Avaliação dos professores – nova proposta

A ministra da Educação faz mal em não dar ouvidos aos professores. Ela é teimosa e não está a perceber que, deste modo, o PS está a perder votos.

Ontem, mais uma vez, milhares de professores alugaram autocarros e, à boa maneira das manifestações de apoio ao Estado Novo (as chamadas manifestações espontâneas, largamanente organizadas) ou, melhor, à boa maneira das manifestações organizadas pelo PCP durante o PREC – lá vieram eles, avenida acima, contra o processo de avaliação proposto (imposto?) pelo ministério.

E a ministra devia olhar para aqueles cartazes e escutar aqueles cânticos, para saber com quem está a lidar.

Um dos cartazes dizia: “Não à Escola da bandalheira, para acabar com tanta asneira”.

É bonito.

Um grupo de professoras com excesso de peso, subia a avenida de braço dado e escandia:

“Piu, piu, piu – a ministra já caiu!”

Educativo.

Com tanta originalidade, a ministra bem podia nomear alguns destes crâneos para a ajudar a elaborar um novo processo de avaliação.

A minha proposta é a que segue:

INQUÉRITO DE AUTO-AVALIAÇÃO AOS PROFESSORES

1. Escreva o seu nome completo (não é permitido copiar pelo BI)

2. Pensa que as suas actividades pedagógicas têm contribuído para um ensino mais digno, justo e assim?

A) Sim  B) Não  C) Não sabe/Não responde

Penso que com este método de avaliação, todos os professores ficavam satisfeitos, a progressão na carreira continuaria tranquilamente, a ministra deixaria de ter chatices e acabavam-se com as manifestações, o Sócrates dormia mais descansado e o PS ganhava mais uns votos.

À vossa consideração…

26 thoughts on “Avaliação dos professores – nova proposta

  1. Sr. Doutor.

    Quando decidir fazer ironia bacoca tomando por alvo os professores, tenha ao menos a gentileza de escrever em português escorreito. Na língua portuguesa, a palavra que denota a «caixa óssea que contém e protege o encéfalo» grafa-se deste modo: “crânio”.

    Com os melhores cumprimentos.

    António Ferreira

  2. … eu discordo em pleno. Penso até que todos os professores, dados os seus horários carregadíssimos semanais, deveriam poder reformar-se, com reforma completa, aos 55 anos de idade, derivado também da sua estafa e do desgaste rápido dos seus neurónios transmissores de informação processadíssima, os quais formam os Portugueses, claramente distintos culturalmente no seio da UE e até mesmo do mundo. As avaliações são instrumentos claramente fascistas e que querem simplesmente fechar os caminhos à progressão de uma carreira, que, deveria progridir, não pela qualidade das aulas e resultados dos alunos, mas pelo aumento todos os anos de salários numa base, digamos de… 15% para sermos minimamente justos. Portanto não interessam os resultados, sua mensuração e avaliação e o impacto dos seus desempenhos nos alvos das suas acções (entenda-se alunos e sua aprendizagem) mas sim uma progressão vertical financeiramente, numa carreira estática, com o céu como limite. Pergunto… de onde acharão, estes senhores letrados, que vem a “guita”, sim porque eu sou da margem sul e nós no deserto falamos assim… deserto disse um ministro…mas há desertos em PT? Bem não me parecia, mas devo ser mais um caso de excepção que teve lacunas na aprendizagem. Mas dizia, de onde pensarão nobres intelectos regentes de cátedras juvenis que re resulta o financiamente de sua mui hábil profissão. Se eu sou um dos seus financiadores, EU NÃO QUERO PAGAR-LHES MAIS! Se querem aumentar os seus rendimentos, façam o que a grande parte dos Portugueses e outros povos fazem que é aumentar o tempo produtivo e se trabalham 25 horas semanais ou 30 ou 40 façam como eu trabalhem 7 dia por semana e aumentem para 9h, a sua jorna e vão ver que os seus rendimentos duplicam ou mesmo triplicam. Isto é o verdadeiro sigificado de trabalho igual salário igual. Tenho dito e gosto muito dos professores, até porque hoje em dia eles estão espalhados por todas as famílias… falem baixinho não vão estar eles a escutar-me…

  3. Caro Professor Ferreira:
    As minhas mais humildes desculpas; o erro deriva de ter estudado anatomia pelo manual francês, Rouviére – é por isso que cometo o erro capital de escrever crâneo com “e”. Ainda bem que não tenho que ser avaliado como professor!

