PRÉ-HISTÓRIA
Programa emitido em 30 de Agosto de 1981
A Pré-História em
10 lições
1ª Lição – Divisão em Épocas,
Eras, Idades ou Tempos
Na Pré-História tudo estava pré-visto,
ou melhor, pré-destinado. Os primeiros homens que
surgiram sobre o planeta pré-pararam-se para enfrentar
as maiores diversidades, porque sabiam que eram os pré-cursores,
e embora sem grandes pré-dicados, eles estavam pré-dispostos
a pré-pararem o advento da Humanidade. Advento que,
soprando em regime de nortada fresca, permitiu o desenvolvimento
de civilizações grandiosas, como os Aztecas,
os Indo-Afro-Americanos e os Sul-Vietcongoleses do Norte.
O pré-domínio do homem sobre a Terra, durante
a Pré-História, ficou a dever-se ao esforço
conjugado de todos os homens e mulheres que, embora não
fossem pré-feitos, faziam o que podiam.
Depois deste pré-fácio, penetremos no assunto
desta Lição, que é uma espécie
de pré-nuncio, não apostólico, mas
pelo menos simbólico.
Para facilitar o estudo, é costume dividir-se a Pré-História
em 3 grandes Idades: a Puberdade, a Idade Adulta e a Menopausa,
a que se segue a Terceira Idade. Na Puberdade, também
conhecida por Idade da Pedra ou Idade do Armário,
o homem bruto utilizava o sílex, ou melhor, o homem
utilizava o sílex bruto, ou ainda melhor, o homem
utilizava o sílex – bruto! Mais tarde, conseguiu
polir a pedra lascada, ensinando-lhe as primeiras regras
sociais – é o chamado Sub-Período da
Pedra Pomes ou neolítico – havendo alguns historiadores
que consideram um outro período que, por ser paralelo
a este, seria o Paralítico.
A Idade Adulta da Pré-História começa
com a descoberta da corneta, seguindo-se o cornetim, o trompete
e a trompa – era a Era dos Metais que, classicamente,
se subdivide em três períodos: o do Cobre,
em que a espécie humana se cobriu e multiplicou;
o do bronze, período passado na praia; e o do Ferro,
de engomar.
2ª Lição – Os Instrumentos
No período Paleolítico, o homem começa
a utilizar uma espécie de machado manual (haverá
outros?) chamado, pelos franceses, “coup de poing”,
e pelos nossos arqueólogos, “rabinho de puã”.
Era fácil fazer este machado,bastando para tanto,
amandar uma pedrada numa pedra: a segunda pedra lascava-se
e pronto! Seguiram-se os tempos dos gelos, que obrigaram
o homem a procurar refúgio nas cavernas – passando
a designar-se por homem cavernoso, ou nas grutas –
chamando-se, então, homem grutesco. Mas as cavernas
e as grutas estavam ocupadas por outros animais (sempre
a crise da habitação!) Para conquistar o seu
alojamento, o homem teve que aperfeiçoar o seu machado,
inventando a lâmina, o buril e o barril, onde guardava
uma pinga Pré-Histórica.
Com o período Neolítico, os trabalhos sobre
pedra aperfeiçoaram-se e o homem descobre o pedregulho,
a pedraria, a Pedroquímica e a pedra de isqueiro.
Estávamos em plena Idade da Pedra e é daí
que vem a célebre frase: “falar com duas pedras
na mão”. Mas o homem tinha um coração
de pedra e não ligava a essas coisas. Aliás,
toda a gente podia atirar pedras à vontade, já
que ninguém tinha telhados de vidro.
Mas foi com a invenção dos metais que as coisas
começaram a melhorar para o antepassado do homem.
Formaram-se então excelentes bandas, nomeadamente,
a Banda da Carris de Ferro e a Outra Banda.
3ª Lição – A descoberta do fogo
Imagina-se que o fogo tenha sido descoberto por acaso. Deve
ter sido num verão quente da Pré-História,
que um troglodita qualquer, vendo a caverna em chamas, saiu
cá para fora, berrando: “Há fogo! Há
fogo!” estava descoberto o fogo, portanto... Mas o
homem não sabia o que fazer com o fogo, embora depressa
compreendesse que ele queimava. E queima, de facto. Faça
o ouvinte a seguinte experiência:pegue num fósforo
e raspe a sua extremidade vermelha (a do fósforo,
claro), na lixa da respectiva caixa. Assim mesmo. Como vê,
o fósforo acendeu-se. Está em presença
de um chama, portanto, fogo. Introduza um dedo nessa chama.
