Teorias da Conspiração

Está-se mesmo a ver que Marcelo Rebelo de Sousa e a Lucília Gago, a Procuradora-Geral da República (para quem, daqui a uns meses, pergunte quem é essa?), combinaram, entre si, o modo de queimarem rapidamente o primeiro-ministro. Marcelo perguntou a Lucília se ela tinha alguma coisa que pudesse lixar o António Costa e ela respondeu que havia uma investigação sobre o lítio, o hidrogénio verde e ofícios correlativos que talvez pudesse envolver o Costa, mas que era uma coisa muito ténue. O Presidente da República disse logo para ela desenvolver o caso, que aquilo era o suficiente. Estava farto do Galamba e da impertinência do Costa! Vamos lixá-lo!

Ou então, não foi nada disso.

Foi o Ministério Público que, desde o tempo do Sócrates, quando acabou com as férias judiciais de três meses, que estava deserto para lixar os governos do PS. Assim que apareceu esta investigação, sugerida pela Dona Sandra Felgueiras, aproveitou e montou toda esta narrativa, de acordo com os apaniguados do André Ventura, porque toda a gente sabe que as polícias estão infiltradas pelo Chega.

Ou então, nada disto é verdade.

A verdade é que António Costa estava farto desta treta e não sabia como se havia de libertar. A mulher dele já lhe tinha dito que há que tempos que ele não lhe tocava e que não aturava mais reuniões de trabalho. Foi então que ele se lembrou de pedir ao Galamba para aceitar uns almoços e uns jantares pagos pelo data center de Sines, de modo a provocar o Ministério Público. Foi, aliás, o próprio Costa que meteu umas notas de 50 euros em quatro ou cinco envelopes e os escondeu no gabinete do Escária, de maneira a causar toda esta polémica. Ficou, assim, livre para ir namorar com a mulher.

Ou então, também não foi nada disto.

Se calhar, a verdade tem a ver com a força popular conseguida por Montenegro e Rui Rocha. Ambos, juntos, estão a entusiasmar multidões, de tal maneira, que o próprio Ministério Público achou que era altura de divulgar este processo escandaloso de corrupção, em que foram pagos jantares que ascenderam a 100 euros, de modo a fazer cair, finalmente, este governo corrupto até aos ossos e deixar que Montenegro e Rocha possam, enfim, liderar um governo, juntamente com Ventura.

Que lindo será o futuro de Portugal!

Parece que,a final, o PS perdeu

Curioso como a generalidade dos comentadores consegue fazer crer que, afinal, o PS não ganhou as eleições ou, no caso de ter ganho, foi por mera sorte.

De todos esses comentadores, destaco um, chamado João Miguel Tavares, mas poderia referir muitos outros que, dias antes das eleições, garantiram que António Costa estava derrotado, cansado, desgastado, perdido.

Depois, o PS conseguiu a maioria absoluta e esses mesmos comentadores, das duas, uma: ou fizeram de conta que nada tinha acontecido, ou desataram a inventar histórias para depreciar essa vitória.

Clara Ferreira Alves foi uma das que, nas vésperas das eleições garantiu que Costa estava nas lonas. Hoje, na primeira edição do Expresso após as eleições, CFA chamou à sua crónica semanal “Um Portugal Triste” – mas não fala nas eleições; ignora-as, falando no envelhecimento do país e na baixa natalidade. Pois…

Quanto a JMT, escreveu esta semana duas crónicas inacreditáveis.

Na primeira, JMT explica que “a forma como esta maioria absoluta foi atingida é mais milagrosa do que a chegada de Costa ao governo em 2015, após perder as eleições”. E acrescenta que esta maioria absoluta “exigiu uma conjugação de factores só ao alcance dos raros políticos que nasceram de rabo virado para a lua”.

Portanto, o PS obteve a maioria absoluta por sorte e por milagre.

Na segunda crónica, JMT diz-nos que estamos enganados se pensamos que Costa “ganhou em toda a linha. Não ganhou. O PS perdeu muitos votos à direita, nomeadamente para Rui Rio.”

E JMT faz umas contas mirabolantes para tentar demonstrar que, afinal, apesar de ter ganho com maioria absoluta, o que é certo é que o PS perdeu muitos votos e que, portanto, é muito capaz de ter perdido as eleições.

JMT tenta torturar os números para que eles confirmem as suas ideias. Pior que isso só o comentário da vice-presidente do PSD, Isabel Meirelles que, quando lhe perguntaram o que falhou na estratégia eleitoral do seu partido, respondeu com esta frase lapidar: “o que falhou foi o povo português”.

