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O Coiso
O melhor do meu Pão Comanteiga

PÃO COMANTEIGA NO CONTRA-ATAQUE - 7

Programa emitido em 20 de Março 1982

Medicina
* Quando o seu médico lhe pedir para deitar a língua de fora, verifique primeiro se ele não tem, por acaso, um selo na mão.

* O médico aconselhou-o a deitar-se na marquesa. Resultado: gémeos.

* É natural que todos os médicos mandem dizer 33. O curso de Medicina tem poucos conhecimentos de matemática...

* Tome atenção a este conselho: se a sala de espera de um consultório tem revistas actualizadas, o médico tem pouca experiência...

* Uma irmã da caridade que se dedica à enfermagem é uma enferfreira.

* A Ordem dos Médicos não é só uma. Exemplos: “deite a língua de fora”, “diga 33”, “dispa-se”, “abra a boca”...

* Se há remédios santos, por que não há remédios Silvas, Loureiros, Pereiras...

* O único medicamento cu-recto é o supositório.

* Para auscultar doentes alcoólicos, os médicos costumam usar estetoscopos.

* Como diz o povo: quem vê caras, não vê electrocardiogramas.

* Uma pergunta de algibeira: os médicos míopes têm olho clínico?

* Quando há um naufrágio só se salvam os que tiverem costelas flutuantes.


PÃO COMANTEIGA NO CONTRA-ATAQUE - 8

Programa emitido a 27 de Março 1982

Lição de Condução
O Pão Comanteiga, assumindo-se como serviço de utilidade pública, decidiu ensinar-lhe como se conduz um automóvel ligeiro.
Portanto, pegue no seu transístor e vá para a rua. Deixe-se ficar perto do seu carro até novas instruções. Se não tiver carro, tire apontamentos.

Tudo a postos?
Comecemos então por recordar que um carro é um veículo automóvel movido por um motor a quatro tempos, que são: o 1º, o 2º, o 3º e o 4º, também conhecido como último.
O motor é posto em marcha pela rotação de uma chave e dirigido por uma roda, que recebe o nome especial de volante, guiador ou esta bodega não vira, quando a direcção encrava.

Um carro tem mudanças, conta-quilómetros, tubo de escape, espelho retrovisor e, pendurado deste, um ou dois bonequinhos ou ainda um conjunto de amuletos que inclui, sempre, uma estrela de David, uma figa e um corno.
E é esta a descrição sumária, mas suficiente, de um carro.
Verifique se o seu carro condiz com a descrição que lhe fornecemos. Se não, escusa de ouvir o resto. Em caso afirmativo, podemos passar à fase seguinte.

Ora a fase seguinte diz que, antes de pôr um carro em andamento, é aconselhável entrar primeiro lá dentro.
Para o efeito, os carros possuem portas em número variável. No entanto, curiosamente, cada carro possui sempre o mesmo número de portas. Quer dizer: há carros com três, carros com quatro e carros com cinco portas, mas os carros com três portas têm sempre portas, os carros com quatro portas têm sempre quarto portas e assim sucessivamente.

Felizmente, todos os carros têm uma porta do lado do guiador. Escolha essa. Abra-a. Não é difícil... basta meter uma das chaves que você tem nesse horrível porta-chaves com o emblema do seu partido na fechadura e rodar. Mas rode com cuidado para evitar o capotamento do carro.

A porta está aberta. Entre no carro e sente-se no banco, de modo a ficar de frente para o volante. Feche a porta por dentro. Abra o vidro, rodando um manípulo que existe na parte de dentro da porta que abriu há bocado.
Agora vem a parte mais importante: pôr o motor a funcionar. Daqui se infere uma das regras de ouro de uma condução segura: um carro nunca anda com o motor desligado, excepto numa descida.

Ora, para pôr o motor a funcionar, introduz-se uma outra chave num buraquinho chamado ignição, que há-de estar por aí, algures, e roda-se para a direita, ou para a esquerda, no caso dos canhotos. Mas antes, não se esqueça de verificar se o carro está em ponto morto. Se não estiver, dê-lhe um tiro.

Suponhamos, então, que o motor do seu carro já ronrona. Agora é preciso pô-lo em marcha.
Olhe para o soalho do carro. Estão lá três pedais. Pise o da esquerda até ao fundo. Por enquanto, não vale a pena complicar a lição com terminologias difíceis. Portanto, o pedal da esquerda está pisado. Agora, à sua direita, está uma espécie de alavanca; empurre-a para a frente e para a esquerda. Meteu a primeira.

