Dexter – 4 temporada (2009)

Dexter é uma das minhas séries preferidas, mas deve ser vista com parcimónia.

São 12 episódios mas, se os virmos à razão de um por dia, 12 dias seguidos, arriscamos uma depressão reactiva nas semanas seguintes.

Durante o dia, Dexter Morgan é o especialista em sangue na Miami Police mas, durante a noite, é um serial killer muito especial, que só mata e esquarteja os bad guys.

Michael C. Hall compõe um psicopata perfeito e a sua performance, por si só, faz com que valha a pena ver a série. Mas os argumentos também são muito bons e as personagens secundárias, muito ricas.

Nesta 4ª temporada, para além de despachar um bandido por episódio, Dexter ainda tem que se preocupar com um perigoso psicopata, conhecido por Trinity, e superiormente composto por John Lithgow.

O último episódio desta temporada é devastador e, embora goste muito da série, e embora já tenha a 5ª temporada pronta para ser vista, tenho que descansar um pouco do clima pesado que Dexter impõe.

15 anos de Emergency Room

A série televisiva ER, estreou na NBC, a 19 de Setembro de 1994 e manteve-se durante 15 temporadas; o último episódio foi para o ar a 2 de Abril de 2009.

O seu criador, Michael Crichton (1942-2008), era um médico que nunca exerceu medicina e que ficou conhecido por ter 2 metros e 6 centímetros de altura e por ser autor de diversas novelas que, adaptadas ao cinema, se tornaram êxitos instantâneos, como “Jurassik Park” e “Andromeda Strain“.

Crichton morreu de linfoma, um ano antes do final da série que ele criou, com a ajuda de Steven Spilberg, produtor da primeira temporada.

Na verdade, Crichton só escreveu os três primeiros episódios, mas a concepção de toda a série é de sua autoria: a acção decorre nas urgências de um hospital público de Chicago, onde acorrem todo o tipo de doentes, desde baleados a vítimas de frieiras.

Por razões pessoais, ER foi a série televisiva que mais me marcou.

Séries de médicos, sempre houve, desde o velho Dr. Kildare, ao actual House, mas ER é a única que tem verosimilhança, embora as últimas temporadas sejam já muito romanceadas, aproximando-se mais do estilo soap opera.

Uma das características de ER é a sua cinematografia. Um doente chega, transportado numa maca e rodeado de paramédicos, um deles, encavalitado no doente, fazendo-lhe massagem cardíaca; rapidamente, médicos e enfermeiros da urgência acercam-se do doente e fazem perguntas rápidas, que são respondidas pelos paramédicos, as circunstâncias do acidente e os sinais vitais são relatados em frases curtas e incisivas, um dos médicos dá ordens claras e precisas e corre a assistir o próximo doente, a câmara acompanha-o, novo diálogo rápido com outra equipa de paramédicos e a câmara continua a acompanhar o médico que, entretanto, já deu a volta toda ao cenário. A cena decorre sem nenhum corte aparente, o que ainda dá mais emoção à acção.

Esta maneira de filmar conferiu a muitos episódios do ER mais suspense e emoção do que muitos filmes de aventuras.

Ao longo de 15 anos, a série foi perdendo algumas das suas figuras míticas, a começar pelo pediatra Dr. Ross, interpretado por George Clooney. A enfermeira Hathaway, interpretada por Julianna Margulies (hoje, a protagonista da série The Good Wife), saiu logo a seguir, mas foi com a saída de Mark Green, o chefe das urgências, que a coisa começou a descambar. Interpretado por Anthony Edwards, o Dr. Green era o bonzinho que aguentava todos os conflitos do County Hospital e que tentava sempre o consenso. Morreu com um tumor cerebral em 2002 e deixou a série mais pobre.

Mas a machadada final foi dada com a saída de John Carter, que se manteve nas primeiras 11 temporadas. Interpretado por Noah Wyle, o Dr. Carter, literalmente, cresceu com a série.

