Economistas de Família

Crise.

Vivemos acima das nossas possibilidades.

Cortes nos ordenados e nos subsídios.

Famílias falidas.

Crédito malparado.

A pressão dos mercados.

Dívida soberana.

Quem se consegue orientar por entre esta floresta de novos conceitos?

Que devo fazer para apertar o cinto, sem sofrer demais?

É nesta perspectiva que avanço com esta grande ideia: a criação da figura do Economista de Família, especialista em Economia Geral e Familiar.

À imagem e semelhança do Médico de Família, o Economista de Família teria a seu cargo uma lista de cerca de 1500 a 2000 utentes e seria da sua responsabilidade aconselhar os seus utentes sobre a melhor maneira de gerir os respectivos ordenados.

Poderei comprar uma máquina de lavar nova, apesar de não receber subsídio de Natal; estarei em condições de comprar um carro novo, a crédito; terei dinheiro para comprar um par de sapatos ou deverei, em primeiro lugar, renovar o meu stock de cuecas?

Estas e outras perguntas poderiam ser respondidas pelo nosso Economista de Família.

Vamos nisso?

Obrigado, Coelho!

Venho por este meio agradecer ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, ao ministro das Finanças, Vitor Gaspar e ao Àlvaro, o facto de terem decidido cortar-me os subsídios de Natal e de férias do próximo ano.

Feito estúpido, estava decidido a gastar esses dois subsídios em produtos portugueses, ajudando, assim, a dinamizar a nossa economia.

Que burro que eu sou!

Luis Filipe Vieira a ministro!

O BPN já nos custou 2,4 mil milhões de euros.

Foi agora vendido ao BIC por 40 milhões, apesar de haver outra proposta que oferecia 100 milhões.

Luis Filipe Vieira comprou o guarda-redes Roberto por 8,5 milhões de euros ao Saragoça.

Depois de um ano de péssima exibições, o mesmo jogador foi vendido ao mesmo Saragoça, por mais 100 mil euros.

Conclusão: Luis Filipe Vieira devia ser nomeado ministro da Economia!

Lixo!

A Moodys decidiu: Portugal é lixo!

Os PEC não são suficientes, a troika não resolve nada, o corte do subsídio de natal é escasso – nada satisfaz as agências de rating!

Somos lixo e pronto!

Passos Coelho conseguiu, em duas semanas, o que Sócrates não conseguiu em seis anos…

Nota: ah! a culpa não é do Coelho, é da Grécia… pois…

Ó Álvaro, posso tratar-te por pá?

O novo ministro da Economia, Álvaro (o apelido não interessa) é muito solto, muito sorridente, muito saltitante!

É natural – ele esteve Lá Fora, ele foi professor em faculdades Lá Fora.

Foi Lá Fora que ele aprendeu que até a reles secretária tratava o professor universitário por Mark.

Ó Mark, a que horas dás a próxima aula? Ó Mark, queres que eu te leve um café? Ó Mark, tira daí a mão, que os alunos estão a ver!…

Toda esta familiaridade entre a reles secretária e o super-génio é natural Lá Fora.

Cá Dentro, é Sr. Professor para a direita, Sr. Doutor para a esquerda (para a esquerda, não! Lagarto, lagarto! Que o Álvaro – o apelido não interessa – quer a esquerda bem longe!)

Então, o novo ministro da Economia visitou ontem uma feira de artesanato, o que é significativo. Com a crise, voltamos a fazer tudo à mão…

E o Álvaro pediu aos artesãos para espetarem uma bandeira de Portugal junto aos seus produtos. Um bandeira de Portugal no pastel de natal, no galo de Barcelos, na cavaca das Caldas!

Boa, Álvaro, tu é que sabes!

Estiveste Lá Fora, deves saber como é que se espevita a economia!

Um problema de insónia

Depois de anunciar ao país as novas medidas de austeridade, Teixeira dos Santos foi a correr a Bruxelas, informar os seus pares da União Europeia. Claro que ficaram todos muito satisfeitos, como é costume. Mais um país a cortar nos salários e a aumentar os impostos. Os mercados aprovam.

Depois, dos Santos referiu-se ao seu problema de insónia, dizendo:

Eu já desconfiava. As olheiras do homem são reveladoras.

E é assim: para tentar resolver um problema de insónia, sacam-me 10% do ordenado!

E ainda não estou descansado.

O Teixeira diz que, se não tivesse tomado estas medidas, não teria dormido. Vai daí, tomou-as. Mas, mesmo assim, dormiu mal!

Isto pode querer dizer que, para dormir que nem um anjinho, o homem pode muito bem vir a tomar ainda mais medidas do género.

Pára, Teixeira! Chega, homem!

PS – Não percam as ideias que o macacos tem para salvar o país

Não se importa de repetir?

No negócio Telefónica/PT/Vivo, o Estado português fez uso da Golden Share.

Ou da Golden Chair?

Ou da Chére Golden?

Tudo isto para impedir que a Telefónica comprasse a Vivo.

Morto ou Vivo, a PT não pode prescindir do mercado brasileiro.

Daí o uso da Golden Share – ou será Golden Cher?

Já houve tempos em que a Cher poderia ser considerada Golden… agora, muitas cirurgias depois, não passa de uma Plastic Cher.

Se existe uma Golden Share, é de supor que exista, também, uma Silver Share.

E se a Golden é usada contra a Vivo, será que a Silver será usada contra a Morto?

Confusão…

Com a nossa extensa plataforma continental, não será Golden Shore?

Are you sure it’s golden?

Yes – it’s Golden Share, sure!

Vá para dentro, cá fora

O ministro da Economia, Anibal Cavaco Silva, incitou os portugueses a ficarem por cá, nas férias: «neste tempo difícil que atravessamos, os portugueses devem fazer turismo no seu próprio país, pois é uma ajuda preciosa para ultrapassar a situação difícil em que o país se encontra», disse.

A estas declarações, reagiu o ministro da economia, Vieira da Silva, dizendo: «eu só espero que outros chefes de Estado de outros países não façam o mesmo apelo, porque se não perdemos uma fonte importante de divisas em Portugal.»

Perante isto, o ministro da Economia Cavaco Silva, retorquiu: «férias passadas no estrangeiro são importações e aumentam a dívida externa portuguesa. Sei muito bem daquilo que falo, porque conheço os números».

Toma!

E não: os dois ministros da Economia não estavam a discutir, na mesma sala. O primeiro Silva estava em Albufeira, Algarve, e o segundo Silva estava em Xangai, China.

O diálogo foi possível graças à calhandrice dos jornalistas, este constante leva-e-traz que consiste, por exemplo, em perguntar a um ministro qualquer qual é a opinião dele sobre, digamos, a eutanásia e, depois, ir a correr ter com outro ministro qualquer e bufar a opinião do primeiro, para ouvir a reacção do segundo; com sorte, a reacção do segundo ministro pode dar azo a uma declaração engraçada e, depois, é só voltar ao primeiro ministro e atirar-lhe com a afirmação do segundo ministro. E está lançada mais uma confusãozinha, que já dá para encher mais alguns minutos do telejornal.

Mas voltando aos ministros Silva: se eu fosse pela opinião do ministro da Economia, Cavaco, no próximo sábado, em vez de ir gastar euros para o Báltico, ficava a gastá-los em Almada. Mas também é verdade que, se todos seguissem esse exemplo, deixaríamos de ter estrangeiros a deixar cá os euros deles.

Juro que estou confuso.

Como é possível? Temos dois ministros da Economia e, mesmo assim, estamos em crise!