Acredita! A culpa é do Cabrita!

Todas as instituições têm um bombo da festa.

O bombo deste Governo é o ministro Cabrita.

O combate aos incêndios corre mal?

A culpa é do Cabrita.

O SEF tem inspectores que matam (sem querer) estrangeiros?

A culpa é do Cabrita.

A PSP e a GNR andam à deriva?

A culpa é do Cabrita.

Os imigrantes vivem amontoados em Odemira?

A culpa é do Cabrita.

O Sporting é campeão?

A culpa é do Cabrita.

Neste caso, é exagero. A culpa deve ser do Rúben Amorim e companhia, mas aquele ajuntamento de milhares de pessoas com camisolas às riscas, só pode ser culpa do Cabrita, que devia ter proibido o Sporting de ser campeão e arranjar as coisas de maneira a que, este ano, o campeão fosse, por exemplo, o Moreirense.

É que Moreira de Cónegos não chega aos 5 mil habitantes e os festejos seriam, de certeza, mais parcimoniosos, mais de acordo com os tempos pandémicos que vivemos.

Mas Cabrita permitiu que o Sporting fosse campeão e foi o que se viu: milhares de pessoas na rua, sem máscara, sem distanciamento social, gritando, expelindo gotículas de saliva em todas as direcções.

De certeza que, entre aquela multidão, estavam muitos tipos que protestaram contra a Festa do Avante e similares.

Daqui a uns dias, se quisermos saber a que clube pertence determinada pessoa, basta fazer-lhe um teste covid. Se for positivo, é porque é lagarto.

Se António Costa ainda duvidava, depois do que aconteceu ontem já pode avançar com a demissão do Cabrita, sem ficar com problemas de consciência.

E quanto ao facto do Sporting se ter sagrado campeão, 19 anos depois, a 2 dias de se comemorar a aparição da Senhora de Fátima, só pode ter sido milagre…

Tropa fandanga

Não sabia como tinha nascido esta expressão, muito usada pelos meus pais e avós, como significando um grupo de pessoas, geralmente, miúdos, malcomportados, ou malvestidos, ou ambas as coisas.

Pesquisando no site Ciberdúvidas, encontrei esta explicação:

“O termo tropa-fandanga é formado de duas palavras: o substantivo tropa e o adjectivo fandanga.

Tropa é um termo oriundo do francês troupe, redução de troupeau, «rebanho» (final do séc. XII), provavelmente do latim turba, «multidão em desordem ou movimento». Começou por designar um bando de animais e uma grande quantidade de pessoas juntas, uma multidão. No século XV, já a palavra era utilizada como designação de conjunto de homens de armas: este significado permanece, coexistindo, ao longo dos séculos, com o de grande quantidade de pessoas. No plural (as tropas), o termo passa a designar essencialmente os corpos militares que compõem o exército, o próprio exército, enquanto no singular tem várias acepções, da qual importa aqui a de «bando, multidão». Por curiosidade, refira-se que esta palavra é da família de trupe (tem a mesma etimologia), que significa conjunto de artistas, de comediantes, de pessoas que actuam em conjunto e, ainda, na gíria coimbrã, um grupo de estudantes trajados dispostos a exercer a praxe.

A palavra fandanga é a forma feminina do adjectivo fandango, formado do substantivo que designa a conhecida dança popular sapateada, termo este que entra em Portugal, vindo de Espanha, apenas no século XVIII. Pela conjugação da vivacidade da música, do ritmo, do barulho provocado pela dança e dos que nela participavam, o substantivo fandango passa a ser usado, em sentido figurado, na acepção de «balbúrdia». Surge, então, o adjectivo fandango, com o significado de «ordinário», «desprezível», «caricato», registado em dicionários portugueses no início do século XX.

Cria-se, assim, o termo tropa-fandanga, que significa gente desordenada, indisciplinada, grupo de pessoas que não merecem consideração, gente desprezível.”

Parece que a minha família aplicava bem este termo.

Quando fui mobilizado para fazer o Serviço Militar Obrigatório, nos idos de 1980, passei dois meses na recruta, nas Caldas da Rainha, e achei que aquilo era mesmo uma tropa fandanga.

Formámos um pelotão de médicos que se tinham safado da guerra colonial graças aos estudos universitários e, sobretudo, graças ao 25 de Abril.

