Adoramos ir à faca!

O Diário de Notícias titula, em manchete a vermelho: “Bónus a médicos fez disparar cirurgias, mas um terço dos doentes é operado tarde demais”.

Fiquei preocupado.

Será que um terço dos portugueses, apesar de serem operados, já não tiveram salvação possível e morreram?

Parece que não.

Na página 12, o título é mais moderado: “Incentivos a cirurgias permitem recordes em 2023, mas 30% ainda são tratados fora de tempo”.

Isto é: um terço dos operados esperam mais tempo para ser operados do que o recomendado. No entanto, dizer que são operados “tarde demais”, é apenas mais um sintoma do populismo que tomou conta dos órgãos de comunicação social.

Ignorando mais este título exagerado do antigamente circunspecto Diário de Notícias, gostaria de me deter neste número impressionante: em 2023, 758 mil portugueses foram operados e, nos primeiros quatro meses deste ano, já foram operados mais 246 mil. Por outras palavras, um milhão de portugueses operados em menos de ano e meio!

Operar 1% da população em menos de ano e meio, é obra, caramba!

Gostamos mesmo de ir à faca, porra!

Não quero saber!

Eu quero lá saber quem telefonou para o SIS!

Não insistam: não quero saber quem deu a ordem para ir buscar o computador!

Quero lá saber se o adjunto ia de bicicleta ou de trotineta, ou se foi ele que deu dois murros na senhora ou se foi a senhora que lhe deu uma canelada!

Estou-me a cagar para as notas do adjunto! O gajo pode tê-las escrito na reunião secreta ou depois, em casa, quero lá saber!

Foi o Galamba que lhe ofereceu dois socos? E depois, o que tenho eu a ver com isso?!

Ah! Foi o Pinheiro que insultou o Galamba! Quero lá saber!

Estou farto desta merda!

Será que não há mais nada para discutir?

Toda a comunicação social a falar sempre da mesma coisa há semanas, porquê?

Que ganham com isso?

Tirando as imagens do Benfica campeão e do Almeida ciclista, é só conversa fiada sobre os incidentes no Ministério das Infratorturas.

Caçam o tipo do governo na Convenção do Bloco de Esquerda e atacam-nos com as perguntas do costume: foi o senhor que deu a ordem?

NÃO QUERO SABER!

Cambada de obsessivos! Agarram-se a um assunto como lapas e não largam, como se desse assunto dependesse a vida das pessoas!

A malta está-se a lixar para quem chamou o SIS!

Convençam-se disso: ninguém fala nessa merda a não ser vocês!

Deslarguem, porra!

Queres fumar? Toma!

O governo aprovou mais restrições à venda e ao consumo de tabaco. Os comentadores, em geral, estão contra. Pena não dizerem se são, ou não, fumadores.

Fui fumador durante 39 anos. Deixei de fumar quando nasceu o meu primeiro neto, há 16 anos. Já era tarde. Tenho doença coronária grave, já fiz três angioplastias e colocaram-me nove stents.

Uma das poucas coisas de que me arrependo na vida: ter começado a fumar. E porque comecei a fumar? Por imitação. Toda a gente fumava nos anos 60 do século passado: fumava-se nos cinemas, nos transportes públicos, nos aviões; na televisão, os apresentadores do telejornal, fumavam em directo. Assisti ao célebre debate entre Soares e Cunhal. Os moderadores foram o Joaquim Letria e o José Manuel Megre. Ambos conduziram o debate a fumar. Como estudante de Medicina, lembro-me que se fumava até nas enfermarias, enquanto se observavam os doentes. Os meus primeiros cigarros, comprei-os avulso numa mercearia perto do Liceu. Como podia não fumar?

Agora, vai ser proibido fumar à porta dos hospitais, das escolas e dos restaurantes. Finalmente, posso beber a bica na esplanada do café da minha rua, sem levar com o fumo do cigarro do vizinho da mesa ao lado, porque também vai ser proibido fumar nas esplanadas.

Acham mal? Parece que sim. Dizem que não se proíbe o álcool nem o jogo, mas proíbe-se o tabaco. Considerações próprias de quem fuma.

