Cozinho para as eleições

Este título do Público fez-me espécie:

“Cataplana de Costa foi mais vista do que arroz de Cristas”

Conheço cataplanas de tamboril e de marisco e arroz de ervilhas ou de cenoura, mas nunca tinha ouvido falar de cataplana de Costa, muito menos de arroz de Cristas.

Fui investigar.

Parece que existe um programa de televisão, chamado Programa da Cristina, que tem muito sucesso. Descobri que essa tal Cristina, de apelido Ferreira, é uma mulher que subiu as pulso, tendo passado de feirante a apresentadora de televisão em poucos anos, auferindo agora um ordenado de jogador de futebol (gosto muito do verbo auferir…).

Descobri até que o próprio Presidente Marcelo telefonou à tal Cristina, a dar-lhe os parabéns pelo programa – coisa que nunca fez comigo, ao longo de todos estes anos de dedicação à escrita. Mas enfim, continua a haver filhos e enteados…

Esse tal Programa da Cristina é diário e há umas semanas foi lá a líder do CDS, Assunção Cristas, e cozinhou, em directo, um arroz de atum.

Fiquei mais descansado.

Afinal o arroz não era de Cristas, era de atum.

Dias depois, o primeiro-ministro, António Costa, também foi ao programa e cozinhou uma cataplana de peixe.

Tudo explicado!

Ora, o Público relatava na notícia com aquele título que, enquanto o arroz de Cristas foi visto por 493 mil pessoas, a cataplana do Costa foi vista por 745 mil pessoas.

Não chega à maioria absoluta, mas anda lá perto…

Se a Cristina for esperta, leva ao seu programa o Rui Rio, para cozinhar uma francesinha, o Jerónimo de Sousa, para fazer umas pataniscas e a Catarina Martins, para preparar um prato vegan, à escolha.

Quanto ao Santana Lopes, se fosse ao tal programa, teria que se contentar com restos…

Mr. Lopes strikes back!

O Sr. Lopes é tramado!

Agora com 62 anos, pai de 5 filhos, reformado desde os 49 anos, chegou à conclusão que o espectro político português necessitava de mais um partido político, ou de que a sua pensão de 3187 euros mensais não era suficiente, e vai de formar um novo Partido!

Claro que tinha que ser um Partido – nunca um Inteiro -, porque o Sr. Lopes é perito em partir as coisas, em deixar coisas a meio.

Já nem se fala nos casamentos que ficaram a meio – são coisas que acontecem…

Mas, vejamos: nomeado secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, em 1986, no primeiro governo de Cavaco; não conclui o mandato porque é eleito deputado ao Parlamento Europeu em 1987, abandonando o cargo 2 anos depois; em 1990, é nomeado secretário de Estado da Cultura no governo de Cavaco Silva, mas demite-se antes do fim do mandato, depois de ter inventado os concertos para violino de Chopin; em 1995, concorre a líder do PSD, contra Fernando Nogueira e Durão Barroso, mas desiste antes da votação final; nesse mesmo ano, é eleito presidente do Sporting, mas desiste ao fim de um ano; em 1996, torna a candidatar-se a chefe do PSD, mas perde para Marcelo Rebelo de Sousa; em 1997, candidata-se a presidente da Câmara de Figueira da Foz e ganha, mas não termina o mandato porque, 3 anos depois, torna a candidatar-se a chefe do PSD, perdendo, desta vez, para Durão Barroso; ficando sem nada para fazer, ganha a Câmara de Lisboa em 2002, mas também não conclui o mandato porque Durão Barroso pira-se para a Europa e Santana é nomeado primeiro-ministro em 2004, mas aguenta-se poucos meses, sendo demitido pelo Presidente Jorge Sampaio, que o tinha nomeado; em 2005 vai a eleições contra Sócrates e perde; em 2008, teimoso, torna a candidatar-se a chefe do PSD, mas perde para Manuela Ferreira Leite; no ano seguinte, é candidato novamente à Câmara de Lisboa, mas perde para António Costa; em 2011, Passos Coelho nomeia-o Provedor da Santa Casa da Misericórdia e António Costa dá-lhe mais 3 anos de mandato, mas Santana não os conclui porque torna a concorrer a chefe do PSD, desta vez contra Rui Rio e perde!

Ora bem, o que fazer a um Partido, ao qual se adere em 1976 e que nunca nos escolhe para chefe?

Santana concorreu contra Fernando Nogueira, Durão Barroso, Marques Mendes, Manuela Ferreira Leite, Passos Coelho, Marcelo Rebelo de Sousa e Rui Rio – e perdeu sempre.

