House – 4ª série

—Mais uma série em declínio, com muita pena minha.

Má opção, a dos responsáveis da série, ao acabarem com a equipa de três médicos que apoiava House. A tensão entre os seus elementos era um dos atractivos da série.

Metade dos episódios desta 4ª série é passada numa espécie de concurso, graças ao qual House vai escolher os seus novos colaboradores – e a coisa roça o absurdo, uma vez que House e os candidatos ao lugar, fazem experiências com os doentes, como se fossem cobaias. E isto poderia ser interessante, se House fosse cáustico, amargo, misógino, como nas três séries anteriores. Em vez disso, House quase parece patético e adopta um tom de comédia, que não fica nada bem neste tipo de série.

A segunda parte da série quase se safa, mas depois, os dois últimos episódios são novamente tão inverosímeis, que até irrita.

Nas três séries anteriores, os casos clínicos tinham pouca importância. O que importava era o mau feitio de House e o modo como ele (não) se relacionava com a sua equipa, com o oncologista Wilson e com a directora do hospital. Nesta série, os casos clínicos não interessam mesmo nada – ou é sarcoidose, ou lupus, ou amiloidose ou outra coisa qualquer, e isso tem pouca importância, desde que se possa fazer uma ressonância ou espetar uma agulha no cérebro para fazer uma biópsia.

Espero que a 5ª série retome a dinâmica das três primeiras, caso contrário, acabou-se o House.

ER – 12ª série

—Se o ER sem o Dr. Greene já não era a mesma coisa, sem o Carter, ainda é menos.

Em desaceleração, em direcção ao fim da série (parece que acaba na 15ª época), este ER, ao querer competir com os seus congéneres, tipo Grey’s Anatomy, dá menos importância ao que se passa nas urgências do County e mais ao que se passa nas vidas privadas dos actuais heróis.

Nesta 12ª série, temos mais dois episódios fora do County, passados num campo de refugiados, em Darfour. Se, por um lado, para o público norte-americano, estes episódios podem ser um modo dar publicidade a uma situação de calamidade, por outro lado, os médicos americanos transformam-se em super-heróis muito bonzinhos, ajudando os pretinhos coitadinhos, o que me parece uma visão um bocado neo-imperialista da coisa.

Apesar disso, ainda há um ou outro episódio que se safa, sobretudo quando as urgências se enchem de vítimas de algum acidente e tudo começa a correr mal. Nesses episódios, o ritmo ainda é alucinante e os 40 minutos passam num instante.

“Lost” – 4ª série

—Confesso que perdi um pouco a pachorra com a 3ª série. A história andou muito enrolada, os argumentistas pareciam não saber muito bem o que fazer com as personagens que tinham e alguns episódios foram penosos.

Esta 4ª série, no entanto, prendeu-me novamente. O truque dos flash-forward, com a manutenção dos flash-back, transformou a história num puzzle curioso, sobretudo porque existem flash-forward que nos levam para datas diferentes.

Além disto, os três últimos episódios desta série dão um grande salto narrativo e seis sobreviventes do crash regressam, de facto, í  civilização. Restam duas séries para nos mostrar o que aconteceu aos que não regressaram, por que razão não regressaram – ou será que regressarão ainda? E, quanto aos “Oceanic 6”, o que lhes aconteceu entretanto?

Os extras do dvd contém duas peças fundamentais: um resumo das 3 séries anteriores (“Lost in 8:15 minuts”) e uma outra peça que junta todos os flash-forward, cronologicamente.

Prison Break – 3ª série

—Coitadinho do Michael Scofield que é tão bonzinho!… Uma senhora muito má, que trabalha para The Company, corta-lhe a cabeça í  namorada e Michael é incapaz de lhe dar um tiro.

E aí vai ele, estrada fora, algures no Panamá, em busca de vingança…

Mas, entretanto, ao longo de 12 episódios esteve a serrar presunto até conseguir fugir da inverosímil prisão de Sona.

Mais fraca que a segunda série, a anos-luz da fantástica primeira série, esta terceira época de Prison Break consegue, apesar disso, prender a nossa atenção e tem, ainda, alguns picos de suspense.

No entanto, os autores de Prison Break precisam de dar uma grande volta ao argumento para que a série consiga sobreviver mais 2 ou 3 épocas.

Quanto a Michael Scofield, sempre com aquele ar muito sério, olhando por baixo das sobrancelhas, já merecia que alguém o fizesse rir…

E onde é que Michael e Lincoln cortarão o cabelo?…

“The Shield” – 2ª série

—Mackey e Aceveda firmam um pacto de não agressão: o comandante daquela esquadra muito especial não chateia muito o detective corrupto e, em troca, este arranja-lhe umas detenções baris, que poderão ajudar o latino a ganhar as eleições.

Este arranjinho fica comprometido com uma auditora civil, que mete o nariz em tudo e que começa a desconfiar dos métodos do Strike Team. Além disso, também a detective Claudette começa a não achar muita graça aos métodos de Mackey e decide roer-lhe os calcanhares. Paralelamente, a mulher de Mackey quer mesmo o divórcio, um dos seus principais chibos é queimado vivo e uma prostituta junkie, que também lhe dava umas tips, leva um balázio na barriga e vai desta para melhor.

Vic Mackey só tem coisas que o ralem!…

A série é filmada com muito nervosismo. Uma simples conversa de três minutos, é filmada de três ângulos, com uma câmara hesitante, fazendo lembrar o método usado por Soderbergh, em “Traffic”, por exemplo. Os episódios são todos filmados a correr, tudo acontece muito depressa e é raro haver um diálogo que dure mais de três minutos. Mackey, por exemplo, está sempre a entrar e a sair de salas, a aproximar-se e a afastar-se da câmara, sempre nervoso, nunca nos olhando de frente.

Não é uma grande série, mas é bem esgalhada e tem a diferença de os heróis serem polícias assumidamente corruptos e nós nem nos importarmos muito com isso. Até porque “ladrão que rouba a ladrão…”

ER – séries 10 e 11

—Em Itália, uma Associação de médicos sugeriu que a televisão deixasse de transmitir as séries sobre médicos (ER, Scrubs, House e Grey’s Anatomy). Razão: ao verem as referidas séries, as pessoas são levadas a pensar que é fácil fazer uma traqueostomia com um canivete e uma caneta Bic, ou uma cesariana com uma tesoura da poda.

Penso que os médicos italianos são um pouco exagerados, mas percebo o seu ponto de vista. Os médicos do ER, por exemplo, são capazes dos malabarismos mais virtuosos – embora sejam incapazes de levar uma vida amorosa estável, por exemplo.

—Estas duas séries do ER, de 2002 a 2005, têm episódios que provocam algum bocejo porque os argumentistas cederam í  facilidade da telenovela: Kerry descobre a sua mãe biológica, o filho de Carter morre í  nascença, o Kovac não consegue manter a pila dentro das calças. É seca.

Tudo isto acontece em qualquer das outras séries. O que distingue o ER das restantes séries são os grandes acidentes com politraumatizados, os esfaqueados, os membros dos gangs cheios de balas.

E o ER ainda consegue ter alguns bons episódios, como o último da 11ª série, que deixa água na boca para a série seguinte, apesar do abandono do “velho” John Carter – o ER mudou muito com a “morte” do Dr. Greene; será que sobrevive í  saída de Carter?