Isso mesmo: queimou-se! Pode praguejar à vontade
que daqui não se ouve nada... está, pois,
provado que o fogo queima.
Mas foi só depois da invenção do fogareiro
que o fogo atingiu proporções quase industriais,
surgindo então o problema de como armazenar o fogo
– já que o fogo livre era perigoso e ainda
não havia bombeiros. De descoberta em descoberta,
o homem inventou o fogão – utensílio
usado para guardar o fogo quando já não era
preciso.
4ª Lição – A habitação
Desde muito cedo (para aí 5 da manhã...) que
o homem sentiu a necessidade de um sítio onde se
pudesse resguardar das intempéries. Farto das cavernas
que, além de incómodas, não tinham
portas nem janelas, o homem decide inventar a barraca. Mas
as feras não o deixavam em paz e, mal o homem saía
para a caça, os animais invadiam os acampamentos
e derrubavam tudo. Por isso, o homem decidiu pensar, acabando
por inventar a caspa e a queda do cabelo – mas de
habitação, nada!
Mas os nossos antepassados não esmoreceram e algum
tempo depois construíam a primeira palafita –
habitação muito curiosa que era assim uma
espécie de uma cabana assente sobre umas estacas,
enterradas no fundo dos rios e dos lagos. Um grupo de teólogos
escandinavos chegou à conclusão que as palafitas
eram construídas sobre estacas porque, caso contrário,
a casa ia-se embora com a corrente do rio.
5ª Lição – A caça
Não há dúvida nenhuma de que a Pré-História
foi a época áurea da caça. No entanto,
nem tudo foram rosas. Existiram, também, uns quantos
malmequeres e muitas urtigas. Apesar de todas as vicissitudes,
os nossos antepassados encontraram sempre o engenho para
ultrapassar as dificuldades.
A primeira dificuldade surgiu com a cedilha. Com efeito,
após a invenção da caca, o homem percebeu
logo que aquilo não lhe servia para nada, nas condições
em que se encontrava. Foram precisas várias gerações
de trogloditas para se perceber que, o que faltava à
caca, era precisamente a cedilha. Inventada a cedilha, surgiu
o problema de colocá-la devidamente. Experimentou-se
por baixo do primeiro “cê” e descobriu-se
a çaca – descoberta que o homem pré-histórico
ignorou. Só muito mais tarde, depois de substituído
o “cê” com cedilha pelo “esse”,
é que a saca começou a ser utilizada. Seguidamente,
tentou colocar-se a cedilha sob o “a”, mas não
dava nada. À terceira tentativa, a coisa resultou:
a cedilha foi judiciosamente colocada debaixo do segundo
“cê” e estava inventada a caça.
No princípio, o homem caçava quase tudo, não
se preocupando com épocas da caça, licenças
e outras minhoquices dos nossos tempos. Mas nem sempre era
fácil caçar. Por exemplo, mamutes. O homem
começou por fabricar uma complicada arma, constituída
por um bocado de madeira bem dura, com uma extremidade bem
grossa, que deveria embater no animal, e outra mais fina,
que era empunhada pelo homem – arma essa designada
pelo estranho nome de moca. Então, o nosso antepassado
escondia-se atrás dumas moitas e, quando o mamute
vinha a passar, saltava-lhe em cima, parece que gritava
muito alto, e dava-lhe uma série de mocadas. Os resultados
eram desesperantes porque, por vezes, metade da tribo era
dizimada pelo mamute, para que outra metade conseguisse
matar o bicho. Foi nessa altura que o homem inventou a armadilha.
Gostava muito de, por exemplo, desviar as estradas: o mamute
vinha por aí fora, encontrava um letreiro dizendo
“siga em frente” e, confiando nas autoridades,
assim fazia, acabando por estatelar-se no fundo de um precipício.
