Exposição “Museu das Descobertas”, no MNAA

O título é provocador, porque esta Exposição, patente no Museu Nacional de Arte Antiga, não tem nada a ver com aquilo a que chamamos descobrimentos, mas sim, com as descobertas que os Museu fazem, ao estudar e analisar a fundo as obras dos seus acervos.

A interessante Exposição compõe-se de salas com designações bem significativas: Contemplar, Preservar-Estudar-Comunicar, Religar, Desvendar, Restaurar, Salvaguardar, Doar, Circular, Projectar e Rastrear.

Por exemplo, na sala Circular ficamos a saber que, na troca de peças para espaços expositivos em outros Museus, por esse mundo fora, descobrem-se, muitas vezes, coisas que não se sabiam sobre essas mesmas peças. Na sala Religar percebemos como peças adquiridas em diferentes locais e em diferentes épocas, acabam por fazer parte dos mesmos conjuntos, como é o caso de retábulos aparentemente dispersos e que, afinal, devem ser vistos como um todo.

Trata-se de uma Exposição muito bem conseguida e que nos tomou cerca de hora e meia.

Só tivemos tempo para ver a Capela das Albertas, a sala dos Presépios e a Exposição dos tecidos e, graças à intervenção de uma voluntária muito entusiasta, os desenhos que Durer fez antes de pintar o célebre São Jerónimo, que pertencem à Galeria Albertina, de Viena, e que estão agora em exposição no MNAA até Agosto.

Como o MUDE me deixou irritado comigo próprio

Fui finalmente visitar o Museu de Design, no antigo edifício do Banco Nacional Ultramarino, na Rua Augusta.

No rés-do-chão, está a colecção permanente: mobiliário, vestuário, projecção de filmes, alguma loiça e duas dúzias de electrodomésticos (torradeiras fantásticas e rádios cheios de patine).

No primeiro piso, a Exposição temporária “É proibido proibir”, dedicada aos anos 60: monitores passam alguns filmes emblemáticos (“Barbarella”, “Midnight Cowboy”), altifalantes debitam música dos anos 60 (“Sgt Peppers…”, “Hair”, “Woodstock”, Stones, Janis Joplin) e mais mobiliário e mais vestuário.

E, de repente, ali estava, bem à vista, a máquina de escrever Olivetti Valentine, igualzinha à que a Mila me comprou nos anos 70 do século passado, em segunda mão, num antiquário das Escadinhas do Duque.

Foi numa máquina igual a essa que escrevi muitos textos para o Pão Comanteiga, a uma velocidade que fazia saltar teclas, literalmente.

E depois, num daqueles ataques que nos dá e em que nos apetece desfazermo-nos de coisas que já não usamos, vendi-a a um ferro-velho, juntamente com muitos trastes.

Mais tarde, dei vários murros em mim próprio, insultei-me do pior, obriguei-me a torturas inenarráveis, próprias de um Jack Bauer, mas nada disso fez regressar a Olivetti ao lar.

Nunca mais me perdoarei!

Quanto ao MUDE, vale a pena a visita, embora saiba a pouco.