“O Bom Mal”, de Samanta Schweblin (2024)

Samantha Schweblin nasceu em Buenos Aires em 1978 e é considerada uma das melhores escritoras das últimas datas da América Latina.

Este pequeno livro de seis contos é perturbador. São histórias estranhas que a pequena explicação que a autora nos dá, no final do livro, não ajuda muito.

A última história, por exemplo, intitulada “O Superior faz uma visita”, fala-nos numa mulher que visita a sua mãe num Lar e que, por um acaso, acaba por ajudar uma outra residente do Lar a abandoná-lo. Leva-a para casa e, pouco depois, surge o filho dessa mulher, que, armado, lhe rouba dinheiro e joias, depois de uma tarde inteira de terror.

Sobre mais esta história perturbadora, a autora diz o seguinte: “conheci o homem (deste conto) numa longa estada em Barcelona. Apesar de nunca nos entendermos, com ele aprendi por fim a levantar pesos sem que me doa a lombar. Parece uma coisa de somenos, mas ficar-lhe-ei sempre grata”.

Está bem…

“Sete Casas Vazias”, de Samanta Schweblin (2015)

Nascida em Buenos Aires, em 1978, Samanta Schweblin é considerada uma das melhores escritoras em língua espanhola, das gerações mais jovens e dizem ser seguidora do realismo mágico de Julio Cortazar.

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Não há dúvida que Samanta S. escreve muito bem e que as suas histórias têm uma mistura de realismo com alguma loucura.

Na melhor destas sete histórias, Lola, uma velha que quer morrer, mas não consegue, vai juntando roupas e objectos pessoais em caixas, que guarda na garagem, ao mesmo tempo que alimenta uma guerra surda contra o marido e desconfia da nova vizinha do lado e do seu filho.

Noutra história, um recém-divorciado visita os dois filhos, que vivem com a ex-mulher e o seu novo companheiro; leva, nessa visita, os seus pais que, por razões que desconhecemos, andam aos pulos no quintal, todos nus.

Na última história, a narradora é uma criança que, nesse dia, faz 8 anos; a sua irmã, de 3 anos, bebe lixívia e os pais, aflitos, pegam nas duas filhas, metem-se no carro e seguem para o hospital. Como o trânsito está entupido, o pai pede í  mais velha que tire as cuecas, que são brancas, e ele vai acenando com elas, para assinalar a emergência.

Histórias curiosas e uma escrita que nos prende.