Não nos livramos do Gaspar!

Lembram-se do Vitor Gaspar?

Para quem está distraído, sempre se esclarece que Vitor Gaspar foi o ministro das Finanças que liderou toda esta política de austeridade e que, dois anos depois se demitiu, escrevendo uma carta em que, no fundo, dizia que toda essa política estava errada.

Retirou-se discretamente, manteve-se afastado da ribalta e conseguiu, em pouco tempo, que a malta se esquecesse dele.

Agora, surge a notícia de que o Banco de Portugal o vai contratar para liderar uma comissão que vai pensar os desafios e a futura missão do departamento de estudos económicos e traçar o perfil que deve ter o economista-chefe que irá analisar e aconselhar em matéria de política monetária.

Segundo o DN, o Banco de Portugal lançou um concurso para escolher o chefe do tal departamento de estudos mas não encontrou ninguém à altura.

Como é possível?!

Tantos economistas que temos, tão infalíveis e competentes e nenhum estava à altura?

Nem o Medina Carreira, que sabe tudo o que foi feito de errado por TODOS os ministros das Finanças, nem o César das Neves, que tem ideias tão definitivas sobre TUDO?

Foi preciso irem buscar o Gaspar?

Estamos lixados!

Chapéus há muitos? Palerma!

Chapéus há muitos, seu palerma?

Nem sempre.

O ex-piloto de fórmula 1, Michael Schumacher, assinou um contrato de patrocínio com um banco alemão.

Schumacher compromete-se a usar sempre um chapéu com o logotipo do banco e, em troca, recebe 21 milhões de euros nos próximos sete anos.

Chapéus como este, não há muitos… e palerma, sou eu…

Mistérios da actualidade

Passos Coelho apregoou, durante a campanha eleitoral, que não iria fazer como os anteriores governantes e que não iríamos assistir às nomeações para cargos públicos dos amigos do Partido.

Viu-se nos casos da Caixa Geral de Depósitos e da EDP e viu-se, mais uma vez, nas Águas de Portugal. O Governo acabou de nomear para a administração das Águas, Manuel Frexes, actual presidente da Câmara do Fundão, pelo PSD e Álvaro Castelo-Branco, vice-presidente da Câmara do Porto, pelo CDS.

Entretanto, o Banco de Portugal contradiz o Gaspar das Finanças, dizendo que vão ser precisas mais medidas de austeridade.

O mesmo Banco de Portugal decidiu manter os subsídios de férias e de Natal dos seus funcionários, bem como dos seus reformados, entre os quais se conta Cavaco Silva.

Finalmente, Eduardo Catroga, o tal que elaborou o programa do actual Governo e que está reformado, recebendo uma pensão de 9600 euros mensais, foi nomeado presidente do Conselho de Supervisão da EDP, com o salário de 45 mil euros por mês.

Peço desculpa mas, nisto tudo, há alguma coisa que me escapa.

Luis Filipe Vieira a ministro!

O BPN já nos custou 2,4 mil milhões de euros.

Foi agora vendido ao BIC por 40 milhões, apesar de haver outra proposta que oferecia 100 milhões.

Luis Filipe Vieira comprou o guarda-redes Roberto por 8,5 milhões de euros ao Saragoça.

Depois de um ano de péssima exibições, o mesmo jogador foi vendido ao mesmo Saragoça, por mais 100 mil euros.

Conclusão: Luis Filipe Vieira devia ser nomeado ministro da Economia!

Não sai nenhum – entram três!

Vitor Gastar, perdão, Gaspar, o novo ministro das Finanças, o tal das camisas um número acima e do ar de ave de rapina assustada, diz que está orgulhoso da escolha.

Cumprindo a promessa de cortar na despesa, o novo governo decidiu nomear mais três administradores para a Caixa Geral de Depósitos, sem despedir nenhum.

Isto é, em vez de utilizar a regra “por cada três funcionários que saiam, só entra um”, optou pela original regra “entram três e não sai nenhum”.

Contraditório?

Não, porque são três excelentes administradores.

A saber:

José Matos, do Banco de Portugal, António Nogueira Leite, do PSD (que muito criticou o governo de Sócrates e se chegou à frente nos últimos meses; não lhe deram um ministério, deram-lhe um lugarzinho na CGD) e Pedro Rebelo de Sousa, irmão de Marcello Rebelo de Sousa, advogado e irmão de Marcelo Rebelo de Sousa (deve ser do PSD, além de ser irmão de Marcelo Rebelo de Sousa).