Portanto, era lógico que mandasse o PSD à merda e formasse novo Partido.

Chama-se Aliança e, finalmente, o Sr. Lopes é chefe de um Partido.

Não vai durar muito…

Nota: este texto é escrito em português de antes do acordo ortográfico de 1990, negociado pelo Sr. Lopes…

O regresso do Sr. Lopes

Aproxima-se a eleição do novo líder do PSD.

Dois jovens se perfilam: Rui Rio e Santana Lopes.

Dois sexagenários cheios de sangue na guelra.

De Rui Rio, sabemos pouco – o mesmo não se poderá dizer do Sr. Lopes.

O Coiso muito escreveu sobre o Sr. Lopes, ao longo destes anos, sobretudo nos poucos meses em que foi primeiro-ministro (esses textos podem ser recordados aqui).

Num desses textos, recordava-se o caminho do Sr. Lopes, até chegar a primeiro-ministro e rezava assim:

“Entretanto, a Visão desta semana publica um artigo em que se traça o caminho percorrido pelo Sr. Lopes, desde que entrou na política até aos dias de hoje.

Para além de três casamentos falhados, que é algo que pode acontecer a qualquer um, eis os cargos por onde o Sr. Lopes já passou: nascido em 1956, entra para o PSD aos 22 anos e, depois de apoiar o regresso de Sá Carneiro ao PSD, é nomeado adjunto do ministro adjunto do primeiro-ministro, no governo de Mota Pinto. Fica lá 6 meses.
Parte então para Alemanha, com uma bolsa de estudos, para se especializar em Ciências Políticas. Regressa menos de um ano depois, sem acabar o curso.

Torna-se assessor jurídico de Sá Carneiro até à morte deste. É eleito deputado e escreve artigos nos jornais, sob pseudónimo, a condenar o governo de Balsemão e apoia Cavaco. Quando o Sr. Aníbal chega à presidência do PSD, nomeia o Sr. Lopes secretário de Estado da Presidência. Está com 31 anos. Candidata-se a deputado ao Parlamento Europeu, é eleito, farta-se de faltar às sessões e regressa dois anos depois, sem ter acabado o mandato.

Cria o PEI (Projectos, Estudos e Informação) e lança a revista Sábado, com Joaquim Letria como director. Compra o Record e o Diário Popular, lança a Radiogest e O Liberal, com Maria João Avilez como directora; esta é afastada pouco depois, sendo substituída por Freire Antunes (que fica lá menos de dois meses), Fernando Seara e Francisco Sousa Tavares. Da Sábado, afasta Letria e convida Miguel Sousa Tavares. Pouco depois, desiste da PEI.

Em 1990, Cavaco nomeia-o secretário de Estado da Cultura, com as consequências que todos sabemos. Em 1994, demite-se, quando percebeu que o cavaquismo estava a dar as últimas. Concorre à presidência do PSD, contra Fernando Nogueira e Durão Barroso, em 1995, e perde.

Torna-se, então, presidente do Sporting, durante nove meses!

Concorre novamente à presidência do partido, contra Marcello Rebelo de Sousa, e perde.

Em 1997 ganha a Câmara da Figueira da Foz. Em 2000, suspende o mandato e candidata-se à presidência do PSD, contra Durão Barroso e perde!

No ano seguinte, ganha a Câmara de Lisboa, que abandona, a meio do mandato, para ocupar o cargo de primeiro-ministro.

Vai ou não vai ser mesmo um fartar de rir?!…”

Não foi – ou aliás, foi, mas por pouco tempo.

Aguentou-se pouco mais que 7 meses. Jorge Sampaio demitiu-o e dissolveu a Assembleia.

E depois disso?

Vejamos:

Em 2005, concorre como líder do PSD contra José Sócrates e perde, enquanto o PS consegue a sua primeira maioria absoluta da História.

Durante dois anos, andou por aí e, em 2007 e 2008, sendo Filipe Menezes líder do PSD, dirigiu a bancada do PSD na Assembleia.

Em 2008, candidata-se a líder do PSD e perde para Manuela Ferreira Leite.

No ano seguinte, candidata-se, novamente, à Câmara de Lisboa, à frente de uma portentosa coligação que englobava PPD-PSD, CDS-PP e MPT-Partido da Terra. Perde para António Costa.

Em 2011, sendo Passos Coelho primeiro-ministro, é nomeado Provedor da Santa Casa da Misericórdia.

E agora, decide concorrer, mais uma vez, a líder do PSD.

Ontem mesmo, aconselhou o adversário a tomar “Rennie, Kompensan ou Alka-Seltzer”, uma vez que está sempre “amargo, azedo e mal disposto com toda a gente”.

