Centeno: foi grande, agora é pequeno?

Conhecem aquela anedota idiota (como todas as anedotas), do homem que, após uma performance sexual atlética, não consegue dar a terceira e que, por esse fracasso, é apelidado de mariquinhas?

É o que se passa com o ex-ministro das Finanças Mário Centeno.

O homem pegou no país, com um défice assinalável, deu a volta às finanças, conseguiu o primeiro superavit da democracia e agora, cinco anos depois, provavelmente cansado e farto disto tudo, decide sair – e logo é apelidado de fraquinho, cobarde, mariquinhas.

Enormes especialistas que sempre o criticaram por ser o rei das cativações, acusam-no, agora, de se ir embora quando mais era necessário.

Não se percebe: afinal, o homem era muito bom, mesmo quando cativava milhões?

Muitos estão zangados com Centeno porque, dizem, ele o que quer, é ir para o Banco de Portugal. E acham mal porquê? Porque o homem não é competente para chefiar aquilo? Porque há mais dois ou três candidatos tão bons, ou melhores, do que ele?

Parece que nunca houve um ministro das Finanças tão popular como Centeno. Se alguém perguntar ao Manuel da mercearia ou à Dona Isabel, do cabeleireiro, como se chamava o ministro das Finanças do Passos Coelho, aposto que nenhum deles sabe responder – mas conhecem, de certeza, Mário Centeno.

Ora, os inimigos do governo do Costa, deviam estar contentes com a saída deste ministro tão popular, mas não, parecem estar todos muito zangados, parece que gostariam todos que Centeno continuasse no seu lugar.

Longe vão os tempos em que o eminente Passos Coelho se riu, em plena Assembleia da República, da prestação de Centeno, na altura, um iniciado na política, demonstrando um evidente nervosismo.

Passados pouco mais de quatro anos, todos elogiam a actuação de Centeno, excepto dois ou três especialistas, como um tal Gomes Ferreira, especialista, também, em incêndios e em muitas outras matérias.

Estes são os tais que nunca são responsabilizados por coisa nenhuma, uma vez que por nunca coisa nenhuma são responsáveis.

Centeno foi grande e agora é pequeno?

Não – Centeno limitou-se a fazer o que nunca foi feito.

O Ronaldo das Finanças, uma ova!

O ex-ministro das Finanças alemão, aquele simpático senhor com um nome que soa a Xôble, terá dito que o nosso ministro das Finanças, Mário Centeno, era o Ronaldo das Finanças.

Os jornalistas exultaram.

Tudo o que tenha a ver com o Ronaldo é motivo de Orgulho Nacional, com maiúsculas.

Desde a D. Assunção, do CDS, ao bisavô Jerónimo, passando pelo Costa Concórdia, pela menina Catarina, pelo loquaz Marcelo ou pelos diversos líderes do PSD – todos acham que o Ronaldo é o símbolo da pátria, o exemplo a seguir, o testemunho de Portugal no mundo.

Já no que respeita ao Centeno, a coisa não é tão consensual.

O Xôble pode achar que o tipo é o Ronaldo das Finanças, mas a D. Assunção acha que ele não é nada de especial, tem um corte de cabelo que já não se usa e devia ter usado aparelho nos dentes quando era adolescente; o bisavô Jerónimo pensa que ele, o que quer, é perpetuar uma moeda única que não vale nada e que devia ser substituída pelo rublo, essa sim, uma moeda patriótica e de esquerda; a menina Catarina continua a dizer que podemos renegociar a dívida e pagá-la, por exemplo, em tampas de plástico, caricas e outros produtos reutilizáveis; os diversos líderes do PSD detestam todos o Centeno, mas ainda se detestam mais uns aos outros, pelo que não sabemos ao certo qual é a posição do Partido.

Em resumo, se o Centeno não é eleito chefe do EuroFin, o Costa não tem outro remédio senão transferir o Ministério das Finanças para o Porto, como vai fazer com o Infarmed!

Benfica tira Portugal do Processo por Défice Excessivo

António Costa e Mário Centeno estiveram ontem no Estádio da Luz a assistir à vitória do Benfica por 5-0 ao Guimarães e, assim, conquistar o Tetra-campeonato.

Aproveitaram a oportunidade para agradecer ao Benfica a saída de Portugal do Processo por Défice Excessivo, feito só conseguido graças à conquista do 4º campeonato consecutivo e do 36º, no cômputo geral.

A importância desta conquista foi confirmada por diversas entidades internacionais: o próprio Papa foi-se embora mais cedo para poder assistir, via Benfica TV, ao jogo decisivo; também Emanuel Macron adiou para hoje a tomada de posse como Presidente dos franceses para poder assistir ao jogo.

Escusado será dizer que a vitória de Salvador Sobral aconteceu graças, não só à simplicidade da canção, mas sobretudo ao facto de toda a gente, dos sérvios aos gregos, estarem com os olhos postos em Portugal, quanto mais não fosse, por solidariedade para com Feija, Mitroglou e Samaris.

Com a ida ao Estádio da Luz, António Costa deve ter perdido os votos de muitos sportinguistas e portistas, mas como foi a Fátima e aguentou a missa papal toda, em pé, e ficou com os filhos do pateta do Tavares na sexta-feira, deve safar-se nas próximas eleições.

Agora vos digo: quem for ateu, do Sporting e só gostar de música erudita, hoje deve sentir-se muito infeliz ao ver os telejornais.

Pensando melhor, se é do Sporting, deve ser religioso e acreditar em milagres e, muito provavelmente, nem sabe o que é música erudita.

Compensações…

Tia Teodora

O Conselho Superior de Finanças Públicas discorda do Plano de Estabilidade do governo.

A presidente ou directora do Conselho, aquela senhora que parece uma daquelas velhotas que vende peúgas à porta dos Mercados Municipais, alertou para os perigos do Plano, para a inconsistência dos números, para o irrealismo das projecções.

Pelos vistos, Centeno não é credível e Costa é um lírico.

Em resumo: estamos tramados – as contas estão todas erradas, vamo-nos afundar, a dívida vai aumentar e, no final da legislatura, estaremos a pedir um novo resgate.

E parece que o Costa deu alguma coisa a beber ao Marcelo, porque ele anda todo contente a apanhar morangos no Alentejo e a comer presunto na Ovibeja, como se tudo estivesse a correr de feição.

Teodora – tens que ser mais sonora!

Fala mais alto, grita, se necessário.

Ou então, reforma-te (já deves ter idade para isso…)

teodora cardoso

 PS – E se o Centeno estiver certo?…