Ó Gaspar! Que orgulho!

 

Os stress dos testes de stress

Estes últimos tempos deram-nos a conhecer coisas que desconhecíamos: dívida soberana, agências de rating e testes de stress.

Esta última entidade é a mais obscura.

Conhecia o stress dos testes.

Nunca tinha ouvido falar nos testes de stress.

E os bancos portugueses foram submetidos aos tais testes de stress e passaram.

Claro que senti curiosidade em conhecer um desses testes de stress e fui consultar este site.

Para facilitar o eventual leitor, transcrevo o teste nº 5.

 

TESTE DE STRESS Nº 5

Responda às seguintes perguntas com a máxima honestidade. Não é permitido copiar.

1. Escreva o nome do seu banco em maiúsculas e a respectiva  sigla (Repetimos: não é permitido copiar).

2. Na sua opinião, qual dos seguintes economistas é o melhor:

A – Keynes   B – O Álvaro     C – Medina Carreira    D – Cavaco Silva

3. E qual é o segundo melhor?

4. O que é uma agência de rating?

A – Um clube desportivo  B – Uma agência de espectáculos   C – Uma agência de meninas

5. Como se desvaloriza o euro?

A- Diz-se que é igual ao litro   B – Diz-se que é igual ao peso   C – Diz-se que é igual ao dólar

6. Quem é o culpado da crise das dívidas soberanas da Grécia e da Irlanda?

A – Sócrates   B – Sócrates    C – Sócrates  D – Todas as anteriores

7. Como se pode renegociar a dívida?

A – Com diplomacia    B – Com cuidado   C – À porrada    D – A+C

8. É fácil assaltar o seu Banco?

A – Sim   B – Não  C – Não sabe/Não responde

9. Como se pode emagrecer o Estado?

A – Com diuréticos   B – Com chá verde   C – Com laxantes   D – Com todas as anteriores

10. Se Portugal sair do euro, a que organismo deveria aderir?

A – À Organização das Nações Africanas  B – Á Mercossul   C – Ao SLB

 

Teste fácil.

Não admira que todos os Bancos tenham passado…

Alvor lixa Vila Velha de Ródão

Sou do tempo em que havia jornais da manhã e jornais da tarde. De manhã, saía o Comércio do Porto, o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, o República e o Século. À tarde, saíam o Diário de Lisboa, A Capital e o Diário Popular.

Isto era no tempo da Outra Senhora, em que havia ardinas (alguém se lembra deles?).

Tinham um saco de pano a tiracolo, onde transportavam quilos de jornais. E havia pessoas que faziam assinatura de jornais! Os ardinas passavam, cá em baixo, na rua, dobravam o jornal e atiravam-no com destreza, para a varanda do terceiro andar. Nunca falhavam.

E apregoavam os jornais.

Diz-se – que eu nunca ouvi – que chegavam a apregoar, nas ruas da Baixa, “Lisboa, Capital, República, Popular”, só para chatear os salazaristas.

Usando os títulos dos jornais mais vendidos, iam dizendo que Lisboa era a capital de uma República Popular.

Também sou do tempo do Banco Fonsecas e Burnay que, em maio de 1980, resolveu abrir mais três agências: em Alvor, em Lixa e em Vila Velha de Ródão.

Tal como os ardinas faziam com os títulos dos jornais, também o Banco, com os nomes das terras fez com que Alvor lixasse Vila Velha de Ródão…


Dias Alzheimer Loureiro

A assinatura de Dias Loureiro aparece em diversos documentos da Sociedade Lusa de Negócios, apesar do ex-ministro de Cavaco e actual conselheiro de Estado ter dito que não tinha nada a ver com aquilo.

Confrontado, Dias Alzheimer Loureiro diz que “passaram 8 anos sobre os factos relatados, o que o pode levar a ter lapsos de memória”.

Compreendi-te…

E tenho pena.

Se quiseres, dou-te o nome de uns comprimidos que são bons para isso, embora a coisa seja irreversível, pá…

O meio tio de Sócrates e os cadilhes de Constâncio

A comunicação social anda, novamente, muito entusiasmada com o “caso Freeport”.

