“Os Crimes dos Viúvos Negros”, de Isaac Asimov (1971)

Isaac Asimov (1920-1992) é sobretudo conhecido pelas suas obras de ficção científica. No entanto, também escreveu algumas novelas e pequenas histórias que se podem enquadrar na chamada literatura policial.

“Os Crimes dos Viúvos Negros” reúne uma dúzia de pequenas histórias publicadas no Ellery Queen’s Mystery Magazine, muito ao jeito dos mistérios de Connan Doyle ou Agatha Christie.

O esquema é sempre o mesmo: um grupo de homens reúne-se uma vez por mês, à volta de uma refeição. Rejeitando a presença de mulheres, têm sempre um convidado que lhes propõe um mistério. Segue-se uma espécie de interrogatório e, no final, é o mordomo, Henry, que deslinda a história.

Confesso que o livro me desiludiu. As histórias são demasiado rebuscadas e os diálogos são fastidiosos.

Prefiro o Asimov dos robots.

Ray Bradbury – morreu o autor de Fahrenheit 451

No passado dia 5, morreu Ray Bradbury. Tinha 91 anos e foi um dos mais influentes autores de ficção científica.

Ficou famoso, sobretudo, por Fahrenheit 451, novela publicada no ano em que eu nasci, 1953.

Muito antes de ler o livro, li a adaptação cinematográfica que François Truffaut fez de Fahrenheit 451. O filme foi estreado em Portugal em dezembro de 1967 e já não me lembro se o vi no Estúdio 444 ou no Quarteto.

Lembro-me, no entanto, que o filme me impressionou, não só pela  Julie Christie, que impressionava muito boa gente nos anos 60, mas sobretudo pela história: uma sociedade onde os livros são proibidos; quem é apanhado com livros é severamente castigado e os livros são destruídos por uma brigada especial de bombeiros, que os queimam à temperatura de 451 graus Fahenheit. Por isso, os defensores dos livros decidem decorar as grandes obras; cada militante é um livro. Encontram-se clandestinamente para recordarem, uns aos outros, as grandes obras, que assim se manterão, através da tradição oral.

E não terá sido através da tradição oral que as grandes obras nasceram?

Bradbury foi ainda autor de muitas short stories de ficção científica, muitas delas adaptadas ao cinema ou à televisão.

De Bradbury, para além de Fahrenheit 451, li ainda Muito Depois da Meia-Noite (Long After Midnight, 1974) e A Última Cidade de Marte (I Sing The Body Electric, 1948-1969), duas colectâneas de contos publicadas na colecção Argonauta, da qual fui fã na década de 80, e também o romance A Morte é um Acto Solitário (Death is a Lonely Business, 1985).

Entretanto, afastei-me da ficção científica e acho que já não tenho muita pachorra para esse estilo de histórias; ou então, escasseiam autores como Bradbury, Asimov, Philip K. Dick ou Robert Heinlein.