“The Girl With The Dragon Tattoo” (2011), de David Fincher

Fincher conseguiu uma excelente adaptação do livro de Stieg Larsson. Li “Os Homens que Odeiam as Mulheres” em agosto de 2009 e ontem, ao ver o filme, recordei tudo o que li e pareceu-me que nada de importante ficou de fora.

The Girl With The Dragon Tattoo” é filmado a um ritmo alucinante, sem momentos de quebra. O ritmo é logo marcado pelo genérico, que nos dá muitas informações sobre a história, que só quem já leu o livro reconhece, e pelo tema musical que acompanha essa sucessão de imagem – a excelente “Imigrant Son”, dos Led Zeppelin, numa versão superior de Trent Reznor e Karen O.

E depois, a fotografia de Jeff Cronenweth, é cinzenta, quase a preto e branco, o que vai muito bem com a história e com a luz própria da Suécia, durante o Inverno.

Como já é público, Stieg Larsson morreu pouco depois de ter assinado o contrato para publicar a sua trilogia Millenium. Grande fumador, regressava à redacção da sua revista, a Fox, quando deparou com o elevador avariado. Decidiu subir os sete andares e morreu, pouco depois de chegar lá acima.

Se estivesse vivo, era bem capaz de aprovar a escolha de Rooney Mara para interpretar o papel de Lisbeth Salander, a verdadeira heroína desta história.

Mara pegou bem na personagem e, para quem leu o livro, é uma Lisbeth convincente.

Quanto a Daniel Craig, também não tem grande dificuldade em personificar o jornalista/investigador Mikael Blomkvist.

Mas o principal culpado do excelente resultado final deste filme é David Fincher.

Desta vez, tenho que aplaudir quem decidiu traduzir “The Girl with the Dragon Tattoo” por “Os Homens que Odeiam as Mulheres”, que é a tradução correcta do título original do livro, que é “Man Som Hatar Kvinnor”.

“A Rainha no Palácio das Correntes de Ar”, de Stieg Larsson

milenium3Três dias de gripe A (ou B…) e umas 9 horas de leitura e acabei com a trilogia “Millenium”, do sueco Stieg Larsson.

O 3º volume é, muito provavelmente, o mais interessante dos três calhamaços. É neste volume que se atam todas as pontas soltas que envolvem a estranha e aventurosa vida de Lisbeth Salander, uma hacker super-dotada, filha de um espião russo que trabalhava para uma secção muito especial dos serviços secretos suecos, à revelia das próprias autoridades e mais, e mais…

O argumento é astucioso e tem suspense suficiente para nos agarrar e, a dado passo, até nos esquecemos que tudo isto se passa na Suécia e não em Nova Iorque ou Miami.

Continuo a achar que o escritor não conseguiu eliminar partes do livro que são perfeitamente dispensáveis. Por exemplo, este naco:

“Meteu-se no Volvo e dirigiu-se ao centro da cidade, onde bifurcou, por Stora Essingen e Grondal, para Sodermalm. Meteu pela Hornsgatan e chegou à Bellmansgatan pela Brannkyrkagatan. Virou à esquerda na Tavastgatan, próximo do pub Bishop’s Arms, e estacionou junto à esquina”.

Bem sei que todas estas indicações conferem alguma realidade à coisa, mas que me interessa a mim o percurso que o tipo fez para chegar ao pub? E para quem não conhece Estocolmo, o escritor podia ter posto ali outros nomes quaisquer, que era igual ao litro.

E existem longos parágrafos com descrições semelhantes, o que acaba por quebrar um pouco o ritmo à história. Mantendo a mesma história e reduzindo o tamanho dos livros, Larsson conseguiria um efeito ainda mais explosivo.

Mas enfim, foi um bom companheiro nestes três dias de gripe, em que o ânimo não daria para obras de outro fôlego.

“A Rapariga que Sonhava com uma Lata de Gasolina e um Fósforo”, de Stieg Larsson

millenium2Este segundo volume da trilogia “Millenium” é mais fraco que o primeiro.

Stieg Larsson, o tal escritor sueco que entregou estes três calhamaços para publicação e, depois, morreu de ataque cardíaco, enche algumas páginas com “palha”, conversa mole, em que nada acontece, como este naco:

“Dormiu até quase ao meio-dia. Quando acordou, decidiu que era mais do que tempo de mudar os lençóis. Passou a tarde de sábado a limpar o apartamento. Levou o lixo para fora e juntou os jornais em dois sacos de plástico que deixou no papelão. Fez uma máquina de roupa interior e t-shirts, e a seguir outra de jeans. Encheu a máquina de lavar loiça e pô-la a funcionar. Finalmente, aspirou e lavou o cão. Às nove da noite, estava encharcada em suor. Preparou um banho, com montes de espuma. Recostou-se na banheira e fechou os olhos, para pensar. Acordou à meia-noite, e a água estava fria. Secou-se e foi para a cama. Adormeceu quase instantaneamente.”

Sabendo que a senhora que fez todas estas coisas é a “hacker” Lisbeth Salander, perita em artes marciais e capaz de torturar bandidos e dar tiros a calmeirões, soa um bocado a falso e conversa para encher chouriços.

O outro herói, continua a ser o super-jornalista Mikael Blomkvist e, neste 2º livro da trilogia, o tema é tráfico de mulheres.

Sinceramente, quase que não me apetece ler o 3º volume…

“Os Homens que Odeiam as Mulheres”, de Stieg Larsson

millenium1A história é conhecida: Stieg Larsson foi jornalista e editor da revista sueca Expo. Morreu subitamente, em 2004, com 50 anos, pouco depois de entregar para publicação a trilogia “Millenium”.

Larsson não assistiu, portanto, ao êxito instantaneo destes seus três calhamaços, que nos contam as aventuras do super-jornalista da revista Millemiun, Mikael Blomkvist e da hacker associal, Lisbeth Salander.

Neste primeiro volume, Blomkvist e Salander resolvem o caso do desaparecimento de Harriet, uma descendente da poderosa família Vanger, desaparecida há 30 anos.

A escrita de Larsson é escorreita, a história está bem contada e esta é a leitura indicada para o tempo de férias.

Só é pena eu não estar de férias…