25 de Abril, sempre!

São apenas números?

1. Partos em casa em 1974 – 66%; em 2012 – 0,7%

2. Percentagem de mulheres no total de doutoramentos em 1974 – 12,6%; em 2013 – 54,1%

3. Estudantes do ensino superior em 1970 – 49 375; em 2011 – 1 244 742

4. Alunos no ensino secundário em 1970 – 43 653; em 2013 – 411 238

5. Taxa de analfabetismo em 1970 – 25,7%; em 2011 – 5,2%

6. Mulheres no mercado de trabalho em 1974 – 1 540 500; em 2013 – 2 565 100

7. Habitações com água canalizada em 1970 – 50,4%; em 2011 – 73,2%

8. Esperança média de vida em 1974 – 68,2 anos; em 2011 – 79,8

9. Taxa de mortalidade infantil em 1970 – 37,9 crianças morriam por cada mil que nasciam; em 2013 – 3,4

E ainda acham que isto está muito pior?…

25 de Abril sempre!

* «Esse homem extraordinário que é o Presidente Marcello Caetano, sempre presente no coração e na alma de todos os portugueses que compreendem o esforço gigantesco desenvolvido pelo Chefe do Governo a favor da elevação social do povo português e do engrandecimento de Portugal»

– Afonso Marchueta, governador civil de Lisboa, 27 agosto 1973

* «No campo social também há a reacção, como no campo fisiológico; se é justo reagir contra e febre e a doença, porque não reagiremos contra a revolução e todas as moléstias do corpo social? Com justiça, pois, nós somos, nossos princípios são, reaccionários»

– José Pequito Rebelo, jornal “O Debate”, janeiro 1972

* «Na hora presente em que Goa criada por Albuquerque vive num cativeiro, sob o peso da abominável tirania indiana, exclamemos com aquele veterano de longas barbas, coberto de cicatrizes, batendo no túmulo com o seu bordão: “Levanta-te, capitão, que se perde o que ganhaste!”»

– Editorial do jornal “Heraldo”, janeiro 1972

* «Esta triste realidade significa que o ofício de governar se está a tornar cada vez mais difícil e árduo, exigindo, além de inteligência, de tacto, de sabedoria e de persistência, sobretudo de muita e inflexível firmeza contra a degradação, a indisciplina, os desmandos e os acto de puro banditismo. (…) Trabalhar no sentido de pôr termo ao retrocesso moral, veneno subtil que está provocando a poluição das almas, para mim a mais grave e perigosa poluição dos tempos actuais».

– Amério Thomaz, presidente da República, janeiro 1973

25 de Abril sempre!

* 25/111973 – «Poderá ser recusada a matrícula ou inscrição aos alunos dos estabelecimentos de ensino dependentes do Ministério da Educação Nacional que, pelo procedimento anterior, sejam justificadamente considerados como prejudiciais à disciplina dos estabelecimentos – estabelece um decreto-lei publicado hoje do Diário do Governo»

* 4/12/1973 – «Como havíamos noticiado, o Instituto Superior Técnico reabriu ontem as suas portas após ter sido encerrado pelo seu director, prof. Sales Luís, por um período de duas semanas. (…) Ainda, e na prossecução do processo em causa, cerca de mais de cem alunos receberão “um primeiro aviso” a fim de “reconsiderarem e passarem a participar na vida do Instituto como reais alunos, num clima de confiança e de respeito mútuo”, como consta ainda da mesma circular».

* 5/12/1973 – «Cerca de trinta alunos do sexto ano da Faculdade de Medicina de Lisboa, aos quais falta apenas uma cadeira para terminarem o curso, foram impossibilitados de frequentar o estágio, por decisão do Conselho Escolar da referida Faculdade».

* 12/12/1973 – «A direcção da Faculdade de Letras de Lisboa suspendeu dez alunos das secções de Filologia Germânica, Filosofia e História. (…) Foram presos dois estudantes do Instituto Superior Técnico que participavam numa reunião geral de alunos a decorrer nas instalações daquele estabelecimento de ensino superior.»

* 8/2/1974 – «Na sequência dos acontecimentos que ali (no ISPA) se têm verificado ultimamente, a direcção daquele estabelecimento de ensino fez sair um comunicado (…). Ontem, os estudantes que ali compareceram (no ISPA) encontraram as portas encerradas e um comunicado no qual se anunciava o encerramento temporário daquele estabelecimento de ensino.

– Recortes do jornal República

O que mudou com o 25 de Abril?

Tudo!

Otelo e as suas duas mulheres

No próximo dia 25 de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho vai lançar uma biografia.

De acordo com a Visão, nessa biografia, Otelo confessa viver com duas mulheres. E elas sabem.

De sexta-feira a domingo, o estratega do 25 de Abril vive com Dina, com quem se casou em 1960.

De segunda a quinta-feira, Otelo vive com Filomena, que conheceu em 1984.

Só assim se percebe por que razão Otelo não tem tempo para fazer outro 25 de Abril.

Vontade não lhe falta…

25 de Abril, sempre!

Para todos aqueles que dizem que isto está cada vez pior.

Esperança de vida antes do 25 de Abril – 68 anos; agora – 78,9 anos.

Médicos por 100 mil habitantes antes do 25 de Abril – 122; agora – 377.

Taxa de alfabetização antes do 25 de Abril – 72.6%; agora – 95%.

Número de alunos no ensino superior antes do 25 de Abril – 57 000; agora – 383 627.

Taxa de inflação antes do 25 de Abril – 25,1%; agora – 1,3%.

Mortalidade infantil antes do 25 de Abril – 37,9 crianças por mil nascimentos; agora – 3,6.

Isto chega e sobra.

Mas ainda há a liberdade…

 

25 de Abril, sempre!

Para que não se repita:

“Se esse acto teve a simpatia da maior parte do país, não teve a minha, pois há muito que eu gostaria de passar à vida privada mas sou de opinião que, em qualquer circunstância, enquanto um português tiver vida e saúde não se deve negar a cumprir a sua missão ao serviço da Pátria” – Américo Tomaz, em novembro de 1972, a propósito de ter sido nomeado para o terceiro mandato consecutivo como presidente da República.

“Percorre-se a Guiné, anda-se pela vastidão angolana, desloca-se quem quer que seja, de lés a lés de Moçambique e não encontra populações revoltadas” – Marcelo Caetano, julho de 1972.

“Nesta terra portuguesa, aqui temos não só compatriotas de Cabo Verde a dizerem e a testemunharem a sua devoção à Pátria, agarrados à bandeira de Portugal, como ainda antigos combatentes orgulhosos da mesma Pátria comum a jovens prontos a partir para o combate, sob o olhar enternecido, é certo, das mães, esposas e noivas, com o coração a sangrar de saudade, mas todas altivas e orgulhosas dos seus filhos, maridos e noivos que lá vão servir e lutar pela Pátria querida, por Portugal eterno” – Dr. Serafim Silveira Júnior, na manifestação municipal, organizada em Almada em 18 de julho de 1972.

“Lusíadas são os nossos filhos que hoje se cobrem de glória nas terras quentes e morenas de Portugal africano, terras que são carne da nossa carne, sangue do nosso sangue. Lusíadas são Américo Tomaz e Marcelo Caetano, que continuam, no presente, a obra dos Lusíadas do passado” – Afonso Marchueta, agosto 1972.

Citações sacadas de recortes do jornal República, da coluna diária “Ponto Crítico”, da autoria do Álvaro Guerra.