PÃO COMANTEIGA NO CONTRA-ATAQUE –
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Programa emitido em 20 de Fevereiro 1982
Carnaval
* Nunca pregue uma boa partida de Carnaval. Aparafuse...
* A diferença entre um estalinho de Caranaval e
uma chapadinha na Páscoa é de cerca de um
mês.
(Também publicado na Revista Pão Comanteiga
nº 13 – Junho 1982)
* Dizem que o Carnaval no Rio é uma loucura. Agora
imaginem como seria se fosse no Mar...
* O calendário tem destas coisas esquisitas: como
é que o Carnaval pode ser uma festa móvel
se calha sempre a um terça-feira?
Sem tempo para disfarces
Quando Mário Soares entrou mascarado de Salgado Zenha,
todos acharam piada. Era Carnaval e as divergências
políticas não vinham para o caso. Além
disso, a máscara estava óptima...
Quando Pinto Balsemão entrou disfarçado de
Cavaco Silva, todos se riram muito. Que grande ideia!
Quando Freitas do Amaral entrou disfarçado de Freitas
do Amaral, o riso atingiu o seu auge. Alguns convidados
rebolavam-se no chão, de gozo.
Portanto, quando Ângelo Correia chegou, os convidados
continuaram a rir-se a bandeiras despegadas. Tanto e tão
alto que nem ouviram o senhor doutor explicar que não
tinha tido tempo para arranjar um bom disfarce...
Grande partida
Todos os anos ele pregava-lhe uma partida e ela pregava-lhe
outra. Todos os Carnavais, há mais de dez anos. Riam-se
muito das partidas mútuas e concordavam – sempre
– que ambas tinham sido engraçadíssimas.
Naquela terça-feira de Carnaval, ele chegou primeiro
a casa e decidiu preparar imediatamente a sua partida. Com
cordas e roldanas conseguiu pendurar um balde, de modo que,
quando a mulher entrasse em casa, despejaria cinco litros
de água sobre a sua cabecinha loira. Riu-se para
dentro, antegozando o espectáculo e sentou-se, esperando-a
ansiosamente.
Três meses depois cansou-se de esperar, foi buscar
o balde e convenceu-se que, daquela vez, a partida da mulher
tido sido a melhor...
PÃO COMANTEIGA NO CONTRA-ATAQUE
– 4
Programa emitido em 27 de Fevereiro 1982
Máximas
* Um homem que dorme todas as noites não tem o sono
em dia.
* Nunca laves as mãos como Pilatos fez. Hoje já
há sabonetes.
* Se o chicharro tivesse asas e o corpo todo coberto de
penas, a taxinomia estava toda lixada.
* Um idioma distingue-se de um idiota pelo M em forma de
T.
* Jesus Cristo morreu pregado na cruz porque, naqueles
tempos, o enforcamento não era comum.
* Numa verdadeira democracia, os deputados elegem-se a
si próprios.
* A única coisa boa do serviço militar são
as lições de dança.
* Na vida há coisas essenciais e outras que também
fazem muita falta.
* Está provado que há vida depois da morte;
não se sabe é quanto tempo depois...
* Nuca bate à porta. Evite violência desnecessária.
* Todo o homem é um herói em potência.
Aliás, a potência sempre foi um problema do
homem...
* Flamingo é aquela espécie de queijo que
gosta de ficar somente assente sobre uma pata.
* Se és católico, nunca uses papas na língua.
* Progresso é aquele relógio com cronómetro,
calculadora e despertador, que também dá horas.
* O sol, quando nasce, é para todos, mas os chineses
levam uma boa parte.
* Homem prevenido vale por dois homens prevenidos valem
por quatro homens prevenidos valem por oito...
* Antes de adormecer verifique, primeiro, se está
acordado.
* No velho jogo do amor há o empate e o empata.
(Também publicado na Revista Pão Comanteiga
nº 13 – Junho 1982)
* Não é essencial saber nadar para atravessar
o Canal da Mancha.
* Esta frase não tem graça.
* Esta frase tem Maria da Graça.
* Nunca bebas água por um copo vazio.
(Também publicado na Revista Pão Comanteiga
nº 13 – Junho 1982)
* A laranja é o único fruto com sabor a laranja.
* Todos os homens, quando nascem, são pequeninos.
* Nunca deves cortar as unhas dos pés com as meias
calçadas.
(Também publicado na Revista Pão Comanteiga
nº 13 – Junho 1982)
* Se achas que a diferença entre o caracol e a lesmas
reside na concha que o primeiro possui,, experimenta comer
um pires de lesmas.
* Quando os homens foram todos iguais, os sósias
estão lixados.
* Os anjos passam o dia a discutir o sexo dos homens.
* Se o homem é a medida de todas as coisas, qual
é a distância de Lisboa ao Porto, em homens?
(Também publicado na Revista Pão Comanteiga
nº 13 – Junho 1982)
Livros
* Um obra enciclopédica que trata de horticultura
é um hortopédica. Os seus autores são
os hortopedistas.
* A diferença entre um livro de impostos e um livre
de impostos está no rendimento colectável
de cada um.
* Uma pergunta de bolso: onde se guardam os livros de algibeira?
* Os livros de música guardam-se nas biblioteclas.
* Capitular é o acto de dividir um livro em capítulos.
* Era um escritor com tanto azar que, quando se preparava
para escrever as memórias, ficou amnésico.
* Um escritor versátil é o que tanto escreve
mal sentado como deitado.
* A introdução de um livro pode ser difícil.
Experimente, por exemplo, introduzir Os Lusíadas
no ouvido direito.
(Também publicado na Revista Pão Comanteiga
nº 13 – Junho 1982)
* Há grandes figuras da nossa cultura que ficam
na História mais pelas anedotas que se inventam sobre
eles, do que pela sua obra.
Foi o caso de Bocage.
É o destino de Ângelo Correia.
* Os livros policiais lêem-se de luvas
Os de ficção científica lêem-se
à luz das estrelas
Os livros de amor não se lêem – fazem-se
Os de ensaio – experimentam-se
Os livros de cheques passam-se
Quanto aos livros de yoga, lêem-se com uma perna às
costas
(Também publicado na Revista Pão Comanteiga
nº 13 – Junho 1982)
A literatura de cordel não se lê – pendura-se.
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