Wyle tinha 23 anos quando começou a interpretar o papel do estudante de Medicina, John Carter, e saiu da série já com 34 anos. Voltou na 15ª temporada, desgostoso e com insuficiência renal, coitado…

Nomeada para 124 Emys, ER ganhou 23.

Acabei agora a 15ª e última temporada e, apesar de já bocejar durante alguns episódios, tenho pena de não poder ver novos episódios de ER.

 

“The Good Wife”, 1ª temporada

Ainda é possível fazer uma série de advogados que traga algo de novo e que consiga agarrar o espectador?

Claro que é, e “The Good Wife” é um bom exemplo.

Confesso que os primeiros episódios não me entusiasmaram e até passei pelas brasas. Mas, a pouco e pouco, “it grows on you” e, às tantas, estamos agarrados ao “plot”.

A “good wife” é Julianna Margulies (a enfermeira Hatahway das primeiras séries do ER), que faz o papel da seráfica, mas boazinha, advogada Alicia Florrick. Ela deixou de trabalhar há muitos anos, para passar a encarregar-se da casa e da educação dos dois filhos, agora adolescentes, enquanto o marido (Chris Not, o Mr. Big do “Sex and the City”), prossegue a sua carreira de State Attorney de Cook County, Chicago.

Só que o marido é envolvido num escândalo sexual com prostitutas, acusado de corrupção e preso. E Alicia tem que voltar a trabalhar.

A firma de advogados onde a Mrs. Florrick exerce, é chefiada por um antigo colega do liceu, Will Gardner (Josh Charles), que tem um fraquinho por ela e que passa alguns episódios a ver se a desvia para a cama, e pela sua sócia Diane Lockhart (Christine Baranski).

Para além destas personagens, destaque ainda para a Kalinda Sharma (Archie Punjabi), que é uma espécie de detective que trabalha em estreita colaboração com os advogados.

Os casos tratados em tribunal são quase todos curiosos e complexos e, muitas vezes, Alicia encontra um modo de os resolver recorrendo ao chamado bom senso de uma dona de casa e mãe de família, isto é, de uma “good wife” ou, como se dizia (e ainda diz) por cá, com a argúcia da “minha patroa”.

Para além dos casos, corre, em paralelo, a história de Peter Florrick que, apesar de andar enrolado com prostitutas, parece não ser assim tão corrupto e acaba por conseguir uma liberdade com pulseira electrónica, enquanto vai tentar demonstrar a sua inocência.

A série é da autoria de Michelle e Robert King, vagamente inspirada no escândalo de Eliot Spitzer, produzida por Tony e Ridley Scott para a CBS e passa no Fox Life.

24, Flashforward e outras séries

Já não se fazem séries como antigamente.

As primeiras três ou quatro séries de 24 deixavam-nos em apneias que punham em risco a nossa vida. Cada episódio terminava de modo tão suspenso que era quase impossível ver o episódio seguinte ou, em alternativa, íamos para a cama a sonhar com o Jack Bauer a morder orelhas de bandidos vários.

Depois, à medida que a série foi envelhecendo e, sobretudo, depois da greve dos argumentistas, 24 foi perdendo gás e esta 8ª e última temporada, embora seja melhor que as duas anteriores, já nada tem a ver com as primeiras.

Bauer continua imbatível e Kiefer Sutherland construiu uma personagem sólida e consistente e os últimos três ou quatro episódios desta 8ª temporada valem pelos outros todos.

Vou ter saudades do Bauer…

Mas outras séries nos têm despertado a atenção.

Flashforward foi uma delas.

A série é baseada na novela com o mesmo nome, publicada em 1999, e da autoria do escritor canadiano Robert J. Sawyer. O plot é engenhoso: num determinado dia, toda a população mundial desmaia durante pouco mais de 2 minutos e, durante esse desmaio, todos têm uma visão do seu próprio futuro.

Será que esse futuro se vai confirmar?

Quem foram os responsáveis pelo desmaio global?

É o FBI, com destaque para o agente interpretado por Joseph Fiennes, que vai tentar responder a estas perguntas.

