seus crentes a praticar determinados actos reprováveis ou até criminosos, ou que a interpretação de cada um da sua própria religião pode levar algumas pessoas a praticar esses actos, mas em qualquer dos casos a responsabilidade última é da pessoa. Este é um problema de moral e não de religião. É claro que a comunicação social explora todos os aspectos e quanto mais polémicos melhor – mais audiências – que é o que lhes interessa.

    O facto do indivíduo usar a cruz dos cruzados como símbolo só significa que a interpretação dele sobre o cristianismo (se é que a tem) é bastante deturpada e antiquada. Mas loucos destes sempre houve e infelizmente sempre haverá.

    Não estou aqui a escamotear os crimes cometidos em nome da cristandade (pelos cruzados ou outros), mas o facto é que em todas as religiões sempre houve momentos da história onde estas serviam de desculpa para tudo e mais alguma coisa. A religião é uma invenção humana, logo aquilo que se faz em seu nome é da responsabilidade dos próprios indivíduos.

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