Soares tem gripe?

DN informa:

«Mário Soares já regressou a casa»

E acrescenta: «Segundo a última edição do Expresso, Soares sofreu uma encefalite (infecção do cérebro), que resultou de uma gripe mal curada».

Uma gripe mal curada, carago?!

Que raio é uma gripe mal curada, porra?!

A gripe é uma virose e, por definição, NÃO TEM CURA!

A gripe é uma virose autolimitada, que desaparece, ao fim de alguns dias, quer se tome, ou não, medicamentos que, aliás, apenas servem para melhorar os sintomas – não a doença.

O que terá, talvez, acontecido foi que o vírus atravessou a chamada barreira hemato-encefálica e invadiu as meninges do velhote.

Aprendam: não há gripes mal curadas, caramba!

Nopenhaggen 2009

Existe um certo paralelismo entre a vacina contra a gripe A e o aquecimento global.

Ambos têm defensores acérrimos e muita gente contra.

A vacina contra a gripe A começou por ser mal apresentada ao público. Com vergonha de confessar que fabricar uma vacina contra o H1N1 é semelhante a fabricar uma outra contra qualquer tipo de vírus da gripe, os laboratórios e as autoridades mundiais de saúde (OMS incluída), deram a entender que a pandemia ia matar milhões de pessoas, a menos que a indústria conseguisse fabricar uma vacina. Os governos, temendo sublevações da população mas, sobretudo, temendo as críticas da comunicação social, pressionaram a indústria e prometeram que comprariam milhões de doses. E a vacina surgiu, quase de um mês para o outro. No fundo, ela já estava preparada para o H1N5 – foi só modificá-la um pouco mas, a impressão que ficou na opinião pública, transmitida pela comunicação social, foi que a vacina foi fabricada à pressa.

O resultado foi que muita gente, médicos incluídos, rejeitaram a vacina, com medo dos eventuais efeitos secundários.

Aqui, em Portugal, os meios de comunicação social passaram a ideia de que a vacina podia  matar fetos na barriga das mães. Impunemente. Até hoje, nenhum responsável de nenhum órgão de comunicação social foi responsabilizado pelo facto de transmitir informações erróneas sobre a vacina. Aquelas três grávidas tiveram morte fetal por que sim. Nada teve que ver com a vacina. Apenas os jornalistas fizeram essa assumpção.

Em resumo: a opinião pública, jornalistas e muitos médicos incluídos, falaram sobre a vacina contra a gripe A sem nada saberem sobre ela, deram apenas a sua opinião pessoal, sem nenhuma base científica, apenas pelo “ouvir dizer”, como se ouve dizer que a porteira do nosso prédio se anda a deitar com o carteiro.

Passa-se o mesmo com o aquecimento global.

Toda a gente, jornalistas incluídos, tem uma opinião sobre o aquecimento global: o planeta está a aquecer e, em 2050, as Maldivas vão desaparecer da face do planeta. Claro que a maior parte das pessoas que, hoje em dia, têm uma opinião sobre isto, não estarão vivas em 2050 – o que quer dizer que não poderão confirmar se é verdade, ou não, que o planeta vai aquecer de tal modo, que as calotes polares vão derretr e o nível do mar vai subir não-sei-quantos-metros.

É que a posição da comunicação social é, no caso da vacina da gripe, no sentido de dar maior ênfase aos eventuais (e falsos) efeitos secundários, do que às óbvias vantagens e, no caso do aquecimento global, adoptar a ideia de que é inexorável e de que, daqui a alguns anos, as ilhas do Pacífico vão desaparecer.

Depois, quando sabemos que os EUA, o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul são os responsáveis pelo acordo (frágil) de Copenhaga, interrogamo-nos: afinal, o aquecimento global será assim tão intenso? será que os dirigentes destes 5 grandes países se estão mesmo borrifando para o degelo das calotes? Será que as Maldivas e Vanuatu vão mesmo desaparecer ou, como me pareceu ser sugerido, alguns países em vias de desenvolvimento tentam aproveitar-se desta história para receber mais ajudas internacionais, depois gastas pelas mulheres dos seus dirigentes, quando viajam até à Europa para virem comprar roupa de marca?