Em 1974, eu estava apenas no 3º ano da faculdade de Medicina, e fui conseguindo adiamentos para servir a Pátria. Em 1977 terminei o curso e fiz o internato durante dois anos. Mais adiamentos. Em 1980 fui fazer o Serviço Médico à Periferia para Mourão, no Alentejo e, em setembro desse ano, acabaram-se os adiamentos. Em vez de ir fazer consultas médicas aos alentejanos, fui aprender a montar e desmontar G-3, a fazer ombro-arma e funeral-arma e outras mariquices próprias da tropa.

Foi por isso que escrevi que o melhor da tropa eram as lições de dança – porque a chamada ordem unida não passa de verdadeiras lições de dança, onde os praças aprendem a marchar a compasso, a virarem para a direita ou para a esquerda ao mesmo tempo e a apresentarem a arma de forma digna e correcta.

E para quê, num país em paz?

Para nada!

A Costa Rica não tem forças armadas e está bem, muito obrigado.

Nós temos… porque sim.

Vem tudo isto a propósito de Tancos.

Para memória futura apenas recordo que armas e munições foram roubados dos paióis de Tancos e que, meses depois, os ladrões parece que se assustaram e concordaram em devolver as armas e munições, que foram encontradas na Chamusca.

Durante dois anos, o Ministério Público investigou este assombroso caso (coisa que qualquer CSI resolve num episódio de 50 minutos) e esta semana, em plena campanha eleitoral, designou como arguidos, além dos ladrões, uma série de militares e um ministro, culpados de terem encenado o encontro das armas. Parece que a Polícia Judiciária Militar, para fazer pirraça à PJ civil, negociou com os ladrões a devolução das armas, de modo a parecer que fora um grande feito da investigação. Tudo isto, com o conhecimento e conivência do ministro da Administração Interna, quem sabe do primeiro-ministro, quem sabe, até, do presidente da República.

Portanto, esta tropa que deixa os seus paióis serem assaltados desta maneira tão artesanal e que, depois, entra em negociações com os ladrões para reaver o furto, só para passar a perna aos seus congéneres civis, não passa de tropa fandanga.

E se algum ministro, primeiro ou segundo, e algum presidente, foram coniventes com esta farsa, isso só mostra que, apesar de ser uma instituição ultrapassada e inútil, a tropa ainda consegue meter medo a muita gente.

Claro que os dirigentes da Direita, sobretudo o impoluto Rui Rio, aproveitaram esta brinca para desancarem no ministro Azeredo Lopes e no chefe do governo, António Costa.

Rui Rio, o tal que é contra julgamentos na praça pública, já julgou e condenou o Lopes e o Costa – são ambos culpados de terem participado na farsa da recuperação das armas.

Se eu fosse ao Costa, desistia já das eleições e deixava o Rio ganhá-las e formar governo. Depois, sentava-me à espera de ver como a tropa o iria assar em lume brando, até ele ficar completamente chamuscado.

É que não se brinca com a condição militar…

Cristas, gatos, Félix e Chega!

O importante são os pormenores.

As grandes parangonas já não espantam ninguém: agora, à falta de incêndios, temos o inquérito parlamentar da Caixa, mas ~e a mesma coisa que nada, uma vez que ninguém se lembra de coisa nenhuma.

Os empréstimos que se fizeram, as reuniões a que se assistiram, tudo isso está turvo, nas brumas da memória, ó pátria, mal se ouve a voz, dos teus igrejos avós…

Por isso, temos que nos contentar com pequenas notícias.

Primeira: a Sãozinha Cristas, líder do CDS e futura primeira-ministra (isso queria ela, tadinha!), vai lançar um livro no próximo dia 24. Chama-se “Confiança” e vai ser apresentado pelo Pedro Mexia, aquele senhor de barbicha, assesaor do Marcelo, membro do governo sombra, e que é intelectual e tudo!

Mexia (se eu deixasse…) também escreve críticas literárias mas, depois de saber que vai apresentar o livro da Cristas, acho que nunca mais vou ler uma crítica dele…

Diz a notícia que o livro é sobre “economia, pobreza, demografia, justiça, mar, cultura, alterações climáticas e liderança no futuro”.

Nem uma palavra sobre o arroz de atum que a Sãozinha cozinha, dizem que muito bem…

Ai Mexia… e a tua poesia?…

Mexia tem pinta de gostar de gatos, e deve ter sido ele a aconselhar o Presidente a promulgar a lei que aprova o Sistema de Informação de Animais de Companhia (SIAC).

O SIAC estabelece que todos os gatos passem a usar microchips. Deste modo, evitamos que haja gatos espiões, que passem informações para o inimigo.