A ideia é curiosa mas alguns episódios são muito mastigados e com muitos clichés. Fez-me lembrar a série Lost, que prometia muito e que acabou num beco sem saída. O que é certo é que a ABC cancelou a série no final da primeira temporada.

Outra série menos ambiciosa mas muito divertida é The Mentalist, da autoria de Bruno Heller, de que já vimos as duas primeiras temporadas.

Simon Baker interpreta o papel de Patrick Jane, ex-aldrabão da área dos espiritistas, bruxos ou adivinhos. Depois de ver a sua mulher e filha serem assassinadas por um serial killer, deixa a sua bem sucedida carreira de médium e torna-se consultor de um grupo de polícias que, em Sacramento, se encarrega de crimes complicados e que é chefiado por uma mulher com o nome curioso de Teresa Lisbon (Robin Tunney).

A série é despretensiosa e não aleija a inteligência. A personagem de Patrick Jane está bem esgalhada. O tipo abomina os bruxos e afins mas acaba por utilizar muitos dos seus truques para deslindar os crimes, nomeadamente, utilizando o seu poder de observação para reparar em pormenores que escapam aos outros detectives.

Ao contrário de Flashforward, The Mentalist deve ter um orçamento mais modesto, mas atinge bem os seus objectivos.

Californication – 3ª temporada

A série continua com bom ritmo. Politicamente incorrecta, machista q.b., ordinarota e cheia de ritmo.

David Duchovny continua a fazer um bom escritor falhado, bebedolas, mulherengo, preguiçoso, porcalhão e tudo o que se quiser, mas com muita saída junto das mulheres, sobretudo das mulheres dos outros, que não as sabem acarinhar como só ele sabe.

No antepenúltimo episódio, assistimos a uma verdadeira comédia de costumes, com as três mulheres que Moody anda a papar a encontrarem-se, todas, em casa dele, juntando-se, depois, a legítima mulher e a filha.

Hank Moody e o seu agente e amigo Runkle formam um par irresistível, muito bem secundados por Kathleen Turner, que personifica a agente Collini, “who always gets the weeny”.

E caso não gostes deste tipo de séries, “you can leak me where god slipt me”…

Nip/Tuck – 6ª temporada

Foi a última temporada de uma das séries mais bizarras da nova onda de séries norte-americanas.

Pequeno exemplo: Kimber, a ex-estrela porno, recauchutada pela sociedade McNamara & Troy, foi casada com Matt, filho de Sean que, afinal, era filho de Christian, de quem teve uma filha, e, depois, casou-se com o pai do anterior marido, o que fez com que este se tornasse padrasto da neta, mas, nos intervalos, foi também para a cama com Sean.

Matt, o tal filho de um que, afinal, é filho do outro, depois de uma relação com uma linda mulher que, mesmo depois de ter ido para a cama com ela várias vezes, nunca descobriu que, afinal, era um transexual, e depois de se ter casado com a Kimber, decidiu ser mimo, tipo Marcel Marceau mas, como a coisa não dava dinheiro, começou a assaltar lojas, mascarado de anúncio da TMN; foi preso e devidamente sodomizado.

Julia, a mulher de Sean, que foi para a cama com Christian, de que resultou o tal Matt, descobriu, depois de 20 anos de casamento que, afinal, era lésbica, tal como a anestesista que, no entanto, quando soube que Christian tinha um cancro da mama em fase terminal, aceitou casar com ele, para dele cuidar até à morte e, depois de experimentar a extraordinária pila do cirurgião, até deixou de ser lésbica. Só que, assim que Christian soube que, afinal, não estava a morrer, desatou a comer tudo o que era gaja, o que fez com que a anestesista voltasse a ser lésbica.

Confusos?

Só se não visionarem as 6 temporadas da série mais kinky da televisão norte-americana!…

Dexter – 2ª e 3ª temporadas

Michael C. Hall faz um Dexter perfeito.

As 2ª e 3ª temporadas desenvolvem a personagem do psicopata controlado que consegue viver em sociedade, satisfazendo a sua necessidade de matar eliminando assassinos que a justiça não consegue condenar.