Em resumo: Hopenhaggen transformou-se em Nopenhaggen mas – podem crer – amanhã, toda a comunicação social, em Portugal, apenas falará do Benfica-Porto.

E, se calhar… ainda bem…

O Benfica e a Gripe A

Centro de Saúde.

Movimento de consultas de urgência, das 16 às 20 horas, esta semana:

Segunda-feira, dia 2 – 77 doentes;

Terça-feira, dia 3 – 68 doentes;

Quarta-feira, dia 4 – 70 doentes;

Quinta-feira, dia 5, dia em que o Benfica deu 2 secos ao Everton, em Liverpool – 43 doentes.

É assim que o Glorioso combate a pandemia do H1N1!

Bendita gripe!

Desde 4ª feira passada que Manuela Ferreira Leite cancelou todos os seus compromissos.

Está com gripe C.

C – de conveniência.

Com gripe, fica dispensada de ir aturar as atoardas de Jardim no Chão da Lagoa.

Mas quem quer uma líder que, por causa de uma simples gripe, deixa de ir a acontecimentos tão importantes?

Eis mais uma razão para não votar na Manuela.

A gripá

Manchete do Público de ontem:

“Surto de Gripe A fecha infantários e obriga Governo a pedir vacinas para três milhões”.

Esta manchete merece as seguintes observações:

– duas entidades têm direito a maiúscula: o Governo e a Gripá

– os infantários portugueses que, como se sabe, são para aí 5 ou 6, começaram já a fechar as portas por causa da gripá. Dois já estão fechados! Toma! É muito bem feito que é para os paizinhos das criancinhas não se armarem ao pingarelho e irem de férias para Cancún!

– o Governo preparava-se para comprar meia dúzia de vacinas mas a gripá obrigou-o a pedir 3 milhões de vacinas! Toma lá que já almoçaste!

Com um pouco de sorte, pode ser que o Governo seja dizimado pela gripá e já nem seja preciso fazer eleições.

O Cavaco, se também não for contagiado, nomeia um Governo de Salvação Nacional.

Isto se sobreviver alguém de jeito, porque com tantos ministros e ex-ministros e autarcas que vão ser presos em breve e com todos os outros que vão ser apanhados pela gripá, podemos ter que importar políticos de outro país qualquer.

Portanto, toca a espirrar para cima uns dos outros, a ver se disseminamos a gripá o mais rapidamente possível.

O que isto precisa é de um novo 25 de Abril!

O povo está, com a gripá!

A epidemia! Finalmente, a epidemia!

A gripe das aves passou-nos a perna. Armazenámos tamiflu às toneladas, reunimos as mais altas instâncias da OMS, enviámos repórteres aos hospitais dotados de quartos especialmente preparados para receber os infectados – e, da gripe, nem rasto.

O tamiflu ficou a ganhar bolor nas caves da Direcção Geral da Saúde.

Mas eis que os porcos dão uma ajuda: aí está a gripe suína!

Hoje, 6 dias depois de dado o alerta, já se fizeram, em Portuga, 10 análises 10 para tentar detectar o vírus H1N1, o que dá uma estonteante média de menos de duas análises por dia!

Hoje, 6 dias depois do alerta, não há um único caso confirmado, nem sequer um caso suspeito para amostra, mas já se põe em causa a capacidade de resposta das autoridades de saúde, nomeadamente da linha de Saúde 24.

Quem ouvir as notícias das televisões portuguesas, pensa que está no México e que há pessoas a morrer de gripe suína em cada esquina.

Mesmo no México, parece que o número de mortes que podem, comprovadamente ser atribuídas ao H1N1, são apenas sete.

Exagero, como de costume.

Nesse caso, não se deve informar? não se deve prevenir?

Claro que sim, mas sejam um pouco menos histéricos, por favor!