Estás a miar? Olha que nós estamos a escutar!…

Esta do gatos microchipados passou despercebida porque toda a gente estava entretida a contar os milhões que o João Félix vai ganhar no Atlético de Madrid.

O puto, com apenas 19 anos, salta do Benfica para os madrilenos, e vai ganhar cerca de 800 euros por hora.

Sabendo que, segundo a Ordem dos Médicos Dentistas, há recém-licenciados a trabalhar por 4 euros à hora, está na cara que mais vale dar chutos na bola que tratar cáries dentárias…

Mas o mais escandaloso é que, para além dos juízes, também o João Félix irá ganhar mais que o primeiro-ministro…

Convenhamos que o Costa, com aquela barriga, também não deve ser capaz de marcar golos…

Mas o que mais me preocupou foi o adiamento da Convenção do Chega, aquele Partido novo que concorreu às europeias sob o nome de Basta.

O seu líder, André Ventura, anunciou que a primeira Convenção do Chega vai ser adiada de 22 para 29 de Junho.

A notícia não explica a razão deste adiamento, mas deve ser devido à complexidade da ideologia do novo Partido.

Imagino a dificuldade em elaborar Teses, Documentos doutrinários e outros textos de fundo sobre um Partido chamado Chega…

Se ainda fosse Livra, ou Safa… ou mesmo, Fosga-se!…

Cozinho para as eleições

Este título do Público fez-me espécie:

“Cataplana de Costa foi mais vista do que arroz de Cristas”

Conheço cataplanas de tamboril e de marisco e arroz de ervilhas ou de cenoura, mas nunca tinha ouvido falar de cataplana de Costa, muito menos de arroz de Cristas.

Fui investigar.

Parece que existe um programa de televisão, chamado Programa da Cristina, que tem muito sucesso. Descobri que essa tal Cristina, de apelido Ferreira, é uma mulher que subiu as pulso, tendo passado de feirante a apresentadora de televisão em poucos anos, auferindo agora um ordenado de jogador de futebol (gosto muito do verbo auferir…).

Descobri até que o próprio Presidente Marcelo telefonou à tal Cristina, a dar-lhe os parabéns pelo programa – coisa que nunca fez comigo, ao longo de todos estes anos de dedicação à escrita. Mas enfim, continua a haver filhos e enteados…

Esse tal Programa da Cristina é diário e há umas semanas foi lá a líder do CDS, Assunção Cristas, e cozinhou, em directo, um arroz de atum.

Fiquei mais descansado.

Afinal o arroz não era de Cristas, era de atum.

Dias depois, o primeiro-ministro, António Costa, também foi ao programa e cozinhou uma cataplana de peixe.

Tudo explicado!

Ora, o Público relatava na notícia com aquele título que, enquanto o arroz de Cristas foi visto por 493 mil pessoas, a cataplana do Costa foi vista por 745 mil pessoas.

Não chega à maioria absoluta, mas anda lá perto…

Se a Cristina for esperta, leva ao seu programa o Rui Rio, para cozinhar uma francesinha, o Jerónimo de Sousa, para fazer umas pataniscas e a Catarina Martins, para preparar um prato vegan, à escolha.

Quanto ao Santana Lopes, se fosse ao tal programa, teria que se contentar com restos…

Daqui a 10 anos…

Quando eu ler isto daqui a 10 anos…

Os britânicos, em referendo, decidiram sair da União Europeia mas, na prática, não o estão a conseguir. Se calhar, queriam sair assim, sem mais nem menos, mas a UE não foi na conversa e foi aprovado um acordo, que teve a assinatura da primeira-ministra Theresa May, mas não teve a aprovação do Parlamento britânico. Conservadores e Trabalhistas dizem querer sair da UE, mas não assim – então como?

Ninguém sabe e, a 29 deste mês, acaba o prazo estabelecido e, ou o Reino Unido adia a saída ou sai sem acordo, o que parece ser catastrófico.

À beira da catástrofe está a Venezuela, dominada por um Presidente que veste fatos de treino coloridos e que se diz herdeiro de Símon Bolívar. Este é o Presidente que dizem ser usurpador, Nicolas Maduro, seguidor de Hugo Chávez, e que surge na TV rodeado de milhares de apoiantes, todos vestidos com cores garridas, as da bandeira da Venezuela. Mas há outro presidente, Juan Guaidó, líder da Assembleia Nacional e que se auto-proclamou presidente interino, e que se passeia pelo Brasil, Colômbia, Argentina e Equador, colhendo apoios. Num arremedo de Guerra Fria, em tempos de aquecimento global, os Estados Unidos apoiam Guaidó e a Rússia apoia Maduro. No meio, fica o povo, pelos vistos, cheio de fome.