  4. “Não à escola da bandalheira, para acabar com tanta asneira”
    Entenda-se, a escola da bandalheira é a da Sra ministra Maria de Lurdes.
    Pois é, antes dela é que era bom! Mas seria mesmo?
    Será que o nivel degradadíssimo de conhecimentos que observamos nos nossos filhos, aqueles que não puderam frequentar escolas particulares, é resultado de algo anterior, quando os professores não tinham de se preocupar com a qualidade do ensino, quando estava tudo bem, não havia mega-manifestações, os professores podiam tranquilamente reformar-se aos 50 anos, que isto do ensino é uma profissão de desgaste.

  5. Depois de ler tão inspiradas opiniões e de verificar que algumas análises são meras observações superficiais, vindas de quem desconhece do que está a falar, não posso deixar de lançar aqui alguns pontos para reflexão:

    1º Não será interessante que a sociedade portuguesa em geral avaliar as políticas e reformas educativas dos últimos 30 anos? Nada acontece por acaso; e a sociedade de hoje é o resultado das políticas do passado. E a cópia de políticas fracassadas em outros países, sempre com o intuito de poupar investimento público na educação, não podia dar bom resultado.

    2º Convém não esquecer que as escolas são neste momento o local onde desaguam todos os problemas de que enferma a nossa sociedade. Na mesma turma, podemos encontrar alunos provenientes de famílias estruturadas e com condições para ter sucesso, juntos com alunos oriundos de famílias com graves carências de vária ordem e outros que foram abandonados ou retirados às famílias, sem quaisquer referências afectivas e comportamentais. E agora os professores que se desenrasquem e que arranjem maneira de todos serem alunos com sucesso?

    3º Na vida, todos somos avaliados diariamente. Na profissão, exigem-nos resultados. Mas é preciso termos sempre presente que os resultados dependem da matéria prima e dos meios disponíveis para a processar. E eu não compreendo como se avalia, no imediato, a capacidade de um professor mudar o comportamento de um aluno. As mudanças de comportamento são por vezes lentas e acontecem fruto de muita persistência e paciência. Este trabalho não se avalia com grelhas de registo de observações.

    4º Termino com as seguintes considerações:
    Faço parte de uma geração que não tem medo de ser avaliada. Sempre fui avaliadao durante a vida: havia exames na 4ª classe, no 2º ano, no 5º e 7º ano, no ano propedêutico e em todas as disciplinas no Ensino Superior. Há alguns anos, defendi uma tese de mestrado, perante um júri de 3 professores Doutores. Quando a avaliação é feita por alguém de reconhecido mérito, ninguém tem nada a recear. Mas quando os critérios são discutíveis, de validade duvidosa e impossíveis de aplicar de forma equitativa a um conjunto alargado de pessoas, então tudo se transforma numa lotaria, onde uns, com mais sorte, são excelentes, outros são muito bons, outros (a maioria) são bons e poucos regulares. Há depois aqueles que apesar de excelentes ou muito bons, têm que baixar para Muito Bom ou Bom, porque não há lugar para todos nessa categoria. Com que critérios e com que justiça?

    Finalizo com um desabafo:
    – Eu também já fui aluno e acredito que a maioria dos professores sempre se preocupou com o sucesso dos seus alunos. E entristece-me ver pessoas adultas a pronunciarem-se de forma leviana sobre aquilo que não conhecem. Só espero que não pronunciem tais opiniões junto dos jovens estudantes. Com o acesso que eles têm à informação nada têm a ganhar ao lerem certas opiniões sem qualquer fundamento.
    Quero também dizer a todas as pessoas que os professores são pagos pelo seu trabalho. Não são pagos por A, B, ou C. São pagos, como qualquer profissional, por um serviço que prestam à sociedade. Todos somos interdependentes.
    Eu compreendo que a situação é difícil para todos. Para os que se sentem muito mal, partam pratos, façam desporto, meditação, ou o que quizerem para aliviar a pressão. Mas deixem os professores em paz, porque eles já têm problemas suficientes para resolver e vamos todos usar a razão e dar o nosso contributo para fazer um país melhor para nós e para os nossos filhos e netos.