Ontem, no telejornal da RTP-1, uma jornalista que tem a mania que é engraçadinha, andou pela rua, em reportagem para conhecer a reacção das pessoas à gripe suína.

E, apesar de ter a obrigação de informar correctamente, a jornalista perguntou a um homem, qualquer coisa como isto: “então vai comprar carne de porco? Não tem medo?”

Ela estava a brincar… claro que a carne de porco não tem nada a ver com a gripe suína – ou terá?

Aguardemos os próximos desenvolvimentos da coisa, mas cheira-me que estamos perante mais uma coisa semelhante à da pneumonia atípica que, em 2003 ia matando milhões de pessoas em todo o mundo. E quem já não se lembra dessa epidemia brutal, pode clicar aqui, por exemplo.

Mistérios portugueses

Primeiro: a crise está aí. Ataca em todas as frentes. Os comerciantes, por exemplo, queixam-se. Muito.

O Expresso diz que, durante 2008 fecharam, pelo menos, 11 mil estabelecimentos comerciais. E o negócio vai mal. Muito mal. Apesar do Natal.

Então, pergunto: para onde foram os 4,3 milhões de euros que os portugueses movimentaram com os seus cartões multibanco, entre 1 e 25 de Dezembro?

Segundo: a Direcção-Geral da Saúde diz que, na passada quarta-feira, foram registadas 20.863 consultas de urgência, das quais 11.899 nos centros de saúde e 8.964 nos hospitais. No dia 1 de Janeiro, esse número aumentou para 22.761 (11.063 nos hospitais e 11.698 nos centros de saúde).

E eu pergunto: o que tem isto a ver com a “epidemia” de gripe?

Será que todos os doentes que recorrem as urgências têm gripe?

E por que razão, no centro de saúde onde trabalho, o número de consultas diminuiu consideravelmente nos ultimos dias?

Será que os nossos utentes são menos doentes do que os de outras regiões do país?

A crise e a gripe – eis mais dois grandes mistérios portugueses…

Aldragripe

Não é meu hábito comentar assuntos relacionados com a minha área profissional.

Penso que estou demasiado envolvido para ter uma opinião isenta.

Mas esta história do surto da gripe, merece algumas palavras e muita reflexão.

Ontem, prolonguei o meu horário. Estive no Centro de Saúde das 8 da manhã às 22 horas. Fiz as minhas consultas programadas até às 16 horas e, depois, fiz a consulta aberta a todos os utentes que solicitam consulta no próprio dia, pertençam, ou não, à minha lista de utentes. Esta consulta – direccionada para os utentes que não puderam ser consultados pelo seu médico de família ou para situações agudas que surgem em horário post-laboral, funciona das 16 às 20 horas, com dois médicos.

No dia 16 de Dezembro – ainda a gripe não existia… – eu a e a minha colega Emília, atendemos 82 pessoas, nesse período de 4 horas.

Ontem, por determinação superior, prolongámos o horário até às 22 horas, devido ao surto de gripe.

Consultámos 56 utentes. Nenhum, entre as 20 e as 22 horas!

Dois médicos, duas enfermeiras, uma administrativa e um segurança, cobraram mais 2 horas extraordinárias ao SNS para satisfazer as paranóias dos jornalistas, que inventaram uma epidemia de gripe.

Dizia-me, ontem um dos doentes que consultei: “É pá! Isto hoje ainda está melhor do que é costume! O doutor chamou-me tão depressa que nem tive tempo para me sentar! Gripe?! Os gajos querem é vender as vacinas que ainda estão em stock! Dizem que ainda há 96 mil vacinas nas farmácias – deviam eram dá-las àquele tipo com risco ao meio, da Direcção-Geral. Todas!”

Quanto a mim, enquanto bocejava à espera dos doentes que nunca apareceram, pensei por que razão os jornalistas foram, a correr, ao Amadora-Sintra, na sexta-feira passada, para filmar a sala de espera cheia de doentes e nenhum apareceu ontem, no meu Centro de Saúde, para filmar a sala cheia… de moscas…