Depois de ter morto o irmão, no final da 1ª temporada, Dexter vê-se obrigado a matar o seu único amigo, no final da 3ª temporada e casa-se, o que vai ser óptimo como disfarce. Quem vai desconfiar do técnico forense casado e com um filho a caminho?

Entretanto, Michael C. Hall adoeceu com um linfoma mas, felizmente, parece estar a recuperar e há-de conseguir fazer a 4ª temporada desta que eu considero uma das melhores séries ainda no ar.

Boston Legal

Pela primeira vez vi uma série toda de enfiada e não me arrependi.

Boston Legal passou na ABC entre 2004 e 2008 e é uma criação de David E. Kelley, autor de outros êxitos televisivos como a série Ally McBeal.

Tendo por base uma firma de advogados, a Crane, Poole & Schmidt, a série caracteriza-se pelos grandes “bonecos” criados por William Shatner (Denny Crane) e sobretudo por James Spader (Alan Shore).

Denny Crane é um advogado septuagenário que em tempos foi famoso, gabando-se de nunca ter perdido um caso. Republicano, conservador, reaccionário, Crane está a braços com um Alzheimer no seu início, que muitas vezes serve de desculpa para dizer e fazer grandes barbaridades.

Alan Shore é o advogado das causas perdidas, defendendo-as sempre com grande brilhantismo. Democrata e progressista, pelo menos comparado com Crane, aceita os casos mais absurdos, acabando sempre por apresentar uma argumentação fortemente politizada.

Outra característica da série é a cena final de cada episódio, em que Crane e Shore conversam na varanda do escritório, fumando um charuto e bebericando Chivas Regal. Os diálogos são quase sempre deliciosos e é fantástico como foi possível escrever 101 destes diálogos, sem que nunca sejam banais.

As figuras secundárias, tirando Candice Bergen, que é a Schmidt, uma advogada contida e que terá sido uma devoradora de homens (incluindo Crane), têm pouca importância na série, se comparadas com os dois principais.

Já conhecia Spader de filmes como “Sex, Lies & Videotape”, mas em Boston Legal ele compõe uma figura que vai perdurar na história das séries. Menos brilhante, mas também muito divertida a participação do ex-capitão Kirk, William Shatner.

Californication – 2ª temporada

A maior parte das séries de televisão norte-americanas desta nova fornada, começa muito bem mas vai perdendo gás ao longo das temporadas. As excepções (Sopranos e The Wire), confirmam a regra.

Californication ainda só vai na 2ª temporada e, por enquanto, mantém a mesma performance. Claro que não se compara a qualidade desta série soft-porno-chic, com The Wire, por exemplo – são coisas completamente diferentes, mas Californication é divertida, mantém um andamento apreciável e como os episódios são curtos, não chega a chatear.

Duchovny, no papel do escritor falhado, continua o seu underacting e, com aqueles olhos de carneiro mal morto, vai papando as miúdas todas da série, mas sempre sem querer e com uma dose de culpabilidade que dura 10 minutos.

Gosto muito da personagem de Charlie Runkle, interpretada por Evan Handler, masturbador compulsivo, agente de actrizes porno falhadas e que parece estar sempre no local errado, à hora errada.

Vejamos se a 3ª temporada mantém o ritmo das duas anteriores.

House – 5ª temporada

A 5ª temporada de House tenta regressar às origens, apresentando alguns casos clínicos interessantes, apesar de raríssimos e altamente improváveis.

House continua intratável e consegue sempre fazer esquecer o doente e fazer centrar sobre si próprio as atenções de todos, desde a directora do hospital ao pobre do Dr. Wilson, que House manipula a seu belo prazer.

A meio da série, um dos seus discípulos suicida-se (devia querer mudar de emprego), House fica abalado, aumenta a dose de Vicodin, começa a ter alucinações (que o tradutor insiste em chamar “delírios”!) e faz um “cold turkey” com a ajuda da directora do hospital, acabando por ir para a cama com ela.

Vamos ver como os argumentistas descalçam esta bota na 6ª temporada: um House “clean” e tendo um caso com a Cuddy é capaz de não ter tanta graça.