Vi uma reportagem numa aldeia do Alentejo. Queixava-se um fumador que, para comprar cigarros, teria de se deslocar 18 km, a Évora e, com o preço das passagens da camioneta, não podia. Como diz o povo, quem não tem dinheiro, não tem vícios.

Todos os dias, oiço queixas. A vida está por hora da morte, depois de se pagar os alimentos, não há dinheiro para os medicamentos; se se comprar os comprimidos, não se põe comida na mesa. Ora aqui estão medidas sérias para ajudar a malta: deixando de comprar tabaco, já ficam com uma folga para a comida e para os medicamentos.

Ou não?

Caramba João Galamba!

A conferência de imprensa do ministro Galamba permitiu conhecer algumas novidades sobre os ministérios.

A mais importante diz respeito ao tamanho das casas de banho. Ficámos a saber que cerca de cinco pessoas se refugiaram na casa de banho do ministério das Infraestruturas, fugindo ao furibundo assessor. São, portanto, casas de banho de tamanho considerável, a menos que alguns dos refugiados se tenha escondido na banheira. Imagino dois na banheira, um sentado na sanita e mais dois junto ao lavatório; mesmo assim, é uma casa de banho jeitosa.

Ficámos também a saber que o assessor Pinheiro agrediu as senhoras do gabinete, usando a mochila como arma de arremesso. É um sinal dos tempos. Antigamente, só os hippies andavam de mochila, enquanto os assessores, se os havia, usavam aquelas malas à James Bond. Sempre pensei que uma mochila não seria tão agressiva como uma mala de agente secreto – só que a mochila do Pinheiro tinha um computador lá dentro.

Por que razão o assessor queria tanto aquele computador?

Será que, no disco rígido, tinha vídeos porno protagonizados por figuras públicas em actividades lúbricas com a bicicleta do assessor? De salientar que era uma bicicleta eléctrica. Nunca se sabe…

Os jornalistas correram à Ovibeja, para saber o que o presidente pensava disto, mas Marcelo estava entretido a comer presunto e a beber vinho alentejano por copinhos pequeninos. É perigosíssimo. Já experimentei. A gente vai bebendo copinhos, uns atrás dos outros e, as tantas, já não sabemos se estamos em Beja ou em Mértola! No fim da visita, também Marcelo já arrastava a voz e dizia que, em primeiro lugar, vai falar com o António Costa.

Entretanto, a economia está na maior, mas ninguém liga essas merdas…

25 de Abril Sempre!

No jornal República de 22 de julho de 1973, podia ler-se:

“Os Bombeiros de Algés fizeram 70 anos. o dr. Afonso Marchueta (governador civil de Lisboa) deslocou-se a Algés:

«Afirmo que a opção está feita – optamos nós, os verdadeiros portugueses, pela segurança, intangibilidade e perenidade da nossa Pátria; optamos pela política de Marcelo Caetano, a única que nos inspira confiança; optamos por Américo Tomás, esse amigo dos portugueses, que é verdadeiro símbolo da Pátria e digníssimo expoente da raça»

No mesmo jornal, no dia 31 de julho de 1973:

“O Diário de Notícias rescindiu o contrato com o Paris-Match, conhecida revista de esquerda (sublinhado meu), em sinal de protesto contra a publicação de uma reportagem sobre Moçambique (leia-se sobre o massacre de Wyriamu, acrescento eu)”

E só mais uma do mesmo jornal, a 13 de agosto de 1973:

“O engenheiro Santos e Castro, governador geral de Angola, falou em Sá da Bandeira, durante um almoço que lhe foi oferecido pelo presidente do município local:

«É assim que se vive sob a Bandeira Portuguesa: na paz, no respeito mútuo, no orgulho de uma autêntica independência, no trabalho para um futuro melhor. O resto, não é connosco, pertence à confusão do mundo ou é, aqui ou ali, sinal de perturbação estéril ou gosto exagerado pelas palavras»

Era assim Portugal. Um país pequenino, isolado do mundo. Há quem queira a ele regressar.

Em que ficamos, sr. Vieira Pereira?

O editorial do Expresso de hoje deixou-me um pouco perplexo.

O director, Pereira de seu apelido, parece que ficou zangado com o facto de o Governo ir aumentar os reformados. Ou então, não percebi bem o que ele escreve.

