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O Coiso
O melhor do meu Pão Comanteiga

CARÍCIAS

Programa emitido em 31 Outubro 1982

Abertura
Pão Comanteiga. Das 10 às 13 ou das 13 às 10, para quem acaricia em sentido contrário – um programa carinhoso, amigável, afável, benévolo, cortês, delicado, meigo, mimoso, gentil, polido, urbano, terno, atencioso, obsequioso, suave, fino, subtil, refinado, afectuoso, agradável, garboso, elegante, cavalheiresco, gracioso, alisado, brunido, lustroso, limpo, educado, civilizado, langoroso, doce, lúbrico, lânguido, húmido, libidinoso e, sobretudo, muito humilde.
Pão Comanteiga, envolvendo todos os seus ouvintes num longo e apertado abraço – muito mais que aquele abraço, estes braços, que são 16 porque nós somos 8: Bernardo Brito e Cunha, afagando os cabelos; Artur Couto e Santos, acariciando o estetoscópio; José António Pinheiro, alisando os números; José Duarte festejando o contrabaixo; José Fanha abraçando a Isaberta; Mário Zambujal acenando a Amarante; Carlos Cruz beijando o microfone; e a assistência técnico-científica de Isabel Pinhão, abraçando o telefone.
Pão Comanteiga – um programa de amor e carinho dedicado, hoje à Ala dos Namorados, a Fernando Namora, a Mata-Hari e seu beijo fatal e, em especial, ao corpo de intervenção da PSP.

Frases
* Afagar a sua mulher na banheira ou afogar a sua mulher na banheira não é só uma questão de falta de jeito.

* A carícia propriamente dita é na cara. No é será perícia.

* Nem todas as mulheres beijam da mesma maneira. Bem hajam!

* Se quer fazer uma festinha no alto da cabeça do seu namorado, faça-lhe primeiro o alto na cabeça. Use, por exemplo, um martelo.

* Depois, com o olhar húmido e a mão macia, passou-lhe lentamente a mão pela espinha. Era um rico peixe-espada...

* Era um casal feliz e vivia na Flandres. Quando estavam sós, ela adorava acariciar-lhe o queixo. Ao fim e ao cabo, sempre era um queixo flamengo...

* Quando ele lhe afagava a face, ela bem gostaria de levar aquilo a peito. Mas ele era tão tímido...

* Era costume acariciar-lhe os caracóis da sua farta cabeleira. Estranho seria se lhe acariciasse as lesmas...

* Puxou-lhe os pêlos do peito e chamou-lhe Tarzan. Humilhado, o Homem-Aranha foi-se embora, roído de ciúme...

* Ele era tão terno, tão meigo, tinha palavras tão doces, tão íntimas, que ela, sempre que o ouvia falar, se derretia toda. Ele aproveitava, barrava o pão com ela e comi. Tudo.

* Tinha tanto respeito por ela que, quando a beijava, usava sempre os lábios de outra mulher.

* O homem das cavernas acariciava a mulher com duas pedras na mão.

* Se o murro fosse uma carícia, o boxe só poderia ser visto por maiores de 18 anos.

* Ele bem gostaria de a estreitar nos seus braços – mas ela não havia meio de emagrecer!

* Uma carícia tem segundo sentido quando a mão vai e depois vem...

Patrão exemplar
Era um patrão exemplar.
Amava, de facto, os seus empregados.
Todas as manhãs, antes de se dar início aos trabalhos diários da fábrica, mandava reunir os empregados na sala grande e pedia-lhes que alinhassem por alturas.
Depois, fazia uma espécie de revista às tropas em parada. Detinha-se, por momentos, atrás de cada um dos empregados e para todos tinha uma palavra de conforto e uma palmadinha amigável nas costas.
Aliás, adorava fazer tudo nas costas dos trabalhadores...

Cabelos
Namoravam-se na sala de visitas, sempre sob o olhar vitoriano da tia, que lhes proibia qualquer carícia mais íntima.
Por isso, contentavam-se com palavras ternas murmuradas abaixo do nível de captação da velha senhora, e com festinhas nos cabelos.
Ele dizia-lhe quanto a amava e ela percorria-lhe o couro cabeludo, da fronte à nuca. Ele segredava-lhe que não podia viver sem ela e ela afagava-lhe os cabelos, da nuca à fronte. Ele repetia-lhe que ficaria com ela até ao fim dos seus dias, e ela despenteava-o com ternura, enrolando os cabelos dele nos seus dedos.
Às 7 horas da tarde, ele ia-se embora. E, no patamar da escada, sempre sob o olhar vigilante da tia, ele despedia-se com um beijo tímido na testa e ela respondia com mais uma festinha nos seus cabelos. Depois, assim que ele saía, ela corria a lavar as mãos.
Tinha que lhe pedir que mudasse de brilhantina!
(Também publicado na Revista Pão Comanteiga nº 17, Fevereiro 1983)

Bem mandado
Era um homem fácil de convencer.
A Cristina dava-lhe um beijo e pedia-lhe para ir comprar tabaco e lá ia ele a correr.
A Mafalda abraçava-o com ternura e pedia-lhe que fosse ao supermercado comprar um pacote de margarina e aí vai ele, pressuroso.
A Cremilde afagava-lhe a nuca e pedia-lhe para arrumar a sua secretária e ele passava horas a apanhar clipes e agrafos.
A Natália encostava o seu corpo ao dele e pedia-lhe que encerasse o soalho do escritório e ele não hesitava.
Fazia tudo em troca de uma carícia, de um beijo, de uma ternura.
Era um pau para toda a mulher...

Masoquismo
“Quanto mais me bates, mais gosto de ti” –murmurava ela, enquanto ele a sovava com eficácia.
“Adoro homens brutos e violentos como tu!” – exclamava ela, depois de lhe ter sido aplicado um soco no estômago. Dobrada sobre si própria, ela pedia mais, e ele socava-a no queixo, no olho direito, no fígado.
“Força!” – gritava ela – “Os teus socos são carícias para mim!” E ele não se fazia rogado, prosseguindo o seu trabalho com método: encontrões, pontapés, mais socos, joelhadas e toda a sorte de brutalidades.
Vinte minutos depois, ele parou, ligeiramente cansado. O espectáculo não era muito bonito de se ver: ela jazia sobre a cama, sangrando de várias feridas, salpicada de hematomas e contusões.
“Então?! Por que paraste?!” – berrou ela.
Ele não se mexeu. O aspecto dela não era muito agradável. Pegou no casaco, atirou-o por cima dos ombros e encaminhou-se para a porta da rua.
Ela ainda tentou detê-lo, mas faltaram-lhe as forças. No entanto, ainda conseguiu exclamar com raiva: “Maricas!”
(Também publicado na Revista Pâo Comanteiga nº 16, janeiro 1983)

Perícia
Enlaçou-a com perícia, como já fizera com dezenas de outras.
Era um homem experimentado e aquela não era, de facto, a sua estreia.
Com rapidez e eficácia, atirou-a ao chão e prendeu-lhe as pernas.
E ali estava ela, imobilizada e indefesa, nas mãos do homem.
Ao fim e ao cabo, ela não passava de uma vaca. E a multidão que assistia ao rodeo aplaudiu com entusiasmo.

Convencimento
Acariciou-lhe o ventre redondo e inchado e sentiu um impulso aqui, outro acolá, uma espécie de movimento de reptação.
“Olha, é o meu filho a dar pontapés!” – exclamou ele com entusiasmo.
Ela olhou para o seu ventre e disse, enigmática:
“Teu filho?... Convencido...”

 

 

 

 

 

 

Actualizado em: 28 Setembro 2003
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