Deixe-se ficar quietinho por uns momentos, para descontrair e aproveite para olhar para o espelho retrovisor. Como o nome indica, esse espelho especial retrovisa, isto é, mostra-lhe o que está a trás de si. Portanto, verifique se o espelho lhe mostra a nuca, os bancos traseiros do carro e outros pormenores interessantes.
Assobie.
Está descontraído e relaxado?
Muito bem. Nesse caso, com a primeira metida, você vai pisar o pedal da direita, suavemente, ao mesmo tempo que levanta o pé esquerdo, também suavemente e o seu carro começará a deslocar-se, a menos que esteja travado; nesse caso, retire o pé direito do respectivo pedal, pisa novamente o pedal da esquerda a fundo, puxa a alavanca para a posição inicial, retira o pé esquerdo do pedal esquerdo, coloca o carro em ponto morto com mais um tiro certeiro e trata de procurar o travão de mão, que não costuma estar longe; em muitos carros, ele costuma estar situado entre o banco onde você está sentado e o outro banco onde só um tarado se sentaria, e possui um botão no topo; carrega-se no botão, empurra-se o travão em direcção ao soalho do carro, carrega-se no pedal esquerdo com o pé esquerdo, empurra a alavanca para a frente e para a esquerda, pisa o pedal direito com o pé direito, suavemente, enquanto levanta, também suavemente, o pé esquerdo do pedal esquerdo. E o seu carro começará a deslocar-se...

Que tal?
Qual é a sensação de deslocar-se dentro de um veículo automóvel?
É bom, não é?
Pois vá carregando, lentamente, no pedal da direita, enquanto retira o pé esquerdo completamente. Doeu? Não se preocupe – dói sempre à primeira.
Já percebeu certamente que esse pedal da direita é o acelerador. Ora, ao carregar no acelerador, você está a acelerar. Como vê, conduzir é fácil...
No entanto, para um principiante, não convém acelerar muito. Olhe para o conta-quilómetros, que é uma espécie de relógio só com um ponteiro que está mesmo
à sua frente, e certifique-se que não excede o número vinte. E agora, muita atenção, porque vai meter a segunda!

Para meter a segunda, é necessário possuir alguns reflexos. No entanto, qualquer pessoa pode meter a segunda com relativa facilidade, desde que tenha calma e jeito. Se a primeira for bem metida, a segunda entra com certeza.
Pois a segunda, é assim: você pisa o pedal da esquerda com o pé esquerdo até ao fundo, tirando o pé direito do pedal da direita, puxa a alavanca das mudanças para si, retira o pé esquerdo do pedal esquerdo e carrega novamente no acelerador.
Em princípio, o carro aumentará ligeiramente de velocidade.

Ora bem... para travar é assim:
Pisa o pedal da esquerda ate ao fundo, para o carro não ir a baixo, retira o pé direito do acelerador e, com o mesmo pé, carrega no pedal do meio. Tudo isto pode ser feito enquanto o diabo esfrega um olho ou você coça as costas, supondo, por absurdo, que o diabo tem olhos e você – seu anjinho!... – tem costas...

E vamos meter a terceira. Claro que o grau de dificuldade aumenta consideravelmente. Mas você é um aluno persistente. Embora cansado, suando, com um esgar arrepanhando os lábios, você vai meter a terceira.

Preste atenção: carrega no pedal da esquerda com o pé esquerdo, se ainda o tiver, retira o pé direito do acelerador, empurra a alavanca para a frente e para a direita, retira o pé do pedal esquerdo, carrega no acelerador, olha para o mostrador que parece um relógio mas só tem um ponteiro, verifica que o ponteiro se aproxima vertiginosamente dos 80, põe a cabeça fora do vidro e grita acudam-me que esta coisa cada vez anda mais depressa! Mas não deve entrar em pânico porque o Pão Comanteiga zela por si e está atento a todos os acontecimentos, por isso, ensina-lhe imediatamente a meter a quarta, tira novamente o pé esquerdo do pedal esquerdo, aliás, carrega no pedal da esquerda com o pé esquerdo, retira o pé direito do acelerador, puxa a alavanca das mudanças para trás e para a direita, retira o pé esquerdo do ombro direito, coloca o pé direito sobre o tablier, abre o porta-luvas, carrega no isqueiro, põe o limpa-pára-brisas a funcionar, fecha o vidro, carrega na embraiagem, ajusta o banco, olha para o retrovisor, puxa o travão de mão, ajeita a gravata ou a madeixa do cabelo que lhe cai para os joelhos sempre que se baixa para abrir o ar do carro, faz sinal à direita, roda o volante 95 graus, carrega no acelerador a fundo, fecha o vidro, olha à esquerda, liga o desembaciador, senta-se no banco de trás, acende um cigarro, apita e estaciona na Rua Sampaio Pina, onde a equipa do Contra-Ataque terá muito prazer em lhe oferecer uma dúzia de pastéis de Belém.
As cervejas serão por sua conta.

 

 



 

 

 

 

 

 

 

Actualizado em: 15 Agosto 2004
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