24 – 4ª série: Jack Bauer rules!

24_4.jpgA série 24 é uma das melhores séries televisivas dos últimos anos. A 5ª série ganhou, este ano, o Emmy para melhor série dramática, Kieffer Sutherland ganhou o prémio para melhor actor e Cassar, para melhor realizador.

Esta 4ª série é vertiginosa: são 24 pequenos filmes de acção e suspense, um para cada hora do dia. E Jack Bauer faz com que James Bond pareça um menino de coro.

Ao longo de 24 horas, o Super-Bauer não dorme, não come, não bebe, não vai í  casa de banho, leva facadas, socos e pontapés, choques eléctricos e golpes de karaté, mas também dá muita porrada e mata que se farta, pior que o Sheltox (quem se lembra do Sheltox?).

Desta vez, a CTU tem que lidar com um super-terrorista, Marwan, que vai despertando sucessivas células adormecidas, começando por raptar o secretário da Defesa e acabando por enviar um míssil com uma ogiva nuclear, em direcção a Los Angeles. Sempre em acção, e sem contemplações, Bauer vai desmontando as várias células terroristas e, simultaneamente, ainda tem tempo para deixar morrer o ex-marido da actual namorada.

Claro que a série é um pouco reaccionária: os bons patriotas americanos contra os maus, mas também há americanos maus, que fazem o jogo dos terroristas, que se infiltram na CTU, e um vice-presidente incompetente e totó. Mas Super-Bauer, com a ajuda do Tony Almeida e do ex-presidente Palmer, dá cabo deles todos.

No fim, injustiça suprema, é acusado de ter assaltado o consulado chinês e vê-se obrigado a fazer o número da morte aparente e, depois, entrar na clandestinidade!

Jack Bauer é o maior!

ER – 6ª série (1999/2000)

er6.jpgDepois de ter sido esfaqueado por um doente psicótico, Carter fica dependente de analgésicos e, quando é descoberto, os colegas fazem-lhe um ultimato: ou vai para uma clínica de desintoxicação ou é despedido; o mesmo doente psicótico, mata Lucy Knight; o pai do Dr. Greene, depois de ir para a cama com a mãe da Dra. Corday com o entusiasmo de um adolescente, morre de cancro do pulmão em dois episódios; a enfermeira Hathaway começa a ceder aos avanços do Dr. Kovac mas, de repente, decide partir para Seattle, a fim de reencontrar-se com o Dr. Ross e deixa o médico croata a falar sozinho.

Tudo isto quer dizer que os argumentos do ER, nesta 6ª série, parecem dar muito mais importância aos imbróglios particulares das personagens do que aos casos médicos das urgências. E é pena, porque foi o realismo desses casos que nos têm prendido í  série. Num dos episódios, por exemplo, Benton prescreve Bisacodil a um doente e, devido aos gatafunhos da receita, a farmácia dá ao doente Bisoprolol; o homem toma um comprimido e faz um enfarte. É forçado. E isto não era costume nos argumentos do ER, habitualmente muito rigorosos e realistas.

“Lord of War”, de Andrew Niccol

senhordaguerra.jpgÉ um filme difícil de classificar. Todo o seu tom é jocoso, fazendo lembrar algumas coisas dos irmãos Coen (é impossível não nos lembrarmos de “Razing Arizona”, até porque o protagonista é o mesmo).

Partindo do princípio de que Niccol quis fazer uma sátira, aceita-se. Cage interpreta a personagem de Yuri Orlov, um ucraniano emigrado nos States, que não se satisfaz com a vida pequeno-burguesa dos pais e decide tornar-se traficante de armas.

Em pouco tempo, vemo-lo a vender armas a tudo o que é grupo insurrecto, do Líbano í  Libéria. Ao mesmo tempo, leva uma vida dupla, casando com uma modelo e proporcionando-lhe um elevado nível de vida.

Claro que, í  medida que vai subindo no negócio, Orlov começa a deparar-se com uma série de dilemas morais: ele fornece armas a exércitos que chacinam crianças. O seu relacionamento com o presidente da Libéria, por exemplo, parece uma rábula dos Monty Python. O pior é que, se calhar, aquilo não está muito longe da verdade. Tipos como Charles Taylor e outros ditadores africanos, só podem ser uma de duas coisas: psicopatas perigosos ou perigosos psicopatas.

No final, a velha Teoria da Conspiração vem ao de cima: claro que Orlov não pode ser preso pela Interpol. Como ele próprio diz ao agente que o persegue há anos: ao presidente dos EUA dá jeito que existam free-lancers como ele, que podem fornecer armas, sem que o presidente tenha que sujar as mãos.