Pensava que o sr. Pereira achava que o António Costa tinha utilizado um truque para enganar os reformados, quando lhes deu meia pensão em outubro do ano passado e a outra metade em janeiro deste ano.

Diz o sr. Pereira:

«Em setembro do ano passado, António Costa foi acusado de usar um simples truque para proceder a um corte no crescimento esperado das pensões. Anunciou a atribuição de um suplemento extraordinário de meia pensão, ao qual se juntaria um aumento em janeiro de 4,43%.»

Mas agora, que Costa resolve aumentar os pensionistas segundo a fórmula de cálculo institucionalizada, o sr. Pereira diz:

«Foi divertido ver António Costa, Fernando Medina e Ana Mendes Godinho a abrirem o aparente saco sem fundo do erário público e começarem a distribuir dinheiro ou a prometerem distribuí-lo nos próximos anos».

Portanto, em setembro do ano passado era um truque, agora é divertido. No ano passado, o Governo estava a tirar poder de compra aos pensionistas, agora está a enriquecê-los!

Mais à frente, o sr. Pereira faz a defesa de Mário Centeno.

Sim, leram bem: Centeno, que foi acusado de, com as cativações, aldrabar as contas públicas, agora é louvado.

Diz o sr. Pereira:

«Durante anos, pela mão e ofício de Mário Centeno, o Partido Socialista ganhou o estatuto de partido das contas certas, da redução do défice e da dívida pública. (…) Num ápice tudo mudou.»

Portanto, afinal, no tempo de Centeno é que era bom. No tempo de Medina, tudo é mau. Afinal, quando o sr. Pereira atacava o então ministro das Finanças por abusar das cativações, estava a fingir. No fundo, ele adorava a política de Centeno. Estava era a fingir…

Em resumo, o que o sr. Pereira queria era um de duas coisas:

– se os aumentos dos pensionistas ficassem como estavam, zurzir no governo porque diminuía o poder de compra dos velhotes

– se o governo aumentasse, como aumentou, os pensionistas, zurzir no governo porque está a adoptar medidas eleitoralistas

É por estas e por outras que o Expresso vai perdendo credibilidade.

O sr. Pereira vai ficar na história como um dos jornalistas que está a afundar o Expresso.

João Miguel Tavares: perigo de morte!

Começo por uma declaração de intenções: o João Miguel Tavares (a partir de agora identificado com JMT), irrita-me por razões pouco ortodoxas. Irrita-me porque carrega nos érres e irrita-me porque tem cara de quem sofre de obstipação. Deixei de seguir o programa Governo Sombra por causa dele.

Claro que tem todo o direito de ter as suas opiniões, mas podia guardá-las lá para casa. No entanto, por razões que não compreendo, tem direito a publicar duas vezes por semana, crónicas na última página do Público.

Habitualmente, limito-me a ler o título – isto porque no início, desconhecendo a pestilência da criatura, li duas ou três crónicas e demorei semanas a recuperar. Estou em crer que quem lê sempre as crónicas de JMT, corre sério perigo de vida.

A de hoje intitula-se “Há algum perigo maior do que o Chega? Sim, o actual PS”

Por dever – e protegido por uma máscara anti-gás – decidi ler a crónica de hoje. No fundo, alimentei a falsa esperança de que JMT se tivesse passado definitivamente.

A crónica começa por revelar que há dois tipos de direita em Portugal: «A direita 1 considera aceitável que o PSD faça um acordo com o Chega para chegar ao poder (…). A direita 2 considera tal acordo inaceitável. (…) Como se sabe, eu faço parte da direita 1».

Portanto, ficamos a saber que o JMT não se importa que o PSD se alie ao Chega (coisa que já sabíamos, claro).

Depois de mais umas considerações para encher chouriços (uma página inteira do Público custa muito a preencher), JMT termina com este parágrafo espectacular:

«A direita 2, tal como a direita 1, não gosta de António Costa – só que não suporta as porcarias de Ventura. A direita 1 não suporta as porcarias de Ventura – mas sabe que ele é apenas o subproduto de um regime apodrecido. O primeiro responsável por esse apodrecimento não é o Chega. É o Partido Socialista.»

Que conclusão brilhante!