  6. Ora aqui está um comentário com pés e cabeça mas que, infelizmente, falha o alvo. Claro que os professores hão-de ter alguma razão ao contestarem esta avaliação – o problema é que a mensagem que passa “cá para fora” é que não estão interessados em qualquer avaliação. Tanto assim é que até já desistiram de participar na comissão paritária, onde as propostas alternativas deveriam ser apresentadas.
    Além disso, a única pessoa que surge como porta-voz dos prof. é aquele Sr. Nogueira, do sindicato e eu ainda não o ouvi apresentar nenhuma alternativa.
    Quanto a manifestar opiniões junto da malta nova, basta ver o que aconteceu hoje, no Norte, em que a ministra da Educação foi recebida por estudantes com uma chuva de ovos. Os estudantes limitam-se a seguir o exemplo dos profs.

  7. Será que seguem o exemplo dos profs, meu caro Sr. Artur? Não ouvi dizer que os professores tenham andado a atirar ovos a quem quer que seja no último Sábado! O que se ouve com frequência são as agressões dos alunos e pais dos alunos aos professores. E acredite que o meu comentário não pretendeu atingir ninguém. Mas volto a reforçar e que o problema é bem mais grave do que parece. E faço um apelo a todas as pessoas para ouvirem e analisarem ambas as partes. porque efectivamente há propostas alternativas. A comunicação social é que, infelizmente, mostra apenas o que faz audiências…

  8. Deixei passar os dois excelentes comentários da Dona Gisela, só para vermos a que nível chega a discussão sobre uma questão tão elevada como a Educação, nos vários sentidos da palavra…
    António Correia: se há propostas alternativas por que razão abandonaram a comissão paritária? Quanto aos ovos: se os alunos vêem os seus professores, numa manif, a cantar “voa, voa, ministra voa!” e coisas do género…

  9. Estou de acordo com tudo o que o Carlos Santos escreve. Meritocracia, em frente! Aliás, como médico, já estou a ser avaliado assim desde 1998, com o chamado Projecto Alfa (Maria de Belém), Regime Remuneratório Experimental e, agora, Unidade de Saúde Familiar. Os médicos das USF são avaliados e remunerados consoante o cumprimento de uma série de indicadores de saúde (grávidas, crianças, hipertensos, diabéticos, etc, seguidos segundo critérios estabelecidos e aceites por todos).

  10. Muito bom o post, diz tudo em relação à existente progressão na carreira baseada no “porque sim” e na experiência (em ensinar bem? ou nem por isso…)

    Ponham os professores a trabalhar e a ensinar e não a marcar presença nas salas sabendo que independentemente da sua prestação vão subir na carreira…

    Alguém que ponha ordem nisto, até me arrepio com o tipo de professores que ainda hoje existe… e as imagens na manifestação foram bem lucidas!

    Enfim, tristes figuras…

  11. Na quarta-feira passada tinha uma convocatória para uma reunião de departamento, entre outros um dos pontos da ordem de trabalhos estava relacionado com a avaliacao e definicao de objectivos, tive esperança de obter finalmente um esclarecimento, qualquer coisa como: quais os indicadores da escola onde tenho um contrato temporário, onde/como/quando devo entregar os objectivos individuais e se eu também devo entregar, uma vez que estou quase no final do contrato. Mas, nada disso aconteceu e no final da reuniao um colega aproveitou para agitar a plateia e questionar quem estava a favor e quem estava contra um determinado documento – que eu, leiga em materia de leis, não entendi muito bem se é para protestar ou agir contra a lei… se votava contra, estaria a discordar com um processo que apesar de ter aspectos dos quais eu tenho algum receio, tal como, ser avaliada por colegas e receio que nem todos sejam eticamente correctos, pois sei que a dinâmica da escola nem sempre é um bom exemplo de cooperação, aceitação etc. e isto não é culpa da ministra, mas dos colegas! Por outro lado se votava contra, numa escola em que todos votam a favor estaria a assinar a minha própria sentença de “exclusão”… ou qualquer coisas do género.” Fui à boleia” e vim para a casa a pensar: “eu vou para a escola para ser professora e não para fazer politica!”
    Apenas queria deixar uma série de questões para reflexão:
    1. Como é que só agora os sindicatos se lembram de protestar em força?
    2. de onde veio o dinheiro para 700 autocarros que transportaram os professores a Lisboa?
    3. Porque é que o ano anterior os nossos colegas dos quadros não protestaram “tanto” e deixaram que os contratados fossem avaliados pelo novo sistema que eles consideram “injusto”?
    4. Porque é que as famosas folhas para suspensão são todas iguais em todas as escolas? e porque não sugerem outras formas de avaliar?

