“História Libidinosa de Portugal”, de Joaquim Vieira (2019)

Nada destas coisas nos ensinaram no Liceu!

São centenas de bastardos a inundar a História de Portugal e que Joaquim Vieira decidiu investigar e reunir neste volume que escorre facadas no matrimónio.

Praticamente todos os reis tiveram amantes (ou barregãs, termo espantoso) e, consequentemente, filhos ilegítimos, que só não foram mais porque a mortalidade infantil era muito alta.

E entre essas barregãs, muitas eram freiras que, embora casadas com Cristo, recebiam no seu regaço os membros viris da realeza…

Um exemplo (pág. 62):

“Sendo as suas (de D. Dinis) visitas às religiosas feitas durante a noite, D. Isabel, ao saber por antecipação de uma dessas incursões, terá aguardado o marido a meio do percurso de ida, acompanhada por damas da corte com archotes acesos, dizendo ao rei quando surgiu: «Ide vê-las. Nós alumiamos o vosso caminho». E assim teriam nascido os nomes de Lumiar (a meio caminho do trajecto) e de Odivelas» (onde ficava o Mosteiro de Odivelas, onde D. Dinis ia molhar o bico…)

O livro está organizado por ordem cronológica, começando com a fundação de Portugal e das aventuras extraconjugais de D. Afonso Henriques e vai por ali fora, seguindo as várias dinastias.

Para além da listagem de amantes e de bastardos, Vieira conta-nos também outras histórias curiosas, como esta, na página 245, sobre a fealdade de D. João VI e da sua futura esposa Carlota Joaquina.

Ambos seriam tão feios que o marquês de Bombelles afirmou “ser preciso «fé, esperança e caridade para consumar este ridículo casamento: a fé para acreditar que a infanta é uma mulher; a esperança para crer que dela nascerão filhos; e a caridade para resolver fazer-lhos»”

Terminada a monarquia, também a República teve os seus episódios libidinosos (curiosa a história em volta de Balsemão e do seu ilegítimo) e Joaquim Vieira relata alguns deles, terminando relatando a tendência que José Sócrates mostrou para ajudar mulheres em aflições de dinheiro, sugerindo que, por vezes, também ele se socorria de senhoras da mais velha profissão do mundo.

O livro termina com esta frase curiosa:

“Ditosa pátria que tais filhos tem, empenhados, dia após dia, em dar continuidade à história libidinosa da nação”.

Aconselho a leitura (edição Oficina do Livro)

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