Irrevogabilidades e incompatibilidades

Em julho de 2013, Paulo Portas apresentou a sua demissão do Governo, em ruptura total com Passos Coelho. Parece que não gostou da nomeação de Maria Luis Albuquerque para o cargo da ministra das Finanças.

E disse que essa decisão era irrevogável.

Não foi, como se sabe.

Portas continuou no Governo e lá continuaria se não tivesse sido apeado por aquilo a que ele apelidou de geringonça.

Agora, com aquele ar digno de quem leva a República muito a sério, despediu-se da Assembleia da República e vai trabalhar para a Mota-Engil.

Vai ser colega do Jorge Coelho que, depois de ter sido ministro do Equipamento, aceitou o cargo de CEO na dita empresa.

Nada de incompatibilidades.

Coincidências.

Portas, enquanto ministro dos Negócios Estrangeiros, fez seis viagens à América Latina; chamou-lhes diplomacia económica. A Mota-Engil fez parte de todas as comitivas.

Agora, a Mota-Engil criou o cargo de consultor para a América Latina e convidou Paulo Portas.

Nada de incompatibilidades.

Coincidências.

Simples coincidências…

Afinal, Portas faz o que todos fazemos: trata da vidinha dele.

Pena que faça de conta que é diferente…

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