“The Constant Gardener”, de Fernando Meirelles

fieljardineiro.jpgSerá que a indústria farmacêutica faz mesmo o que este filme denuncia?

A dúvida fica sempre no ar…

Não li o romance de John Le Carré, que serviu de base para o argumento do filme, mas pareceu-me que o realizador romanceou demasiado as coisas.

No centro do argumento está uma suspeita muito grave: a indústria farmacêutica, quando tem, entre mãos, um medicamento novo (um anti-tubercolostático, por exemplo), que poderá revolucionar o tratamento de determinada doença e fazer subir os lucros exponencialmente, não hesita em experimentar essa nova droga nas populações miseráveis de ífrica. Mesmo que alguns morram, com os efeitos secundários, não faz grande diferença, porque essas pessoas, de qualquer modo, já estavam condenadas, devido í s condições extremas em que vivem.

E se alguém decidir denunciar o esquema, o atropelo ético que é, saltar uma ou duas fases de ensaio da droga, passando logo para a administração indiscriminada, a indústria também não hesita em contratar alguém que acabe com esse estorvo.

É isto que este filme denuncia, mas a história acaba por ficar submersa na culpa de um funcionário da embaixada britânica no Quénia (Ralph Fiennes) – culpa por não dar a devida atenção í  sua jovem esposa (Rachel Weisz) e por pensar que ela o andava a enganar com um autóctone (que, afinal, até era gay), em vez de perceber que, o que ela estava a fazer, era tentar demonstrar que uma determinada empresa farmacêutica testava um novo medicamento na andrajosa população queniana, não se importando com os efeitos secundários, muitas vezes mortais.

As personagens pareceram-me pouco consistentes: nem Fiennes me convenceu, como funcionário de embaixada, sobretudo interessado na jardinagem e ligando pouco ao mundo que o rodeia e que, depois da morte da mulher, se transforma num quase detective; nem Rachel Weisz me convenceu como activista anti-globalização, com pais ricos, que decide desmontar a mentira da grande indústria.

No entanto, as paisagens de ífrica são lindas e o tema é perturbador…

E R – 5ª série (1998)

er_5.jpgComo médico, a série Emergency Room tem, para mim, um interesse acrescido; filmada ao ritmo de uma série de acção, isso não influencia a qualidade técnica das situações clínicas retratadas.

Para além de seguir os acontecimentos que vão marcando a vida pessoal de cada um dos principais personagens, vamo-nos entretendo a fazer diagnósticos.

Além disso, as situações apresentadas, mesmo as mais estranhas, são altamente credíveis, sobretudo porque passadas numa cidade violenta, como Chicago. Num dos episódios, por exemplo, dá entrada nas Urgências, um homem com uma faca espetada na cabeça. Também nós presenciámos um caso semelhante, há cerca de 30 anos, quando ainda fazíamos estágio, no Hospital de S. José: um homem com uma faca espetada numa órbita, mesmo ao lado do globo ocular.

ER documenta inúmeros casos clínicos curiosos, como o da criança negra, vítima de intoxicação com chumbo, porque se entretinha a arrancar lascas de tinta das paredes e a comê-las, sabendo-se que as casas antigas eram pintadas com tinta altamente rica em chumbo.

Muitas vezes, os casos clínicos levantam questões éticas, como o caso da criança com esclerose lateral amiotrófica, em estádio terminal. Doug Ross (George Clooney), acaba por ajudar a mãe da criança a administrar-lhe uma dose potencialmente fatal de analgésico, o que trás para a discussão a eutanásia. Aliás, este episódio serve de pretexto para Clooney abandonar a série, desaparecendo a personagem do pediatra que estava sempre a infringir as regras.

De sublinhar, também, a polivalência destes médicos de urgência, capazes de fazerem um parto, abrirem um tórax, colocarem um pace-maker, fazerem uma amputação, tudo sem hesitações. Claro que estamos perante uma série televisiva e as coisas nem sempre se passarão assim. No entanto, este facto faz pensar nas vantagens de ter médicos especialistas em emergências, coisa que não acontece em Portugal.

Sopranos – 4ª série

sopranos4.jpgA família Soprano continua a fazer-nos companhia aos serões, agora com a 4ª série, de 2002.

