Crato contra os gordos!

Um título do DN deixou-me, hoje, perplexo:

“Nuno Crato quer pôr alunos a ir para a escola de bicicleta”

Logo à partida, perguntei: porquê?!

Que mal fizeram os putos ao ministro da Educação para que ele se lembre, agora, de uma tortura destas?

E não é preciso ir para as escolas da Serra da Estrela – basta convidar o ministro a ir, de bicicleta, para a António da Costa ou para a Anselmo de Andrade, aqui em Almada…

Sempre gostava de ver o ministro a pedalar, com o cu levantado, a subir a avenida 25 de Abril, depois a Afonso Henriques e depois a Nuno Álvares, ou a Bento Gonçalves.

Quando chegasse às escolas, teria que chamar o INEM!

Mas esta ideia de fazer os putos irem de bicla para a escola faz parte de um plano mais vasto.

Esse plano tem um nome e uma sigla, como não podia deixar de ser.

Trata-se da Estratégia Nacional para a Promoção da Actividade Física, da Saúde e do Bem-Estar, que é como quem diz, ENPAF – e não estou a gozar…

O documento que serve de base a esta coisa foi elaborado pela Direcção Geral da Saúde e pretende, nomeadamente, diminuir o risco de doenças como a obesidade. Como? «Uma das possíveis soluções será o desenvolvimento de programas educativos visando recreios mais ativos e a eventual preparação de professores para a lecionação em salas de aulas ativas».

Trocando por miúdos: pôr os professores a correr atrás dos alunos e vice-versa! Já estou a ver o Mário Nogueira a preparar manifs contra esta medida porque os professores, coitados, têm artroses, e fibromialgias e enxaquecas e não podem ser muito ativos com os alunos porque se lhes agravam as dores…

Mas o texto que serve de base à ENPAF consegue ser ainda mais inventivo, criando eufemismos inacreditáveis.

Tomem lá este naco: «promoção de deslocações ativas para os locais de ensino em segurança, criando condições para guardar os meios de deslocação».

Por favor, leiam com atenção a frase que acabei de citar…

Por outras palavras: fazer com os sacanas dos putos vão de bicla para a escola e fazer com que a escola tenha um sítio para guardar as biclas!

No texto da DGS, “meios de deslocação” quer dizer “bicicletas”, tal como nas notícias sobre incêndios, “meios aéreos” quer dizer “aviões ou helicópteros” (helicópteros agora, não, porque os Kamov estão todos avariados!)

O DN decidiu contactar o Ministério da Educação sobre esta notícia.

E fez bem, porque quem tem putos em idade escolar deve ter ficado à rasca, a pensar que, agora, além dos livros e dos cadernos e dos lápis e da mochila, também tinha que ir comprar uma bicicleta.

Lá do ministério responderam que apoiam «projetos-piloto, de pequena escala, promovidos por escolas que pretendam reduzir o sedentarismo dos alunos. São exemplos, iniciativas de escolas que visam a utilização de bicicletas para as deslocações casa-escola e a utilização de mobiliário que estimule a atividade e previna más atitudes posturais».

Isto quer dizer, provavelmente. que as escolas, além dos cheque-dentistas, vão começar a distribuir cheques-bicicleta e que, nas salas de aulas, em vez das imóveis e desconfortáveis carteiras, os alunos passarão a ter plintos e bolas de pilates.

Quantos ao tempo passado nos recreios, a ENPAF prevê “pôr as crianças e os jovens a ter mais actividade física, para diminuir o impacto do número de horas que os alunos passam sentados nas salas de aula”, recorrendo, por exemplo, a “jogos tradicionais”.

Já estou a ver os putos, nos recreios, a serem obrigados a jogarem jogos tão estimulantes e divertidos como a barra do lenço, os cinco cantinhos e o mamã dá licença!

Que divertido vai ser!

E depois de aulas dadas por professores elegantes e em forma, em salas de aula transformadas em verdadeiros ginásios, e de recreios activos, com os putos a jogarem chinquilho e à apanhada, passaremos a ter miúdos cada vez mais elegantes a chumbarem a matemática e a português.

Obrigado Crato!

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