  12. “à boa maneira das manifestações de apoio ao Estado Novo (as chamadas manifestações espontâneas, largamanente organizadas) ou, melhor, à boa maneira das manifestações organizadas pelo PCP durante o PREC”

    o vómito feito post ou a boçalidade como modo de vida.

    bem-haja

  13. não fiquei minimamente pertubado com este comentário jucoso…. pois de certeza que é igual à ministra e aos seus subditos….só me apetece dizer: de facto neste país há muitos “letrados”, isto é, pessoas que só têm letra… ou o rei na barriga… já agora para o sr Artur (desculpe, Sr. Dr. Artur, médico, como se intitulou… ) também não me importava nada de receber o que certamente recebe ao fim do mês…. digamos que não é bem o que um professor recebe…. claro…. outras responsabilidades…. outros objectivos ( congressos e sinpósios no estrangeiro, … até parece que não tenho um delegado de informação médica na família….) enfim!! Meu Deus… tantos patriotas … tanta gente qualificada… tanta gente com o dom da palavra… sim senhor, assim é que o país vai para a frente…

  14. No meio destas manifestações só falta a célebre frase do Contra Informação:

    “O Alentejo ainda há-de ser nosso!”

    Vão mas é trabalhar e dignifiquem-se a vocês próprios.

    Todas as profissões têm os seus riscos e, infelizmente, os tempos mudaram. Os professores que se adaptem, como fazem todos os outros.

    Enfim… com estas soluções alternativas só temos duas soluções no futuro:

    – o comunismo dos sindicatos (esses grandes trabalhadores deste país)

    ou

    – ensino de fraquíssima qualidade (ah pois é, porque nem todo o “stor” tem vocação para a profissão e cada vez são mais dessa natureza)

  15. O comentário de LCunha diz bem do clima que se deve viver nas escolas.
    Quanto a JMRelvas, deve ser um súbdito do comunista mais famoso da Europa: o sr. Nogueira, da Fenprof. Que país tão triste!…

  16. Apetece-me perguntar-lhe: que avaliação faria de um médico que receita a quem tem uma DPOC o fantástico medicamento codipront? Como médico deve saber quais os efeitos da codeína!!!! Apetece-me metê-lo na ORDEM!!! Isto não dá chumbo ou retenção, como agora se diz, dá morte.

  17. Sr. Tavares: é por isso que deve haver avaliação em todas as áreas; é por isso que, no caso dos médicos, os ganhos em saúde devem fazer parte da avaliação como, nos professores, os resultados do alunos devem fazer parte da avaliação. No meu caso, estou descansado porque há 10 anos que faço parte de uma equipa de médicos que VOLUNTARIAMENTE decidiu aderir a um sistema, no qual, o vencimento depende do desempenho. Deve ser disso que os profs têm medo…

  18. Eu como professora, sei que também há colegas que não têm “medo” da avaliação… porque trabalham, muito… mas mesmo muito! Mas, eu acho que cada um de nós é que escolhe a profissão, às vezes não há grande escolha… às vezes nem sempre se pode fazer o que se deseja, mas é preciso entender que há coisas para as quais se deve ter “vocação” ou “devoção”. No meu caso, não sei ate que ponto tenho vocação, mas gosto de ser docente, gosto de dar aulas e considero que às vezes isto é um pouco uma missão. Eu poderia desistir do ensino e fazer outra coisa qualquer… claro que me custa, estudei 5 anos… e depois tenho que esquecer tudo e vou trabalhar para o estrangeiro como domestica?! Mas já o fiz, porque estava desempregada!
    Enfim… como disse antes alguém, temos que nos adaptar às mudanças e o tempo é de “mudança”… é quase uma selecção natural!
    acontece é que aqueles que foram meus professores, nos 90, na altura era para uma grande parte uma festa ser professor, com muitas regalias, sem obrigação de fazer uma série de coisas. Um ano um professor de matemática deu 3 a toda a gente porque faltou imenso, outro ano uma professora de inglês respondeu uma determinda altura que não dava aulas de apoio pedagogico acrescido porque essas aulas não eram pagas!!! hoje não é assim… já ninguem pode fazer este tipo de coisas… Há maior cobrança por parte dos pais e dos orgãos superiores…
    mas ainda há muita gente que tem a sorte de estar já nos quadros e não tem vontade de fazer as coisas de outra maneira. Os mais jovens tem outra postura, tivemos uma melhor formação inicial?! Não sei… Só sei que me sinto revoltada e aborrecida com tudo isto… quero dar aulas, quero estabilidade, não quero ouvir falar de politica… quero trabalhar num ambiente de construção estou farta de frases destrutivas… concerteza tem que haver avaliação, é preciso ver que ser e quem não serve… também fui avaliada pelos meus “patrões” quando tive outros trabalhos no particular!
    Como deve ser feita essa avaliação? Não sei muito bem… por isso era preciso calma e tempo para construir em conjunto o melhor modelo… Assim como está acontecer, não!