Esta série termina com a separação de Tony e Carmela, depois de ela ter descoberto que o marido andava enrolado com a ucraniana perneta. Pelo meio, Corrado livra-se da prisão, depois de o seu julgamento ter sido anulado, graças í s ameaças que os capangas fizeram a um dos jurados; Christopher passa três semanas numa clínica de desintoxicação, depois de, completamente pedrado, se ter sentado em cima do caniche de Adriana, asfixiando-o; Adriana começa a colaborar, timidamente, com o FBI; Tony passa-se da cabeça e mata Ralph, esquartejando-o em seguida; e mais, e mais…

Aparentemente livre dos ataques de pânico, Tony desiste da psicoterapia e começa a pensar em voos mais altos, iniciando jogos de bastidores para eliminar a concorrência de Nova Iorque. Parece que, por aquelas paragens, a corrupção de alguns autarcas também é corrente, e todos – mafiosos, autarcas e sindicatos – lucram com um enorme negócio de construção civil, em Newark.

Mas a 4ª série termina com Tony em baixo, novamente: aceita abandonar o lar, desiste da compra da casa da praia e quase que volta a telefonar í  Dra. Melfi, marcando nova consulta.

A qualidade da série mantém-se alta e a caracterização das personagens faz com que, í s tantas, um tipo até tenha pena do pobre Tony Soprano – o que ele sua para dar uma boa vida í  mulher e aos filhos, e como é incompreendido!

Sopranos – 3ª série

sopranos3.jpgQuando estava na eminência de ser obrigada a testemunhar contra o próprio filho, Lívia Soprano morre subitamente. Tony Soprano fica duplamente aliviado: por um lado, livra-se de complicações com a Justiça, por outro, livra-se da mãe, a grande culpada dos seus ataques de pânico.

A terceira série dos Sopranos (2001) começa com a morte da matriarca da família e termina com a morte de Jackie Júnior, filho de Aprile, o boss de New Jersey, que antecedeu a Tony. Só que esta morte já não foi coisa do destino, tendo tido uma ajudinha dos Sopranos, por interposta pessoa. Jackie andava a arrastar a asa a Meadow, mas meteu-se por maus caminhos: em vez de continuar a estudar, como Tony sempre o aconselhou, por vezes com a veemência dos punhos, decidiu armar-se em aprendiz de mafioso e saiu-se mal. Tony tem esperança que a morte do rapaz sirva de exemplo a A.J., que foi expulso do colégio, por copianço; talvez ele assim compreenda que a máfia já não serve para putos que passam a vida a jogar playstation e a comer pipocas.

Como castigo pelo mau comportamento de A.J., Tony decide interná-lo num colégio militar, mas os planos saem-lhe furados: o seu próprio filho também sofre de ataques de pânico!

Ao longo de mais estes 13 episódios, vamos acompanhando o percurso desta família peculiar, que tenta separar os assuntos domésticos de qualquer família nuclear das actividades mais escabrosas desenvolvidas por Tony. Ele, que se esforça tanto para dar o melhor aos seus (uma boa casa, televisão, dvd’s, carros!), í  custa do suor do seu rosto (e do sangue dos outros…), e os filhos, que só lhe arranjam coisas que o ralem!

Destaque para o episódio em que Christopher Moltissanti e Paulie, depois de tentarem, em vão, despachar um russo, se perdem numa floresta gelada e quase morrem de frio e de fome.

“Six Feet Under” – 3ª série

sixfeet3.jpgOra aqui está uma excelente série da HBO e, talvez, uma das mais bizarras, curiosas e interessantes.

Quem se lembraria de nos contar a história de uma família que explora uma agência funerária?

Lembrou-se um tal Alan Ball que, não satisfeito com a singularidade da ideia, decidiu criar uma galeria de personagens notável: o pai e fundador da agência, já falecido, mas que aparece, por vezes, sempre muito divertido, dando conselhos aos filhos; a mãe, Ruth, uma aparente puritana, ávida de amor, mas com os afectos ligeiramente descoordenados (to say the least); Nate, o filho mais velho, que acabou por ficar a dirigir a agência, por morte do pai, mas tem coisas suficientes que o ralem, nomeadamente, um romance muito conturbado com a Brenda, que tem um irmão com psicose maníaco-depressiva e dois pais psicanalistas e completamente doidos, sendo que Nate acaba por engravidar a Lisa, que mais tarde se suicida; David, o filho mais novo, homossexual assumido, que vive maritalmente com um ex-polícia, mas ambos precisam de um conselheiro matrimonial porque as coisas não correm bem; Claire, a filha acabada de sair da adolescência, completamente fucked up mas que, se calhar, é a que tem as ideias mais “normais” – e mais uma série de figuras ímpares, todas elas especiais.