Este método era óptimo porque os bifes chegavam
cá abaixo já partidos. Outras vezes, o homem
colocava umas estacas aguçadas no fundo do precipício
onde o mamute caía, obtendo assim, sem trabalho nenhum,
vários quilos de carne picada.
6ª Lição – O vestuário
Segundo se supõe, nos primeiros tempos, o homem da
Idade da Pedra andava nu, mas ninguém notava porque,
por um lado, não se ligava a essas coisas e, por
outro, os homens eram muito peludos. No que respeita às
mulheres, eram muito respeitadas, embora nuas, ou por isso
mesmo. Mas essa época não durou muito tempo,
segundo se julga ou terceiro se pensa. Em breve o homem
decidia cobrir as partes baixas, isto é, os pés,
com peles dos animais que caçava. E depois dos pés
veio o resto. E aí temos o homem primitivo todo vestidinho
com tangas de peles que hoje custariam uma fortuna, ou mesmo
duas. Escavações feitas recentemente um pouco
por toda a parte, não trouxeram nada de novo ao vestuário
do homem primitivo, ficando assim demonstrado que os nossos
antepassados não tinham o hábito de enterrar
as roupas. Quanto à parra que, diz-se, Adão
usava, não passou de uma moda de Primavera-Verão.
Com o Outono, as folhas caíaram e o homem ficou novamente
nu. No Inverno rapava-se um verdadeiro tarau pré-histórico
e o homem não teve outro remédio senão
inventar o sobretudo. No entanto, não chegou até
nós nenhum exemplar desses sobretudos – o que
não admira, já que não tinham pernas.
7ª Lição – O cultivo dos cereais
Observando a natureza, que já nessa altura existia,
o homem sentiu-se tentado a experimentar a agricultura.
Começou por lançar algumas sementes ao ar,
não obtendo qualquer resposta. Lançou-as depois
aos ventos, ao mar, às rochas e à cara do
vizinho, mas os resultados continuaram a ser negativos.
Foi então que se lembrou de colocar uma semente de
feijão num frasquinho de vidro, juntamente com um
pedaço de algodão embebido em água.
E verificou o milagre: o feijão germinou! Sempre
que recordamos este episódio sentimos vontade de
rir. Com efeito, esta é uma experiência que
fazemos logo na instrução primária,
mas o homem primitivo teve que suar muito até perceber
o mistério da germinação. Gradualmente,
à custa de sacrifícios enormes, foi substituindo
o algodão por papel, depois cartolina e, finalmente,
terra. Estava provada que na terra é que as sementes
se dão bem. E a partir daí foi um ver se te
avias: o nosso antepassado decidiu semear tudo o que lhe
aparecia pela frente, nem sempre com os melhores resultados.
8ª Lição – A arte
O homem do período Paleolítico não
estava tão perto dos animais como pode supor-se.
Com efeito, por vezes, estava até bastante afastado.
Sobretudo quando os animais eram ferozes. Nessas alturas,
dedicava-se à pintura porque não sabia pescar.
E então desatava a pintar as paredes das cavernas
– eram as chamadas pinturas rupestres. Outras vezes,
pintava os muros e as paredes das ruas – eram as pinturas
rua-pestres. Esta prática manteve-se, aliás,
até aos nossos dias. Mas essas pinturas nem sempre
eram boas, por vezes eram mesmo bastante más –
eram as chamadas pinturas ruim-pestres. Depois, apareceram
os trogloditas vanguardistas, que pintavam de costas para
as paredes – eram as pinturas rim-pestres. Havia também
os que pintavam no campo as pinturas campestres.
9ª Lição – A televisão,
a rádio, os jornais
Não havia.
10ª Lição – As sepulturas
Escavações praticadas em todo o mundo provam
que o homem pré-histórico praticava o culto
dos mortos. Sem resultados, aliás. A ressuscitação
não passou de um caso esporádico.
Acreditando na vida além túmulo, o homem primitivo
construiu os chamados monumentos megalíticos, onde
enterrava os seus mortos, mas não tinha coragem de
olhar para além do túmulo, afim de confirmar
se os seus antepssados lá estavam ou não.
Esses monumentos megalíticos dividiam-se em dois
grandes grupos: o 1º e o 2ª.
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