Teorias da transpiração

Primeira: está provado que a prisão de Sócrates foi planeada para ofuscar o escândalo dos vistos Gold.

Segundo Luís Lima, presidente da associação das mediadoras imobiliárias: «falou-se muito do caso (vistos Gold) a nível internacional e pensei que ia retrair o investimento, mas continuam a fazer-se negócios como antes. Penso que os acontecimentos que se seguiram, ou seja, a detenção de Sócrates e depois as buscas no Novo Banco, por causa do BES, atenuaram o impacto que se previa” (hoje, no Diário de Notícias).

Por outras palavras, Paulo Portas, temendo que o seu querido projecto dos vistos Gold fosse por água abaixo, autorizou a prisão de Sócrates, desviando, assim, as atenções para Évora.

Segunda: A ideia inicial do juiz Carlos Alexandre era determinar a prisão domiciliária de Sócrates. No entanto, as administrações dos vários jornais tinham acabado de investir uns milhares de euros em câmaras de filmar daquelas que os tipos do National Geographic usam, e que são activadas pelo movimento.

Portanto, o juiz pespegou com Sócrates no estabelecimento prisional de Évora, para que os órgãos de comunicação social pudessem testar as referidas câmaras. Como se tem visto, os jornalistas estão calmamente sentados no café em frente, a comer croissants e a beber minis e, sempre que um socialista se aproxima da prisão, as câmaras começam a filmar e os jornalistas correm para lá, de microfone em punho.

Terceira: O motorista de Sócrates é mudo.

Segundo o Expresso de hoje: «João Perna, o motorista de José Sócrates, nunca teve consciência de que andava a fazer entregas de dinheiro ao ex-primeiro ministro. Foi isso, pelo menos, que disse quando foi confrontado pelo procurador Rosário Teixeira e pelo juiz de instrução Carlos Alexandre.»

Por outro lado, segundo o Público, também de hoje: «O motorista de José Sócrates, um dos detidos da Operação Marquês, não prestou qualquer esclarecimento ao juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal Carlos Alexandre sobre o seu alegado envolvimento no processo».

Ora, como ambos os jornais têm que falar verdade, uma vez que os órgãos de comunicação social nunca mentem, chegamos à conclusão que, mantendo-se em silêncio, João Perna  utilizou a linguagem gestual para explicar a Carlos Alexandre que não sabia que andava a transportar dinheiro para Sócrates.

Logo, Perna é mudo!

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