Nesta terceira série, entra em cena Arthur, um estagiário funerário (se assim se pode chamar), obsessivo e estranhíssimo.

Six Feet é uma daquelas séries que vicia, pelo menos, até esta 3ª série, já que li algures que, as séries subsequentes não terão tido tanto sucesso. Espero para ver.

Chico em DVD

chico_dvd.jpgO novo disco do Chico surge ao mesmo tempo que esta colecção de 6 dvd, realizados para a tv brasileira.

A carreira de Chico é passada em revista, ao longo de mais de 6 horas, que se vêem com agrado, emoção e com uma lágrima verdadeira ao canto do olho.

Esta lágrima foi bem tenaz quando, a propósito de “Tanto Mar”, vemos imagens do primeiro 1º de Maio, em Lisboa, 1974, com toda aquela multidão enchendo as ruas e as varandas, gritando “o povo unido jamais será vencido”.

E quem disser que não se emociona ao recordar esses tempos, das duas uma: ou não os viveu, de facto, ou é fascista. E, neste ponto, não admito meias tintas!

No primeiro disco, intitulado “Meu caro amigo”, filmado no Rio de Janeiro, Chico fala-nos das diversas parcerias que foi fazendo ao longo dos anos, mas sobretudo, nos gloriosos anos 70. Temos o privilégio de ver gravações, em razoável estado de conservação, de encontros memoráveis de Chico com Caetano, Tom Jobim, Edu Lobo, Milton Nascimento, Djavan e muitos outros. E “ouvemos” (como diria o Zé Duarte), grandes canções, como “Valsinha”, “Falando de amor”, “Meu caro amigo”, etc.

O segundo disco, “í€ flor da pele”, foi filmado em Paris. Um Chico Buarque muito clássico, de sobretudo e chapéu, fala-nos das canções que compí´s no feminino. E ouvemos “Tatuagem”, “Esse cara” e “Fantasia”, com Caetano, “O que será”, com Milton Nascimento, “Com açúcar, com afecto”, com Nara Leão, “Feijoada completa”, “Teresinha”, “Mulheres de Atenas” e “Olhos nos olhos”, com Francis Hime, e muitas outras canções inesquecíveis.

O terceiro disco foi gravado em Roma, onde Chico esteve exilado durante algum tempo, durante a ditadura dos militares. Chama-se “Vai passar” e reúne algumas das canções mais “políticas” do compositor: “Tanto mar”, “Vai passar”, “Vai levando” e “Cálice”, entre outras.

O quarto filme chama-se “Anos dourados”, foi filmado no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro e é um depoimento de Chico sobre Tom Jobim e a grande cumplicidade que existiu entre eles. Destaque para “Olha Maria”, “Chega de saudade”, “Lígia” e muitas outras canções, algumas delas gravadas em casa de Jobim, com familiares e amigos participando.

“Estação derradeira” é o quinto filme e, certamente, o menos interessante. Todo ele é dedicado í  Mangueira e pretende mostrar que Chico está bem ancorado numa tradição do samba carioca.

O último filme, “Bastidores”, fala-nos da música que Chico compí´s para o teatro: “Roda Viva”, “Calabar”, “Gota de água” e, claro, “A í“pera do malandro”.

Ao longo de toda esta semana, deliciámo-nos com estes seis filmes e recordámos os bons velhos tempos em que a música popular brasileira conseguiu, sem grande dificuldade, destronar o pop-rock anglo-americano, nas nossas preferências musicais. Foi um período curto, talvez entre 1973 e 1980, mas foi um tempo muito rico em boas canções, que toda a gente sabia cantar.

Obrigado Chico, por todos estes serões, em que recordei os meus 30 anos.


Sopranos – 2ª série

sopranos2.jpgA 2ª série de Sopranos, datada de 2000, continua e aprofunda o grande êxito que foi a estreia desta saga televisiva da HBO.

A série começa com Tony Soprano (James Gandolfini) a actuar pela calada, sabendo que está a ser vigiado. Pussy (Vincent Pastore) reaparece, dizendo que esteve na Costa Rica, a tratar as suas lombalgias, mas nós sabemos que ele está a colaborar com o FBI, para apanhar Tony.

O stress é muito e Tony desmaia ao volante. Precisa, novamente, da ajuda da Dra. Melfi (Lorraine Bracco).