Este Sr. Lopes é mesmo um cómico…

Vão ser umas eleições tristes!

Estava ligeiramente excitado com as próximas legislativas e com as presidenciais.

Mas hoje, levei com dois baldes de água fria: Carmelinda Pereira confirmou que não concorre às legislativas e Santana Lopes anunciou que não concorre às presidenciais.

O que vai ser da campanha eleitoral sem a participação dessa formidável porta-voz da classe operária?

O que seria da democracia portuguesa sem o Partido Operário de Unidade Socialista (POUS)?

Carmelinda Pereira e Aires Rodrigues, respectivamente, a secretária-geral e o militante do POUS, vão fazer muita falta na campanha.

E que dizer da desistência do Sr. Lopes?

Já imaginaram a campanha para as presidenciais sem o Santana Lopes?

Uma seca!

É por isso que eu acho que devíamos organizar uma petição a exigir as candidaturas de Carmelinda e Lopes.

Faz uma coisa linda – apoia Carmelinda!

Toda a Presidência abana com a candidatura do Santana!

Grande Revista à Portuguesa

Em cena, no Politeama, a Grande Revista à Portuguesa é um espectáculo com texto de La Féria e Marina Mota e João Baião como cabeças de cartaz.

Consta que este fim de semana, a sala ficou às moscas, já que os espectadores foram todos desviados para a sala em frente, isto é, o Coliseu dos Recreios, onde, muito adequadamente, se recreavam os militantes do PSD, em mais um Congresso.

Diga-se que é difícil superar estes meninos em sentido de humor.

O mais engraçado deles todos chama-se Luís Montenegro e foi ele que disse que «a vida das pessoas não está melhor, mas o País está muito melhor».

Concordo!

Eu também disse que a Medicina seria muito melhor se não existissem doentes e a Escola seria óptima sem alunos.

Do mesmo modo, o País está muito melhor – o que atrapalha são as pessoas.

Claro que esta afirmação está de acordo com o apelo de Passos Coelho, para que os portugueses emigrem.

Mas no Congresso, os comediantes sucederam-se.

Nem vale a pena falar em Passos Coelho que, sempre que discursa, consegue arrancar largos e generalizados bocejos.

Falo, por exemplo, do Paulo Rangel, esse grande cómico que vai ser cabeça de lista às Europeias e que disse que essas eleições «não serão um teste à governação mas sim à liderança do PS».

E eu que pensava que as eleições europeias se destinavam a discutir as grandes questões… europeias!

psd-risosAfinal, não!

É que, sendo assim, não valia a pena fazermos eleições legislativas!

Fazíamos as europeias e decidíamos já se o António José Seguro vai ser primeiro-ministro ou não…

E os quadros desta verdadeira Revista à Portuguesa continuaram com a eleição de Miguel Relvas, outro grande cómico, para o Conselho Nacional do PSD e com o discurso de Luís Filipe Menezes, outro comediante, que culpabilizou Paulo Portas por ter perdido as eleições no Porto.

Mas o melhor estava para vir, no último dia do Congresso.

Vieram todos, incluindo os três irmãos Marx: Marques Mendes, Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa.

Cada um ao seu estilo, lá foram dizendo as suas piadas.

Marcelo, então, parecia mesmo estar a fazer stand up comedy, fazendo rir toda a plateia.

Visto de fora, parecia que estávamos perante um Congresso de um Partido que governasse um país rico, um daqueles que empresta dinheiro aos outros!

Estamos mesmo lixados, porra!

 

O bandalho, o estupor e os filhos da mãe da direita

Sócrates concedeu uma entrevista à Clara Ferreira Alves. Saiu ontem, na Revista do Expresso.

A leitura dessa entrevista, permite responde, pelo menos, a 10 perguntas.

1. Sócrates sempre foi um moderado?

– Sim, Sócrates é um «tipo que sempre foi a merda de um moderado».

2. Sócrates é de direita?

– «Esses gajos enganaram-se quando olharam para mim e disseram que era de direita».

3. E, sendo de esquerda, Sócrates é mais de esquerda do que outros membros do PS?

– «Quem você acha que é mais de esquerda, eu ou o Manuel Alegre? A esquerda mede-se aos palmos?»

4. Como é que Sócrates reagiu à oligarquia do PS?

– «Raios vos partam, vou vencer-vos a todos! E foi o que fiz!».

5. Mas, apesar de ser de esquerda, Sócrates também poderia agradar à direita?

«Eu sou o chefe democrático que a direita sempre quis ter!».

santana_bandalho6. Quem criou o boato de que seria homossexual?

