PÃO COMANTEIGA NO CONTRA-ATAQUE –
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Programa emitido a 19 de Junho 1982
Guerra e paz
Faz hoje precisamente 113 anos que Leão Tolstoi escreveu
algumas linhas do célebre romance “Guerra e
Paz”. Não sabemos quais foram as linhas que
Tolstoi escreveu no dia 19 de Junho de 1869, mas o que importa
é que a data de hoje tinha obrigatoriamente que ser
assinalada pelo Pão Comanteiga.
Num mundo tão pacífico como o de hoje, em
que todos os conflitos são resolvidos através
de negociações amistosas com o apoio da ONU
e de outras organizações internacionais –
poderá parece obsoleto falar de guerra. No entanto,
pensamos que nunca é demais recordar os momentos
negros em que os homens s matavam uns aos outros por razões
as mais mesquinhas.
Por isso, aqui vai um Pão Comanteiga de guerra e
paz...
Frases
* Aquela general tinha uma boa estrela, mas de pouco lhe
servia. No que respeita às estrelas dos generais,
não interessa a qualidade, mas siam a quantidade.
* Os encarregados da preparação das rações
de combate não são os racistas?
* Os magalas, quando pequenos, são aqueles soldadinhos
com o corpo coberto de penas...
* Depois de soldado é que o cabo fica operacional.
* Em tempo de guerra fria limpam-se as armas de luvas.
* E quando disseram àquele prisioneiro de guerra
que iria ficar sob custódia, ele perguntou angustiado:
“Custódia? Não me arranjam antes uma
Sónia ou uma Paula?”
* Um guerreiro da Idade Média tinha entre 30 e 40
anos; se chegava aos 50 anos, era um guerreiro de Idade
Avançada.
* A guerra nuclear tem, pelo menos, uma vantagem: no fim
não é preciso assinar acordos de paz –
não há sobreviventes...
* Antes de 1939, nenhum realizador de Hollywood se abalançou
a fazer um filme sobre a 2ª Grande Guerra.
* A guerrilha urbana é impossível no Saara.
* As fardas militares lavam-se nos tanques de guerra.
* Quando os exércitos se retiram não podem
levar os canhões sem recuo.
* Durante os momentos de acalmia, as tropas norte-americanas
entretêm-se a mascas bazookas.
* Favorecendo a regionalização, o exército
espanhol deixou de fornecer granadas aos seus soldados;
agora fornece sevilhas.
PÃO COMANTEIGA NO CONTRA-ATAQUE
– 20
Programa emitido a 26 de Junho 1982
Futebol
Com o campeonato mundial de futebol no seu auge, realizando-se
algures na península ibérica, o Pão
Comanteiga decidiu dedicar alguns minutos do seu tempo de
Atenas (capital da Grécia), a este desporto-rei Juan
Carlos, sem querer, no entanto, desprestigiar a República.
Qualquer que seja a sua opinião sobre o futebol,
o que é certo é que ele arrasta multidões,
esfolando-lhes os joelhos. O futebol galvaniza como o aço,
empolga como as pulgas, emociona como as monções
e transforma-se, assim, no desporto preferido pelos que
gostam de futebol.
Ao contrário do que se pensa, o futebol não
se joga com 11 jogadores de cada lado. Com efeito, os jogadores
de um lado podem, caso estejam interessados, ir ao outro
lado marcar golo.
Portanto, os jogadores são 22 ao todo e distinguem-se
porque têm equipamentos diferentes. Há três
espécies de equipamentos: os de uma equipa, os da
outra e os dos guarda-redes. Nenhum usa gravata.
Para controlar o desafio existem três senhores vestidos
de negro. Um deles usa apito e cartões amarelos e
vermelhos, bem como uma esferográfica, apetrechos
que guarda ciosamente num bolso dos calções.
Também pode ser um lápis que a FIFA não
se importa. Este senhor é designado, arbitrariamente,
como árbitro, juiz, gatuno, sevandija e outros nomes
que não vêm para o caso.
Os outros dois senhores usam bandeirinhas coloridas e passam
o jogo todo a correr de um lado para o outro, junto às
linhas laterais – são os fiscais de linha e
a sua função é fiscalizar as linhas,
verificando se alguma é ultrapassada pela bola. Nesse
caso, levantam a bandeirinha e fazem sinais estranhos com
ela. Nunca aconteceu um avião aterrar nessa altura
apenas por uma questão de sorte.
O futebol é uma modalidade multifacetada. Se não,
vejamos:
- quando o guarda-redes rechaça a bola com os punhos
– é boxe.
- se o avançado executa um pontapé de bicicleta
– é ciclismo.
- se o guardião mergulha aos pés do adversário
– é natação.
- se o avançado dispara à queima-roupa –
é assassínio.
- se fuzila o guarda-redes – é carrasco.
- se dispara sem preparação – é
assassínio involuntário.
- quando a bola bate na barra – é galo.
- se passa por baixo das pernas do guarda-redes –
é frango.
- se bate duas vezes na barra – é vaca.
- se o avançado está à mama –
é a zoologia completa.
- se a bola pinga sobre a grande área – há
molho.
- se os avançados fazem tabelinha – é
bilhar.
- quando o jogador chuta na relva – é desprezo
pelos espaços verdes.
- quando atira para a terra de ninguém – é
perdulário.
- quando o avançado surge isolado na grande área
– é a solidão.
- quando o defesa corte – há sangue.
- quando o defesa se corta – é maricas.
- se o jogador se agarra muito á bola – é
fanático.
- se passa em profundidade – é o escafandrismo.
- quando o avançado se interna pelo centro do terreno
– está doente.
- se se agarra muito à linha – é alfaiate.
- se o guardião defende in extremis – é
latim.
- se o defesa alivia de qualquer maneira – é
porcalhão.
- se o defesa está sempre em cima do adversário
– é a dor nas costas.
- se o guardião oferece o corpo à bola –
é um depravado.
- se o jogador vai a todas – é um garanhão.
Frases
* Um jogo de futebol joga-se.
Não se diz puta...
* Nos grandes jogos, os jogadores trocam de camisolas no
final do encontro porque, se as trocassem antes do jogo
começar, o resultado poderia alterar-se.
* Um jogador equipado com pistola, faca e canivete, faz
jogo perigoso.
* A selecção do Equador tem muito dificuldade
em congelar a bola.
* A claque tanto torceu pela equipa da casa que a partiu.
Era um equipa frágil.
* Todos os golos da equipa da casa são marcados
na própria baliza.
* Quando uma equipa vai jogar fora, os jogadores devem
ir agasalhados.
* O “corner” foi marcado pelo “team”
da casa, o “back” meteu a mão à
bola, o árbitro assinalou o “penalty”,
mas o “keeper” protestou, afirmando que, antes,
tinha havido “off-side”, o que o “linner”
não confirmou.
O “match” terminou com o “libero”
a dar um “punch in the nose of the number nine –
that’s why football is a game tipically portuguese”.
* A transferência mais espantosa da época
foi a da cabeça do treinador para os pés do
goleador.
* Quando o centro partiu, o meio-campo ficou à deriva.
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