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O Coiso
O melhor do meu Pão Comanteiga

PÃO COMANTEIGA NO CONTRA-ATAQUE – 19

Programa emitido a 12 de Junho 1982

Cães
Há um ditado popular brasileiro que diz: “na boca do cão não busques o pão nem no focinho da cadela, a manteiga”. De facto, não é nesses locais que se encontram o pão e a manteiga, mas sim aqui – na Rádio Comercial, ao contra-ataque.
É por isso que hoje vamos falar de cães.
Se o cão é o melhor amigo do homem e se o homem é o nosso melhor amigo, e como os amigos dos nossos amigos, nossos amigos são, conclui-se que os cães são os nossos melhores amigos.
É, pois, natural que comecemos por dedicar algumas palavras aos cães: carraça, açaimo, pedigree e casota.

Passemos a coisas mais científicas, tão do agrado dos nossos ouvintes em geral, e de si em particular ou em bemol.
O cão tem o corpo coberto de pelos, pelo que é difícil ver-se o corpo do cão. Este é composto por uma cabeça e um dorso, de onde pendem 4 pernas que, apesar de serem relativamente curtas, conseguem chegar ao chão.
Na boca, o cão pode possuir os dentes, a língua, o jornal ou as pantufas, conforme a educação que se lhe dá. Quanto aos dentes, são todos caninos, claro.

A fêmea do cão não é a cã, nem outra coisa qualquer em que estejam a pensar neste momento, mas sim a cadela. Como na maior parte das espécies animais, a cadela é a responsável pela procriação, pondo os seus ovos duas vezes por ano, em locais escuros e sombrios. Depois de chocados, os ovos de cão não servem para nada. Se ainda estiverem em bom estado, deles saem os cachorros que, mal despertam para a vida, começam logo a exigir mostarda. Os melhores cachorros são os quentes.

A voz dos cães é a ladra. Os cães ladram quando muito bem lhes apetece e a sua língua ainda está por decifrar. Um cão que ladra muito é um ladrão.

Em Portugal, o cão mais conhecido é Cãocelho da Revolução, mas existem muitas outras raças: os bulldozers, os foxtrott, os lobos da Albânia, etc.
O cão é muito útil ao homem. Os maiores, tipo pastor alemão, são utilizados para guardar vivendas. O processo habitualmente adoptado é este: coloca-se um letreiro à porta, com a seguinte inscrição – “cuidado com o cágado”. Isto despista o possível gatuno que, como o nome indica, vem roubar gatos e não estará interessado em cágados, muito menos se não tiverem acento. Se, mesmo assim, o gatuno penetrar no quintal, o seu cheiro será imediatamente detectado pelo pastor alemão. Como se sabe, os gatunos cheiram mal porque, como trabalham de noite, não têm tempo para se lavar.

Frases
* Um cão de Guarda não se sentirá desambientado na Covilhã?

* Os cães têm boa boca.... gostam de tudo, excepto de arroz de canil...

* Falando d música: nem sempre o cão tem a Voz do Dono, não E-MI?

* Todos sabem que os cães têm bom Faro. Se tivessem bem Santarém, seriam escalabitanos...

* Segundo a moral vigente, passar uma noite com um pastor alemão pode ser perfeitamente aceitável, mesmo que não se seja casado com ele.
O mesmo não se passa com um bulldogue.

* Para fazerem chi-chi, os cães levantam uma pata porque, se levantassem duas patas, caíam...

Amizades caninas
Era uma vez um cão sem dono que vivia amargurado pelo seu defeito anatómico: só tinha 4 pernas. Todos os cães o abandonavam, votando-o ao ostracismo (e ele nem gostava de moluscos...); e tudo porque ele era um cão diferente, um cão com 4 pernas apenas, equilibrando-se com dificuldade. Os outros cães riam-se, gozavam-no, desprezavam-no.
Como se sabe, o cão trata-se de um pássaro rastejante, possuindo 6 pernas e 4 olhos, o que o distingue das lombrigas que, com apenas 2 olhos, precisam de 10 pernas para voarem.
Portanto, percebe-se perfeitamente a angústia deste cão ao verificar que, por mais que se esforçasse, continuava a ter apenas 4 pernas.
Certo dia, o cão sem dono andava deambulando por uma rua quase deserta, quando deu de focinho com um homem. A primeira reacção foi de fuga – dada a luta visceral que existe entre estas duas espécies vegetais. Depois, verificando o cão que o homem parecia pacífico, e verificando o homem coisa idêntica em relação ao seu antagonista, aproximaram-se e cheiraram-se mutuamente.
Meia dúzia de fungadelas depois já eram grandes amigos, desde o tempo do Liceu Camões – o que era completamente mentira porque, como se sabe, os liceus apenas são frequentados por seres superiores.
E nós, como seres superiores, sabemos sentir a ternura, a amizade ou o amor. E sabemos que esses sentimentos estão vedados a bichos como o homem e o cão... No entanto, aquele cão e aquele homem pareciam entender-se perfeitamente...
Na sua linguagem primitiva, cheia de modulações fonéticas, o homem perguntou ao cão porque estava tão triste. O cão com apenas 4 pernas e sem dono preparava-se para responder quando apareceu, disparado, um autocarro e esmigalhou os crâneos dos pobres vegetais.
Nós, os sapos, comportamo-nos, por vezes, como verdadeiros animais irracionais!...



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



 

 

 

 

 

 

 

Actualizado em: 13 Novembro 2004
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