– «Na televisão (Santana Lopes) insinuou num debate que eu era homossexual, queria que eu dissesse que era, era isso que ele queria».

7. E como o classificaria?

– «O bandalho!»

 

 

schauble_estupor8. E quanto ao ministro dos Negócios Estrangeiros alemão?

– «Em Berlim, tudo muito formal, conversámos e fomos jantar. A Merkel está do outro lado com aquele estupor do ministro das Finanças, o  Schauble.»

9. E esse Schauble era só um estupor?

– Não, «todos os dias esse filho da mãe punha notícias nos jornais contra nós».

 

filhos da mae10. E como classificaria os dirigentes do PSD e do CDS, no que respeita ao chumbo do PEC4?

– «Os filhos da mãe da direita em Portugal deram cabo de uma solução apenas para ganharem eleições«.

 

E assim ficámos a saber como a merda de um moderado zurze um bandalho, um estupor e alguns filhos da mãe.

Imaginem se o gajo fosse extremista!

Foi Salazar que inventou os swap

Como toda a gente sabe, tudo o que está a acontecer a Portugal, desde o desemprego à má colheita de cerejas da Gardunha, é culpa do Sócrtes.

Mas os swap, não.

Descobriram agora que, já em 2004, o Citibank tentou impingir swap ao governo de Santana Lopes.

Mas também não foi Santana Lopes o inventor dos swap.

O inventor dos swap foi Salazar, que aceitou o ouro que os nazis roubaram aos judeus, em troca de divisas.

E isso foi um swap do caraças!

Santinhos!…

Reparem bem neste grupo de católicos fervorosos…

Da esquerda para a direita: o Sr. Lopes, primeiro-ministro de Portugal durante o período áureo em que não havia crise e podíamos gastar dinheiro à fartazana, Mota Amaral, talvez o menos pecador deles todos, Dias Loureiro, que nada teve a ver com o BPN, o Miguel Ervas, o doutor da mula russa, e outro doutor, o Arnaut, nóvel administrador da REN, depois de muitos fretes feitos ao Poder.

Reparem bem no ar contrito, de profundo catolicismo, do Sr. Lopes, do Sr. Amaral e até do Sr. Arnaut e o ar blazé do Sr. Loureiro – todos contrastando com o ar sacaninha do Dr. Ervas.

A foto é de 2004 e saiu hoje no Público, mas podia ter sido tirada ontem…

Ditosa religião que tão elevados filhos tem!…

Os sapatos mais castanhos do Sr. Lopes

Lembram-se de Santana Lopes?

Foi primeiro-ministro durante alguns meses – quem diria?

Agora, está na Santa Casa da Misericórdia, o que está mais de acordo com a sua religiosidade.

E escreve uma crónica semanal no Sol.

Nunca leio.

Mas hoje, o título da crónica chamou-me a atenção.

O título é: “No Porto, as pessoas vestem-se melhor”.

Fui ler.

E li, entre outras coisas, esta pérola: «E qual será a razão de ser desta diferença? A maior proximidade do Norte da Europa? A influência inglesa? Não creio. Mas nota-se até na maneira de vestir de alguns com mais recursos e mais preocupados com as respectivas imagens. Quem não reparou já nos sapatos mais castanhos, nas camisas mais às riscas largas azuis e brancas, de boas marcas? Entra-se em casas particulares, em escritórios, e sente-se que estão mais à frente.»

Um tipo lê e não acredita!

As pessoas do Porto (as que têm mais recursos…) estão mais à frente porque usam sapatos mais castanhos e camisas mais às riscas largas azuis e brancas, de boas marcas?!

Ó Lopes – e já foste tu primeiro-ministro deste pindérico país!

Emigra, pá!

De vez!

Salazar era uma gaja!

Na quarta-feira à noite, na TVI 24, no programa Prova dos 9, foi revelado este grande segredo: Salazar, afinal, era uma mulher!

No dito programa, Santana Lopes exaltava as «virtudes da resistência, paciência e abnegação do povo português».

Perante esta exaltação nacionalista, o bloquista Fernando Rosas comentou: «parece o Salazar a falar…»

E o Sr. Lopes contra-atacou, exclamando: «Salazar é a tua tia!»

Ora, com esta afirmação, o Sr. Lopes revela quatro coisas: a primeira é que Salazar é tia de Fernando Rosas, a segunda, é que Salazar ainda está vivo, a terceira, não interessa, e a quarta, é que Salazar, esse grande ditador, afinal, era uma gaja!

Esta revelação muda a História da Europa Ocidental.

Se Salazar, afinal, era um gaja, quem nos garante que Hitler não terá sido transexual?