Na Rússia manda o Putin, nos Estados Unidos, Donald Trump. Putin foi agente do KGB, deixa-se fotografar em tronco nu, a pescar ou a andar a cavalo, caminha com as pernas arqueadas, gingando o tronco, parece um vilão saído dos filmes do 007. Trump é um calmeirão bronco, com gravatas até à braguilha, cabelo oxigenado e preso com laca e pele bronzeada por solário. Nunca trabalhou na vida – especulou, sempre, e não acredita no aquecimento global, nem na evolução das espécies, julgo eu. Aliás, ele próprio é a prova de que Darwin, se calhar, estava errado – a espécie não está a evoluir, continuam a surgir gerações espontâneas de idiotas.

Não só na América. Por cá, também.

Agora surgiu um juiz, chamado Neto Moura, que acha que o facto de um homem rebentar o tímpano da sua companheira com um soco, não é violência extrema, porque não foi usada nenhuma arma. O mesmo juiz também escreveu que, segundo a Bíblia, uma das piores ofensas que podem ser feitas a um homem, será o adultério – e por isso mesmo, foi benevolente na condenação do ex-companheiro e do amante que sovaram uma mulher, usando uma moca de pregos.

Muitos comentadores ficaram indignados com estas decisões do juiz e chamaram-lhe nomes; em resposta, ele avisou que os vai processar por injúria. Espero bem que o juiz não lhes rebente os tímpanos, nem os sove com a moca de pregos porque, entre os que vai processar estão duas moças, duas Joanas, a Amaral Dias e a Mortágua que, coitadas, não merecem tal sorte.

Quem também não merece tal sorte são os clientes do Novo Banco, ex-Banco Espírito Santo.

Quando foi anunciado que o BES estava na fossa, tanto o Governo do Passos Coelho, como o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, apresentaram uma solução que – garantiram eles – ia salvar o Banco. Criaram um Banco bom e um Banco mau e, para o Banco bom, supostamente, só passaram as coisas boas.

O pequenino Marques Mendes, em 2014, dizia que o Banco bom nunca precisaria do dinheiro do Estado (ver aqui), mas agora vem dizer que Mário Centeno enganou a malta porque, afinal, vai ser preciso meter lá mais mil e tal milhões de euros. Mas, espera lá, quem era ministro das Finanças em 2014?… Então não era a pê-ésse-dê Maria Luís Albuquerque?…

Mas já estamos habituados a estas mudanças de opinião: quando se está no Governo, diz-se preto, quando se está na oposição, diz-se branco, ou vice-versa.

Um bom exemplo é a Dona Assunção Cristas. Quem a oiça hoje falar – o que acontece todos os dias, em todos os telejornais – pensará que ela nasceu este ano para a política, que nunca esteve no Governo, que nunca tomou nenhuma decisão em Conselho de Ministros, sobre as rendas de casa, sobre o SNS, sobre o Novo Banco, sobre tudo e mais alguma coisa. Cristas é pura, inocente e virgem – salvo seja!…

Enquanto isto, o Costa, com aquele seu ar de Buda satisfeito, tenta passar entre os pingos da chuva – que, aliás, está escassa – mas vai ter vários fogos para apagar até às eleições, em outubro.

A começar pelos professores, que querem que lhes seja contado o tempo de progressão na carreira, que foi congelado, os tais 9 anos e alguns meses. O problema é que, ao descongelar esse tempo para os professores, o Governo tem que fazer o mesmo para todas as restantes carreiras da Função Pública.

Depois, há os enfermeiros, que querem começar a carreira a ganhar 1600 euros e, aos 57 anos, reformarem-se sem penalizações. Para isso, seria preciso aumentar todas as carreiras que exigem licenciatura (técnicos superiores, psicólogos, fisioterapeutas, etc) e considerar muitas outras carreiras como sendo de risco. Em breve estaríamos como na Grécia, em que a única carreira que não era de risco era a de guarda-livros (seria?…)

E há ainda os magistrados, os guardas-prisionais, os auxiliares de toda a espécie, os bombeiros, os sapadores, os das fronteiras, os estivadores, camionistas, guardas-florestais, funileiros, pintores e ofícios correlativos.

Se fosse ao Costa, dava tudo a todos e entregava o Governo ao Rui Rio, ao Santana Lopes ou até ao Conan Osíris que, pelos vistos, tem, agora, a aprovação de todos porque é moderno e bué da giro.

Vão mas é dar banho ao cão!…