Dito de outra maneira, o primeiro responsável pelo apodrecimento do regime que deu origem ao Chega e ao Ventura, foi a maioria (absoluta) dos portugueses que votaram no PS.

Que fazer então?

Penso que a única solução é expatriar JMT, enviá-lo para outro país que tenha outro povo porque este não o merece!

Entretanto, vou forrar o caixote do lixo com a última página do Público…

Um padre pedófilo não compulsivo

O bispo de Santarém explica por que razão não suspende um padre que foi acusado de pedofilia.

Explica o bispo ao repórter da Sic: “Pelos exames a que foi sujeito […] e a conclusão foi que se trata de uma depressão. A pessoa está sobre uma depressão e fez o que não devia. Essa depressão não se configura com um pedófilo compulsivo. Não é a mesma coisa”.

O bispo estava a falar de um padre que abusou de duas meninas com 11 e 12 anos. estava deprimido, coitado…

Um dia acordou, sem saber o que fazer, deprimido, e abusou de uma menina de 11 anos. não foi uma compulsão.

Outro dia, deprimido como o caraças, abusou de uma menina de 12 anos. Nada de compulsão!

O padre estava sobre uma depressão , que é como quem diz, estava em cima de uma depressão. Que mais podia ele fazer se não abusar de meninas?

O bispo de Santarém é um cómico, o que não admira, já que se chama José Traquina.

Isto de os padres estarem deprimidos e desatarem a abusar de meninas ou meninos, não passa mesmo de traquinices!…

Como o bispo Traquina explicou à Sic, um pedófilo compulsivo abusa de menores mesmo sem estar deprimido. É uma compulsão. Como aquelas pessoas que não saem de casa sem ver vinte vezes se o gás está fechado.

Nada disto se passava com o padre em questão. Como o bispo Traquinas afirmou, ele até fez exames! Devem ter sido análises à pedofilia!

Ai Traquinas, traquinas – quando é que tu quinas?!

Xeque aos bispos

No xadrez, os bispos só andam na diagonal. Pelos vistos, na Igreja católica, também. Se andassem a direito, já tinham dado de caras com os padres abusadores. Mas parece que não viram nada.

O cardeal patriarca, com aquele sorriso cínico que lhe é tão característico, diz que só recebeu uma lista de nomes. Precisa dos factos e do contraditório.

Está-se mesmo a ver que querem confrontar as vítimas. “Então meu filho, não terás sido tu que te puseste a jeito?… Não mintas ou a ira do Senhor abater-se-á sobre ti, pecador!”

Ao fim e ao cabo, até foram poucos casos. Quantos milhões de católicos tem Portugal? Muitos! E quantos casos a Comissão Independente descobriu? Uns escassos milhares.

Até o presidente Sousa disse que estava à espera de mais. Neste segundo mandato, parece que o presidente Sousa anda um pouco distraído. Até se esqueceu que foi ele que convidou o presidente Lula para a sessão solene do 25 de Abril!

Mas voltando aos bispos.

Parece que uma boa parte dos membros da igreja católica seguiu à risca as palavras de Cristo: “Venham a mim as criancinhas”. Mas na versão mais prosaica de António Boto: “Gosto mais de fedelhos/ vou-lhes ao cu/ dou-lhes conselhos/ Enfim, gosto!”

Volta Passos Coelho, estás perdoado!

Tantas saudades!

Saudades de quando os professores davam aulas todos os dias e aceitavam prescindir de 10% dos salários, do subsídio de natal e do subsídio de férias, tudo para agradar à troika, como tu pediste!

Saudades dos comboios sempre a rolar, com os maquinistas felizes por estarem a ajudar o país a sair da bancarrota!

Saudades das urgências hospitalares quase vazias e dos médicos do privado a regressarem ao SNS, trazendo consigo os enfermeiros!

Saudades das casas para alugar a preços acessíveis, sobretudo aquelas casas para jovens, praticamente de graça!

Saudades dos impostos cada vez mais baixos, que nos deixavam margem para gastarmos dinheiro em marisco e outras loucuras!

E saudades do irrevogável Paulo Portas!

Diz-me que voltas, Passos, mas traz o Portas contigo! Mas avisa antes para ter tempo para fazer as malas e raspar-me daqui para fora!