“Património”, de Philip Roth

Em 1991, Roth publicou este comovente livro que narra os últimos tempos da vida do pai do escritor. Como está explícito no subtítulo, esta é “uma história verdadeira” e Roth “limita-se” a descrever como foi a vida do seu pai, desde que ficou sozinho, após a morte súbita da mulher (e mãe de Roth) e depois de lhe ter sido diagnosticado um tumor cerebral, que lhe foi limitando a autonomia.

Embora provenha de uma família religiosa judaica, Roth escreve com um ateu. A vida é assim mesmo, a morte também; não há compensações ou castigos, conforme nos portamos melhor, aos olhos de um deus que, achamos nós, os ateus, não existe. Portanto, a vida, a doença, a sobrevivência, a luta diária e a morte, são tudo coisas que acontecem a todos os seres vivos, judeus, católicos, muçulmanos, ateus.

O livro não é, como poderia ser, uma ladainha tristonha ou uma verborreia encomiástica. É um texto simples, no qual transparece a admiração de Roth pelo seu pai, o seu amor genuíno, adulto, maduro. Um excelente testemunho que o pai de Roth gostaria de ler, penso eu…

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