  19. É com agrado que vejo a máquina política da sombra do outro partido do bloco central a rearmar-se entre as insinuações de potencial relacionamento entre o actual PM e o licenciamento do Freeport, por entre os tiros de pólvora seca vai-se rearmando o exercito da sombra do PSD, rearma-se com os meios que considera necessários para abanar a possibilidade de nova maioria absoluta PS…

    Visto que o descrédito do Sr. (será exagero trata-lo desta forma, mas gosto de ser deixado em paz pelos contestatários) Nogueira começava a tornar-se evidente o rearmamento é feito com Antónios Pedros e seus congéneres que despojados dos tachos políticos se acotovelam para empurrar para a frente das câmaras de TV o mesmo do costume, afinal a inevitável e inicialmente bem estruturada avaliação dos professores talvez já tenha dado frutos na perda de 1 ou 2 deputados pelo partido do governo nas próximas eleições, agora é hora de rumar a novas frentes…

    Disse inicialmente bem estruturada avaliação dos professores porque agora a avaliação de professores além de complexa é desajustada, pecou a equipa do ME por ser demasiado branda desde o início, na implementação do SIADAP o fenómeno foi semelhante, dava para ter aprendido algo! Agora nem é carne nem peixe, temos um modelo igualmente difícil de implementar onde não existe efectivamente diferença entre quem quer ser avaliado e mostrar a sua maior eficácia e quem pela incapacidade quer manter a formula de progressão por ter muito pó em cima e caruncho por não se mexer sequer para afastar os insectos…

    Sinto-me no mesmo barco da LCunha, afinal não era preciso muito para podermos com justiça mostrar que não são os anos sentados a ver o insucesso dos velhos (então novos) métodos educativos que resultam em sucesso em progresso, com dedicação, entrega e muito trabalho podemos fazer sair da escola alunos capazes de enfrentar o mundo lá fora sem terem de voltar a formar-se enquanto pessoas. Um modelo de avaliação embora complexo mas capaz de diferenciar quem faz e como faz para não só poder progredir mas também para servir de exemplo era muito bem-vindo, tivemos a oportunidade de o acolher, agora será a luta política a trocar argumentos quando dentro de 6 ou 7 anos se verificar que tudo está embargado para dizer que a culpa é do outro partido, uns dirão que não os deixaram fazer, os outros que foram medidas sem sentido e os professores irão estar na mesma ou pior, mas pior que isso os alunos continuarão a ser levados para as aulas onde lhes dizem que as coisas são daquela forma sem lhes dizerem que as coisas são como eles descobrem.

    Sim, sei o que é ser avaliado asério, fui avaliado todos os dias em que trabalhei antes de ser colocado a dar aulas, fui vendedor, se não vendia não ganhava comissão, quase sou tentado a dizer que os professores deveriam ser pagos da mesma forma, sem resultados práticos o ordenado mínimo nacional já era uma generosidade, imaginem-se então os ordenados de topo de carreira atingidos entre artigos 102 e os passeios de livros de ponto entre a sala de professores e a sala, sem outra preocupação que a de ver chegar o fim do mês.

    Ideias para os cartazes da próxima manifestação de alunos:

    Quero ser avaliado com justiça!

    Quero mostrar o resultado do trabalho dos meus alunos!

    Quero ser um profissional decente na carreira docente!

    Será que teria-mos gente com força para pegar nos cartazes? E com coragem? Acredito que sim, acredito que lutar pela avaliação justa e com alternativas aos retrocessos políticos entretanto realizados seria uma boa forma de mostrar que existe quem mereça a confiança da sociedade para ensinar a próxima geração a descobrir-se e a descobrir o conhecimento que lhes fará falta no futuro.

    (Para mim pode ser um cartaz de cada, ainda me sobra uma mão para um megafone e força para fazer ouvir a voz de muitos professores que querem trabalhar e mostrar o trabalho dos seus alunos!)

  20. …. querem é ganhar muito dinheiro. Isto, esta generalização sobre a classe docente é que tem tornado o ensinar muito difícil. Será que acreditam mesmo que os professores são uns chulos que se estão nas tintas para a sua profissão?

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