Agora, descobriram que um tal Júlio Monteiro, meio irmão da mãe de Sócrates, poderá ter servido como intermediário, entre a empresa inglesa, dona do outlet, e um ministro do governo de Guterres. Untando as mãos desse ministro com 4 milhões de euros, ele teria dado um jeito, no sentido do projecto ser aprovado, o que veio a acontecer, três dias antes de Guterres deixar o pântano.

Ora, sabendo que o ministro responsável pelo estudo de impacto ambiental era José Sócrates, depreende-se que os 4 milhões foram parar aos seus bolsos, o que explica as gravatas giras.

No entanto, se o Júlio Monteiro é meio irmão da mãe de Sócrates, isto significa que é apenas meio tio do primeiro-ministro – logo, só lhe deve ter dado 2 milhões.

Resta saber onde páram os outros 2 milhões.

Aliás, a malta está a especializar-se em fazer desaparecer milhões. Cada dia que passa, descobre-se que desapareceram mais alguns milhões, e nisso, o BPN é perito.

Ora, segundo a teoria de Cadilhe, a culpa não é de quem rouba os milhões, mas de quem tinha obrigação de montar guarda e não deixar que os milhões fossem roubados.

Constâncio foi ao rubro e só não teve um AVC por causa da recessão, que tem mantido tudo em baixo, mesmo a tensão arterial.

Tem alguma graça ver os banqueiros quererem ser independentes, abominarem o Estado e revoltarem-se contra qualquer intromissão na sua actividade e, depois, quando alguma coisa corre mal, irem todos a correr pedir ajuda e gritarem que a culpa é do Banco de Portugal.

Filhos ingratos!

Mas Constâncio devia saber que quem tem filhos, tem cadilhes…

Recessão – primeiros sinais

Quando acordei, esta manhã, o país já estava em recessão.

Dei por isso porque acordei mal disposto, o café tinha pouco açúcar e a torrada queimou-se.

Na rua, só me cruzei com transeuntes mal encarados e os automobilistas iam todos de trombas e devagarinho, para poupar combustível.

Numa esquina, parece que vi a economia a encolher-se, mas podia ser uma cadela a fugir. Só a vi de relance.

No trabalho, toda a gente me respondeu mal e eu respondi mal a toda a gente e só não andei à pancada porque me faltou a energia alternativa.

Quando cheguei a casa, calcei só um chinelo, para poupar e sentei-me a ler o jornal.

Logo na primeira página: “Portugal está disposto a acolher presos da base de Guantánamo”.

Bonito gesto.

Mas será que os presos estarão na disposição de vir viver para um país em recessão? Não preferirão as economias florescentes do Iémen, do Afeganistão ou do Mali?

Logo ao lado, outra notícia da recessão: “Falências sobem 50% no distrito de Braga: este ano, até ao final do mês de Setembro, faliram 440 empresas do distrito de Braga”.

Onde é que Braga tinha tantas empresas? Passei por lá em Outubro e juro que não me apercebi disso.

Mais acima, uma notícia alegre: Manuel de Oliveira completa 100 anos.

Confesso que nunca vi nenhum filme do Manuel de Oliveira, mas há que elogiar o homem. Com 100 anos e ainda teima em trabalhar. É por causa de homens como ele que a idade da reforma cada vez é mais tardia…

Mais um pensamento triste…

Lá mais para o fim do jornal, uma notícia engraçada: o PSD considera que Sócrates “vai ficar na História como o primeiro-ministro do governo que levou o país à recessão”.

Afinal não foi o sub-prime, nem o crédito imobiliários dos yankees, nem os bancos mal comportados. Foi o Sócrates. Embora malhar no homem!

Às vezes era o que apetecia: uma boa sova, uma tareia, uma trepa, assim como está a acontecer agora em Atenas. Qual manifestações ordeiras avenida abaixo: porrada e mau viver, cocktails molotov, gás pimenta, gás mostarda, gás ketchup, tudo ao molho!

Olha, um bom exemplo é o do Vitor Constâncio, que já disse que não se importava que lhe baixassem o salário.

Sonso!

Eu não me importava era que me aumentassem o salário. Se todos ganhássemos mais, acabava-se a recessão.

Por isso é que o meu herói se chama Mugabe, o gajo que lançou, agora, uma nota que vale 200 milhões de dólares zimbabweanos.

Digam lá se não gostavam de ser pagos com notas de 200 milhões…