“Blink” (2005), de Malcolm Gladwell

Malcolm Gladwell é um jornalista nascido no Canadá, em 1963, e que vive em Nova Iorque, pertencendo à redacção da New Yorker desde 1996.

Autor de quatro livros, foi considerado pela Time, em 2005, uma das 100 pessoas mais influentes.

Este “Blink” é um livro sobre as decisões que tomamos num piscar de olhos, “o pensamento que não é pensado”, as decisões “instintivas”, mas que, no fundo, são baseadas na enorme base de dados que é (ou devia ser…) o nosso inconsciente.

Socorrendo-se de inúmeras experiências realizadas por diversos autores, Gladwell fala-nos das diversas variáveis que podem influenciar as nossas decisões.

Talvez a mais surpreendente seja a que é relacionada com o sexo ou a cor da pele, ou ainda, de um modo mais generalista, com a aparência geral da pessoa.

Cita, por exemplo, o Implicit Association Test, inventado por um grupo de psicólogos de Harvard e que pode ser consultado e experimentado aqui – www.implicit.harvard.edu.

Gladwell conta como as orquestras sinfónicas norte-americanas só tinham cerca de 5% de mulheres instrumentistas e como, nas audições, os homens eram quase sempre preferidos às mulheres. Quando, há cerca de 25 anos, alguém se lembrou de colocar os candidatos atrás de biombos, as mulheres passaram a ser mais vezes escolhidas e, hoje em dia, já representam 50% dos membros de qualquer orquestra – mesmo em instrumentos como a tuba que, até há alguns anos, só tinha homens a soprarem nela…

Mostra que a nossa capacidade de decisão instantânea é muito alterada com o aumento da complexidade da escolha e comprova-o com o popular teste da Pepsi e da Coca-Cola. Quando temos que escolher entre dois copos, acertamos um número razoável de vezes; mas basta colocar três copos, dois com Pepsi e um com Coca, ou vice-versa, para o número de erros ser muito maior.

Em resumo, Gladwell acaba por nos dizer que, quando temos que decidir sobre um coisa simples, devemos sempre considerar os prós e os contras, estudar bem a situação e só depois, decidir. No entanto, quando temos que tomar uma decisão verdadeiramente importante, mais vale confiar nos nossos instintos, no nosso inconsciente.

Ao fim ao cabo, concorda com Freud e cita-o: «quando tomo uma decisão pouco importante, penso que é sempre vantajoso considerar todos os prós e contras. Porém, em questões vitais, como a escolha de um parceiro ou parceira, ou de uma profissão, a decisão deve vir do inconsciente, de algures de dentro de nós. Penso que nas decisões importantes da nossa vida pessoal devíamos reger-nos pelas necessidades interiores profundas da nossa natureza».