“Aqui Estou”, de Jonathan Safran Foer (2018)

Quando li o anterior romance deste escritor norte-americano, Extremamente Alto e Incrivelmente Perto (2005), fiquei muito agradado, sobretudo com a novidade da narrativa de Foer, cheia de “truques” originais.

Esses “truques” continuam neste novo romance de quase 700 páginas: muito discurso directo, troca de sms, conversas ao telefone, etc – mas custou-me chegar ao fim do calhamaço.

Aqui Estou não conta propriamente uma história, mas vários episódios em torno da família de Jacob e de Júlia, que têm três filhos e que se vão divorciar.

O problema é que Aqui Estou foi o que Abraão disse a Deus, antes de ele lhe pedir para matar o seu filho e todo o livro é, digamos, demasiado judeu. As primeiras páginas estão cheias de referências a challá, bar mitzvá, taschlich, Rosh Hashaná, e muitos outros termos judeus.

Lá mais para a frente, fala-se de um terramoto que quase destrói Israel e de uma guerra que uma coligação entre a Jordânia e a Arábia Saudita desencadeia, aproveitando o caos que se vive na terra dos judeus.

O livro teve muito boa crítica mas, sinceramente, não me comoveu…

“Extremamente Alto e Incrivelmente Perto”, de Jonathan Safran Foer

extremamente.jpgOskar Schell tem 9 anos e é inventor: todas as noites, antes de adormecer, inventa as coisas mais mirabolantes, como ambulâncias com tecto transparente para podermos ver quem vai lá dentro; também anda a ensaiar uma obra de Shakespear; para além disso, faz jóias, toca tamborim, fala francês e é pacifista.

Oskar perdeu o pai, que morreu no ataque terrorista de 11 de Setembro. O miúdo chegou a casa e tinha várias mensagens do pai no atendedor de chamadas. O pai garantia que estava tudo bem. Até que deixou de telefonar. Oskar ainda não aceitou a morte do pai. Por isso, custa-lhe adormecer e passa a noite, deitado, a inventar coisas.

Oskar tem um avô que deixou de falar há décadas. Em vez de falar, escreve num caderno. Mas Oskar só o vai conhecer quase no fim da história. Primeiro, terá que calcorrear Nova Iorque, em busca de pessoas com apelido Black e que poderão saber mais alguma coisa sobre a morte do seu pai.

“Extremely Loud and Incredibly Close” é um dos melhores livros que li nos últimos tempos. Comovente e brilhante. Cheio de ideias novas, mesmo na apresentação da narrativa (fotos que ilustram o texto, números em vez de letras, páginas em branco, outras com uma única palavra). O autor é um puto nascido em 1977 e este é já o seu segundo romance. Estou cheio de vontade de ler o primeiro, intitulado “Está tudo iluminado”.