Tony visita Nápoles e percebe as diferenças entre a Mafia original e a nova-iorquina. De Itália, vem Furio (Feredico Castelluccio), para ajudar aos negócios sujos de Soprano. E, da cadeia, vem Richie Aprile (David Proval), que pretende fazer frente a Tony, recuperando alguns dos negócios que perdeu, enquanto esteve “dentro”.

Furio adapta-se bem ao seu novo habitat e, por momentos, toma o lugar de Christopher, que anda com a mania que vai ser um grande argumentista de cinema. Furio sabe usar bem o taco de baseball, quando se trata de sacar massa aos devedores.

Entretanto, Tony organiza o “executive game”, onde participa, por exemplo, Frank Sinatra Jr. E onde os capangas de Tony depenam um pato, dono de uma loja de desporto e que, com o dinheiro que perde no poker, fica refém dos mafiosos.

Carmela Soprano (Edie Falco) acaba por utilizar os mesmos métodos do marido, para que a filha, Meadow (Jamie-Lynn Sigler) consiga entrar na Universidade preferida. Pressiona uma advogada para que escreva uma carta de recomendação e, embora não lhe fazendo “uma proposta que ela não poderia recusar”, anda lá perto.

Quanto a Christopher, vê os seus sonhos de Hollywood desfeitos, devido í  sua impulsividade, esmurrando um colega da classe de representação, só porque lhe dá na gana. E acaba baleado por dois aspirantes a mafiosos que, vendo que a sua carreira não medra, decidem abatê-lo para ganhar fama no meio.

Richie Aprile parece ter descoberto a melhor maneira de enfrentar Tony, começando a namorar com a irmã, Janice (Aida Turturro). Para o irritar ainda mais, a mãe de Tony, Livia, vai viver com Richie e Janice. Livia é uma pessoa abjecta. Por momentos, temos pena de Tony e até compreendemos como é que ele se tornou num mafioso. Com uma mãe daquelas, qualquer um de nós seria sociopata.

O jogo duplo de Pussy não o impede, entretanto, de participar, com Tony, na execução de um dos rapazes que disparou sobre Christopher. O problema é que alguém reconhece Tony, quando ele está a arrastar o corpo. Por momentos, Tony fica aflito: a acusação de assassínio poderia pí´r fim í  sua promissora carreira. No entanto, quando a testemunha se apercebe quem é Tony Soprano, tem um ataque súbito de amnésia. Conveniente.

A Dra. Melfi lida cada vez pior com as sessões de psicoterapia com Tony, e começa a meter-se na vodka. Janice e Richie preparam o casamento – até já têm casa. Mas os negócios de Richie correm mal, porque Tony o detesta e o despreza. Corrado (Vincent Pastore), tio de Tony, joga com um pau de dois bicos: por um lado, incita Richie a enfrentar Tony, por outro, diz a Tony que Richie o quer destronar.

Janice acicata Richie: tu é que devias ser o chefe. Richie dá-lhe um soco e ela dá-lhe dois tiros. Sem o saber, Janice fez um grande favor a Tony. O que vale é que Tony, tudo resolve: com a ajuda de Chistropher e de Furio, levam o corpo para a fábrica de salsichas e cortam-no aos bocadinhos. Janice parte para Seattle e Tony respira de alívio.

No último episódio, Tony, na ressaca de uma gastroenterite que lhe provoca vómitos e diarreia de arrasar, sonha – um sonho provocado pela febre, um sonho onde estão todos os seus capangas. E, de repente, nesse sonho, Pussy desaparece. Tony acorda do sonho com a convicção de que Pussy é um delator. Junta os tipos do costume: Paulie e Sal, vai buscar Pussy e vão todos dar um passeio de barco, do qual, Pussy já não voltará.

A última cena da 2ª série de Sopranos é a cerimónia de graduação de Meadow. Na plateia, sorridentes, o pai, a mãe e o irmão – uma família orgulhosa pelo primeiro dos seus membros que consegue acabar o liceu.

Descrevi, sinteticamente, o argumento dos 13 episódios, para mostrar a riqueza da trama desta série. Para além das histórias que se vão cruzando, a série tem o mérito de nos mostrar como agem todos estes personagens: um clã de sociopatas que passam ao acto com muita facilidade, que roubam, ameaçam, destroem e matam, com a maior das facilidades e sem aparentes complexos de culpa.

Claro que são pessoas em situações limite mas, com as devidas distâncias, todas estas personagens me fazem lembrar pessoas que eu conheço.