Chico Buarque – “Carioca”

chico_carioca.jpgOito anos depois do seu último disco, Chico Buarque resolveu dar um arzinho da sua graça, lançando este “Carioca”.

E é mesmo só um “arzinho” porque o disco é uma sombra dos bons velhos tempos do Chico – e isto não é saudosismo, é mesmo assim.

É verdade que a voz está lá, praticamente com o mesmo timbre, apesar dos 62 anos. É verdade que os arranjos são bons, embora haja para lá uma slide guitar que não fazia falta nenhuma. É também verdade que as letras continuam com a marca de qualidade habitual, com os jogos de palavras, com o gosto especial pela língua portuguesa.

Apesar disso, o disco não tem nenhuma grande canção, não tem nenhum daqueles temas que deixam uma marca.

Como costumo dizer: o que foi, não volta a ser…

9 thoughts on “Chico Buarque – “Carioca”

  1. pois eu ouço este CD com muito agrado e fico triste quando reparo que já ouvi todas as canções e que não há mais, aliás refiro que, sempre que ouço um novo CD do chico (o que é raro, já sabemos), logo na primeira musica começo a contar quantas faltam para acabar e a agonia instala-se à medida que se aproximam do fim.

    Se reparar, a obra é vastíssima, mais de 300 músicas todas elas de altíssima qualidade, melodias, letras, orquestrações, ritmo, etc, e é pena que resuma ao jogo de palavras.

    Experimente jogar também e verificará que não é jogo para si.

  2. A importância do Chico na História da música popular é inquestionável – e lamento que tenha dado a ideia que resumo a sua arte aos jogos de palavras. O que eu quero dizer é que o velho Chico não volta mais e, se calhar, assim é que está certo. Na colecção de dvd’s sobre o Chico, ele fala-nos de Tom Jobim e diz que, nos últimos anos da sua vida, ele dizia que estava farto de música, que não queria ouvir mais nada. Penso que criadores como estes, ao fim de tantas canções, tantas rimas, tantos acordes, ficam, de facto, exauridos. Terá que concordar que canções do Chico, como “Vai passar” ou “O que será”, continuarão a ser lembradas por muitos anos, enquanto, deste “Carioca”, muito provavelmente, nenhuma ficará. Opiniões, claro…

  3. Ignorante quanto à obra do Chico e quanto a muitas outras coisas. Basicamente, eu sou um ignorante. Como diria o outro: só sei que nada sei… Isso não impede que continue a pensar que este disco do Chico não vai ficar na História.

  4. Compreendo a análise e percebe-se vir de alguém que realmente gosta do trabalho do Chico Buarque. Discordo, porém. Apesar de uma primeira impressão desconfiada, a beleza de temas como Dura na Queda, As Atrizes ou Ela Faz Cinema teima em não deixar ser esquecida. Somos presenteados com grandes momentos de poesia-canção e sou obrigado a lembrar-me da afirmação de Lloyd Wright: “Deus está nos pequenos detalhes”.
    Este podia ser um disco de simplificação estilistica, melódica, e harmónica, claro. Mas não é. Provávelmente porque esse depuramento que presenciamos em Mozart, Jobim ou Satie só chega no final da vida dos grandes compositores e Chico está por aí para ficar.

  5. Chico Buarque é um artífice maior das palavras e dos sons, além de um grande escritor.Também um ícone de beleza, exterior e interior.

  6. CHICO e mestre na composiçao melodica e na inteligencia das letras.sendo eu estrangeiro(portugues),admiro muito a beleza e mensagem de cada composiçao.e precisso entende-lo.faço do chico buarque uma certa analogia ao escritor portugues saramago.existe de facto uma mensagem em cada palavra e jogo de palavras.infelizmente nem todo mundo entende a beleza das mensagens subliminares a tantas areas da existencia.CHICO e realmente um mestre da cançao e da inteligencia…

  7. O Chico é o compositor nacional que mais me toca. Suas letras têm um significado especial e ele é voltado para as questões sociais. Seu trabalho é inteligente e sensível, ele faz despertar na gente o sentimento e a vontade de ser melhor.

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